Trombofilia na gravidez: como identificar o risco e se prevenir durante a gestação
Gestantes são mais propensas a sofrer com trombose

A gravidez é um momento de grandes transformações no corpo da mulher, mas, além da expectativa e felicidade, é também um período em que a atenção à saúde deve ser redobrada. Durante o processo, um dos exames que não pode faltar é a prevenção à trombofilia. Isso porque as gestantes são até cinco vezes mais propensas a sofrer com a condição, que pode trazer complicações para a saúde da mãe e do bebê.
O que é a trombofilia?
A trombofilia é um distúrbio na coagulação do sangue. Normalmente, o corpo realiza a coagulação de forma natural para fechar feridas e evitar hemorragias excessivas. No entanto, na trombofilia, há uma tendência à formação excessiva de coágulos, chamados trombos, que podem obstruir vasos sanguíneos. Isso pode gerar complicações, principalmente durante a gestação.
Causas da trombofilia
A trombofilia pode ser hereditária, o que significa que o fator genético desempenha um papel importante na manifestação da doença. No entanto, é importante entender que nem todas as pessoas que possuem esse fator genético desenvolvem a trombofilia. Durante a gestação, o corpo da mulher entra em um estado de hipercoagulabilidade — um aumento natural na formação de coágulos, que visa proteger a mãe de hemorragias pós-parto. Porém, essa condição também pode aumentar o risco de problemas durante a gestação, principalmente em mulheres com trombofilia.
A gravidez e o risco de trombofilia
Embora a gravidez em si não seja a causa da trombofilia, ela contribui para o aumento dos riscos relacionados à doença. Gestantes com trombofilia têm maiores chances de enfrentar complicações como pré-eclâmpsia, aborto, parto prematuro, restrição no crescimento do feto, e até mesmo o desprendimento da placenta. O aumento da formação de coágulos pode bloquear a circulação sanguínea na placenta, afetando o fluxo de oxigênio e nutrientes para o bebê.
Como se prevenir?
A prevenção é o melhor caminho para evitar complicações da trombofilia durante a gestação. O primeiro passo é realizar um acompanhamento médico adequado. Os exames de rastreamento para a trombofilia devem ser feitos o quanto antes, caso o histórico familiar sugira um risco maior. Quanto mais rápido o diagnóstico, mais eficaz será o tratamento.
Se o diagnóstico de trombofilia for confirmado, o tratamento geralmente envolve o uso de anticoagulantes injetáveis, sob orientação médica. Esses medicamentos são essenciais para evitar a formação de trombos durante a gravidez. É fundamental que as gestantes sigam rigorosamente as orientações médicas, já que o uso de anticoagulantes orais não é recomendado na gestação.
Atenção aos sinais
Além do acompanhamento médico, é importante que a gestante esteja atenta a possíveis sinais de complicações. Mulheres com histórico de abortos recorrentes, hipertensão, problemas no crescimento fetal ou descolamento da placenta precisam de monitoramento intensivo, pois esses podem ser sinais de que a trombofilia está interferindo na gestação.
O risco para a mãe e o bebê
Se a trombofilia não for tratada corretamente, tanto a mãe quanto o bebê podem enfrentar problemas graves. O risco é que os coágulos sanguíneos obstruem os vasos sanguíneos, causando danos aos pulmões, coração ou cérebro da mãe, além de bloquear a circulação sanguínea na placenta. Em casos mais graves, a interrupção do fluxo sanguíneo pode levar a complicações sérias para o bebê.
Consultoria: Alberto Guimarães, mestre em ginecologia e obstetrícia pela Unifesp e Morvan Eluf, ginecologista e obstetra