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Uma em cada três famílias adiou a vacinação dos filhos durante a pandemia

A pesquisa ainda revelou que 44% dos pais deixaram de fazer o acompanhamento dos filhos com o pediatra - e o número é maior entre as crianças de 3 a 5 anos.

Por Flávia Antunes
18 fev 2021, 17h15

A pandemia do novo coronavírus fez com que adiássemos muitos planos e atividades que não são essenciais no momento. O problema é que, quando se trata de cuidar da saúde, o pensamento de “deixar para mais tarde” nem sempre funciona – já que check-ups, exames e vacinas podem prevenir outras doenças, por vezes até mais sérias que a covid-19.

Justamente por isso uma pesquisa divulgada recentemente preocupa tanto. Realizado em outubro pelo IBOPE Inteligência, a pedido da Pfzer, o levantamento “Impacto da pandemia nos lares brasileiros: Como as famílias estão lidando com a nova realidade” notificou que 29% dos pais adiaram a vacinação dos filhos após o surgimento da pandemia – o que significa dizer que uma em cada três famílias evitou a imunização dos pequenos neste período.

Desta porcentagem, 9% pretendem atualizar o calendário vacinal das crianças apenas quando o cenário se apaziguar e o adiamento da vacinação tem seus maiores índices nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde chega à média de 40%.

O estudo, que faz parte da campanha #MaisQueUmPalpite, iniciativa da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Pfizer, coletou através de entrevistas on-line o depoimento de mais de 1.000 mães e pais de todas as regiões do país. Com isso, ele também foi capaz de revelar que os atrasos não são exclusivos de uma classe social, ocorrendo nos estratos A, B e C.

E como ficam as idas ao pediatra?

Outro dado importante se refere às consultas de rotina das crianças. Entre as famílias que participaram, 44% deixaram de fazer o acompanhamento dos filhos com pediatra e a porcentagem é maior (50%) entre os pais de crianças de 3 a 5 anos.

Enquanto isso, 15% encontraram a telemedicina como aliada nos últimos meses para não ficar sem o aconselhamento médico – protocolo que vem sendo posto em prática até mesmo nos pronto-socorros infantis -, mas 38% dos pais disseram que o médico não os orientou a respeito do calendário vacinal. Veja como manter a imunização das crianças em dia mesmo com a pandemia.

Mais uma vez, os resultados não são positivos, ainda mais quando pensamos na volta presencial às aulas. Afinal, é na consulta pediátrica que o especialista conseguirá examinar a criança como um todo, incluindo seu grau de nutrição, se está com algum sintoma suspeito e possíveis aspectos comportamentais que dificultem a sua ida à escola. Confira mais cuidados com a saúde do seu filho neste retorno.

O problema é mundial

Embora os dados tenham sido tirados do cenário nacional, a situação não é muito diferente no resto do mundo. O Plano Nacional de Imunização (PNI) brasileiro já sofria quedas nos últimos anos – em 2019, por exemplo, nenhuma das principais vacinas para crianças atingiu a cota ideal – e a regressão foi notada também pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que apontou que no Brasil, Bolívia, Haiti e Venezuela, a cobertura vacinal caiu em pelo menos 14 pontos percentuais desde 2010.

Apesar de ter acontecido um subregistro das informações, visto que houve uma mudança na documentação das doses feitas pelo Ministério da Saúde, outros motivos podem também justificar a baixa adesão aos programas de imunização, como o fato de que várias doenças já foram erradicadas ou estão controladas, o que faz com que muitas famílias não coloquem a vacinação como prioridade.

Além disso, há o problema do desabastecimento de postos de saúde e do crescente movimento antivacina no Brasil, impulsionado pela circulação das fake news, responsáveis por criar cenários equivocados que assustam a população.

Isso sem falar de uma tendência que vem ganhando mais força: a desinformação – como o próprio levantamento identificou. Ao serem questionados se a vacinação contra gripe e doenças pneumocócicas ajudam no diagnóstico da covid-19, por exemplo, 29% das famílias afirmaram não saber e 31% alegaram que a informação é falsa – o que na verdade se confirma, visto que a imunização contra essas condições excluiria elas como suspeitas na hora da consulta médica.

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Ainda neste tópico, 47% dos entrevistados não souberam responder se existem vacinas para prevenir pneumonias causadas por bactérias e 11% classificaram erroneamente a informação como mito.

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