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Você sabe o que é vaginismo e como ele atrapalha a saúde feminina?

A disfunção sexual feminina pode, inclusive, afetar mulheres no puerpério e aquelas que já têm a vida sexual ativa.

Por Isabelle Aradzenka
Atualizado em 27 Maio 2022, 19h14 - Publicado em 27 Maio 2022, 17h59

Até que enfim, podemos dizer que a normalização da dor durante a relação sexual já não é mais bem-vinda no diálogo sobre sexualidade feminina. Ao contrário do que muitas mulheres cresceram ouvindo, hoje sabemos que o desconforto no ato de intimidade pode estar associado a uma disfunção com diagnóstico, tratamento e nome já conhecidos: o vaginismo.

O vaginismo é uma contração involuntária dos músculos que ficam próximos ao canal vaginal, dificultando uma penetração. Seja ela na hora de uma relação sexual ou mesmo para a realização de um exame ginecológico”, explica Débora Pádua, fisioterapeuta pélvica especializada em vaginismo.

Considerada como uma disfunção sexual feminina, a mulher que apresenta a condição acaba sofrendo com dores (ou simplesmente uma contração involuntária da vagina) durante qualquer tentativa de penetração. “Algumas pacientes, inclusive, sentem como se o seu canal vaginal não existisse e não houvesse espaço para introduzir algo dentro”, revela a fisioterapeuta.

Mulher triste sentada na cama
(spukkato/Thinkstock/Getty Images)

O que leva às contrações involuntárias?

Em primeiro lugar, não há como generalizarmos a disfunção. A especialista diz que as causas são complexas, podendo ser fruto de experiências envolvendo abuso sexual, comportamento psicológico controlador e, por fim, alterações anatômicas do próprio canal vaginal.

Somado a isso, é importante considerarmos que a paciente também pode ser afetada por algum tipo de memória de dor passada. “Às vezes, depois de experienciar uma aflição muito grande – como um exame ginecológico traumático (com um profissional que não é tão cuidadoso) ou nas primeiras relações sexuais com penetração -, essa mulher acaba registrando ali uma memória de dor”, completa Débora.

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Dentro disso, há também os casos chamados de vaginismo secundário. Eles ocorrem geralmente após algum episódio de dor (como infecções ou inflamações do local), em que a mulher continua a reproduzir as memórias do desconforto sentido e provocando novos incidentes de agonia. “Qualquer mulher, em qualquer idade e mesmo com a vida sexual já ativa, pode desenvolver o vaginismo”, completa a fisioterapeuta.

Mulher com teste de gravidez em uma mão. A outra mão está cruzando os dedos, como forma de torcida. Ela veste um pijama rosa de alcinhas.
(Thinkstock/Getty Images)

Pode atrapalhar as chances de gestação…

Além de atrapalhar a vida íntima da mulher, a disfunção sexual pode interferir no cuidado da própria saúde ginecológica e nos planos de aumentar a família, caso seja um desejo da paciente.

“Na maioria das vezes, a frequência sexual da mulher com vaginismo acaba se tornando muito menor quando os episódios de dor são frequentes”, explica Débora. Assim, além de dificultar as chances de gravidez, a disfunção pode, acima de tudo, impedir a realização de exames preventivos.

Desvendando mitos: A importância e segurança do sexo durante a gravidez
(PeopleImages/Getty Images)

Vaginismo no pós-parto?

Já sabemos que o pós-parto é conhecido como uma fase de intensas alterações hormonais. Pois bem, é nesse mesmo momento que o vaginismo pode se tornar uma realidade mesmo para mulheres que tinham a vida sexual saudável anteriormente.

“Seja após o parto vaginal ou cesariana, no puerpério há uma fase de queda hormonal. Assim, essa mulher vai ter relações sexuais com menos lubrificação e, às vezes, menos desejo, gerando mais atrito no canal vaginal”, completa a fisioterapeuta. Sendo assim, se houver a repetição de contato sexual dolorido nesse período, a mulher pode acabar desenvolvendo a disfunção e passar a ter estímulos de dor futuramente.

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Anatomia-do-orgão-sexual-feminino
(Daria Bayandina/Getty Images)

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico de vaginismo se dá principalmente através da escuta da história da paciente, mas o exame ginecológico também é importante para confirmar a disfunção. “Depois de entender o histórico de cada mulher, passamos para analisar qual a reação da paciente ao ser tocada e se ela provoca alguma contração que impede a investigação, a fim de fechar o diagnóstico ou não de vaginismo”, explica Débora.

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A dica da especialista é que a paciente observe se tenta ter a relação sexual há mais de seis meses com o seu parceiro ou parceira. Nesse tempo, pode visitar um ginecologista para ter um diagnóstico e fazer um acompanhamento psicológico e com o fisioterapeuta pélvico.

“A fisioterapia para o vaginismo começa com o autoconhecimento, para que a mulher identifique todas as partes do seu corpo e em qual momento ela produz contrações. É preciso também haver uma mudança neurológica durante o tratamento: não adianta somente relaxar a musculatura, isso tem que fazer sentido para o cérebro, para que ele entenda que não é mais necessário gerar a contração”, finaliza a especialista.

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