Brasil é o país onde as mulheres mais são criticadas por amamentar em público, diz pesquisa
Realizado com mães de 10 países, estudo avaliou as diferentes experiências de amamentação e mostrou de que forma o aleitamento materno varia em todo o mundo. Confira os resultados!
Não há dúvidas de que o leite materno é o melhor alimento que as mães podem oferecer aos seus filhos, em razão de todos os benefícios que ele proporciona para a saúde do pequeno, como prevenir infecções e diarreia, reduzir o risco de obesidade e garantir um desenvolvimento saudável. Tanto que amamentar é a melhor forma de nutrir um bebê para 98% das brasileiras entrevistadas em uma pesquisa global sobre aleitamento, realizada pela Lansinoh Laboratórios entre os meses de abril e maio de 2015. O estudo apontou outro resultado positivo: dar de mamar em público é perfeitamente natural para 64% das mães e gestantes do nosso país – enquanto 16,2% consideram isso constrangedor e apenas 1,7% acham que é algo errado.
Apesar dessas estatísticas, ainda há quem enxergue essa atitude com maus olhos, pois 47,5% das brasileiras relataram que já sofreram preconceito por amamentar em público, colocando o Brasil no topo entre os países que mais censuram a mulher durante esse momento que estreita o vínculo entre entre mãe e filho – a média global é de apenas 18,1%. Também fizeram parte da pesquisa França, Alemanha, Colômbia, México, Turquia, Canadá, Estados Unidos, Reino Unido e China – lugar em que as mamães menos são criticadas por alimentar seus bebês na frente de outras pessoas, com 9,7% das entrevistadas, mas também o país em que apenas 19% vêem esse ato como algo natural e onde 38,3% das mulheres nunca deram de mamar aos seus filhos publicamente.
No total, foram ouvidas 13.348 mulheres com idade entre 18 e 45 anos, que estavam grávidas no momento ou que possuíam pelo menos um filho de até dois anos de idade. E a polêmica sobre esta questão ainda é tão grande que a amamentação em público também foi apontada como um dos grandes desafios com os quais as mães se deparam durante a fase da lactação. Os locais mais difíceis que as entrevistadas já tiveram que alimentar seus bebês incluem: viagens de ônibus, carro, avião ou trem (30,6% na média global; 28,3% no Brasil); ao fazer compras no mercado ou no shopping (26,8% na média global; 23,8% no Brasil); e em restaurantes ou cafés (4,8% na média global; 9,1% no Brasil).
Em São Paulo, as mães já conquistaram o direito de amamentar onde quiserem sem serem incomodadas por isso. Depois que uma mulher foi impedida de dar de mamar no Sesc Belezinho, outras mães organizaram um “mamaço” como forma de protesto. Isso resultou no projeto de lei 16.161, criado pelos vereadores Aurélio Nomura (PSDB), Patrícia Bezerra (PSDB) e Edir Sales (PSB) e sancionado pelo prefeito Fernando Haddad (PT) em abril de 2015. A lei prevê multa para estabelecimentos que proíbam o aleitamento materno.
De acordo como estudo, a amamentação prolongada é outro tema que não escapa das críticas e olhares de reprovação – muitas vezes provenientes de outras mães -, mesmo com a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de manter o leite materno como forma de complementar a alimentação da criança até os dois anos ou mais. Em oito dos 10 países pesquisados, a maioria das entrevistadas afirmou que se visse uma mulher amamentando uma criança de dois anos em público pensaria que o bebê é muito grande e que essa mãe deveria parar de amamentar imediatamente – no Brasil, este número é de 21%. Curiosamente, 48% das brasileiras afirmaram que todas deveriam tentar dar de mamar tanto quanto essa mãe e 29% acreditam que essa mulher é um grande exemplo, mas que, para elas, dois anos seria tempo demais.
Para tentar quebrar esse tabu, muitas mães famosas já manifestaram seu apoio à amamentação, compartilhando fotos desse momento íntimo com seus filhos nas redes sociais. Mas será que ver uma imagem de uma celebridade amamentando serve de incentivo e faz com que as mulheres se sintam mais confiantes em oferecer o peito para os seus pequenos? No Brasil e na China a resposta é “sim”, com respectivamente 76,2% e 87,4% de entrevistadas dizendo que se sentiriam mais confortáveis para dar de mamar se mais famosas fossem vistas alimentando seus filhos. Entre os 10 países que participaram do estudo, Shakira e Kate Middleton foram apontadas como as “celebridades mães” mais admiradas e respeitadas. No Brasil, os principais nomes citados foram os da apresentadora Ana Hickmann e da atriz Angelina Jolie. Em contrapartida, a maioria das mulheres na Colômbia, França, Alemanha e Estados Unidos indicaram que não se sentiriam influenciadas ao ver famosas amamentando.
E você? Já se sentiu coagida ao amamentar em público? Conte nos comentários!