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Rinite alérgica em crianças: como identificar e cuidar?

Entenda de que forma o problema prejudica os pequenos e o que fazer para tratá-lo do jeito certo

Por Da Redação
Atualizado em 5 dez 2023, 15h04 - Publicado em 29 nov 2023, 11h15
Na foto, um menino por volta dos 6 anos, de pele clara, cabelo castanho curto e usando uma camiseta azul está assoando o nariz com um lenço, de olhos bem fechados. Ele segura o lenço com as duas mãos. No plano de fundo, é possível ver árvores desfocadas.
 (Cunaplus_M.Faba/Getty Images)
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Uma a cada cinco crianças convive com um problema chato, que causa sintomas desagradáveis e atrapalha – e muito! – a qualidade de vida: a rinite alérgica. Seu filho faz parte do grupo? Além dos sintomas nasais desagradáveis, a condição afeta as crianças de várias maneiras.

Apesar de potentes, os impactos são, muitas vezes, imperceptíveis para os pais e cuidadores. “A criança com sintomas de rinite pode ter comprometimento na qualidade do sono, dificuldade na concentração durante o dia, irritabilidade e dificuldade escolar”, explica o alergista e imunologista Fausto Yoshio Matsumoto, do Departamento Científico de Rinite da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). A rinite, aponta ele, pode se iniciar nos primeiros anos escolares, ou seja, a criança não tem uma percepção clara do que é a vida sem a doença, já que ela não conhece uma realidade diferente daquela que vive todos os dias. “Ela acredita que está tudo bem porque praticamente ‘nasceu assim’”, relata. 

O que é rinite alérgica?

Trata-se de uma doença crônica que acomete a mucosa nasal e é caracterizada pela presença dos seguintes sintomas: 

– Obstrução nasal
– Espirros
– Coriza
– Coceira no nariz

Quando a rinite é alérgica, esses sintomas são desencadeados pelo contato ou inalação de alguma substância que provoca essa reação de irritação no organismo. “Entre os principais alérgenos que desencadeiam as crises de rinite alérgica no Brasil podemos citar ácaros, epitélios [células] de animais domésticos como cães e gatos, além de barata, fungos e pólen, principalmente na região sul do Brasil”, aponta o especialista.

Ao contrário do que algumas pessoas pensam, o alergista lembra que o leite não é um vilão nessa história. “Até o momento, não há comprovação científica do envolvimento do leite ou de outros alimentos como desencadeantes específicos da rinite alérgica”, afirma. 

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Embora seja menos conhecida, existe também a rinite não alérgica. Os sintomas são idênticos, mas, em vez de ser desencadeada por alérgenos, tem outras causas. É o caso de 40% das pessoas que sofrem de rinite. “Algumas das causas podem ser alterações hormonais, alterações decorrentes de tratamentos locais, como a radioterapia, por exemplo, e infecções”, diz o médico.

No caso das crianças, o mais frequente é que a doença seja causada por infecções. “Um resfriado que causa nariz escorrendo, obstrução e espirros é um exemplo de rinite desencadeada por vírus. É a chamada rinite infecciosa”, aponta ele.

garota assoando o nariz com uma mulher ao lado dela
(skynesher/Getty Images)

Será que é rinite alérgica? Como identificar

Em geral, a rinite é diagnosticada clinicamente, pelos sintomas. Porém, alguns exames podem ser pedidos para ajudar a esclarecer quais alérgenos desencadeiam as crises, facilitando a prevenção e a elaboração da estratégia para controlar os sintomas.

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A doença pode se manifestar em qualquer idade, mas é comum que se torne mais perceptível na fase escolar.  “O papel do pediatra é procurar ativamente pelos sinais de alergia, a fim de ajudar a família a buscar uma solução ou melhora dos sintomas”, explica Matsumoto. “Em casos graves, além dos impactos na qualidade de vida, a criança pode ter diminuição ou perda do olfato, lesões ou traumas do septo nasal por conta da coceira. Além disso, a rinite está frequentemente associada a outras doenças alérgicas, como conjuntivite, asma e dermatite atópica”, ressalta.

Existe tratamento?

Infelizmente, a rinite alérgica não tem cura, mas controle dos sintomas. Segundo o alergista, o tratamento é dividido em três pilares principais:

Tratamento não-medicamentoso: consiste em evitar o contato com os alérgenos que desencadeiam os sintomas. Se a rinite é desencadeada por ácaros, por exemplo, a criança pode usar capas antialérgicas em colchões e travesseiros, evitar cortinas, tapetes, ursos de pelúcia, etc.

Tratamento medicamentoso: quando os sintomas são controlados com o uso de antialérgicos e corticoides, que podem ser orais ou nasais.

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Imunoterapia específica: é uma espécie de “vacina”, que pode ser sublingual, com medicamentos em gotas, usados embaixo da língua, ou subcutânea, injetável. A imunoterapia tem como objetivo aumentar a tolerância da pessoa às substâncias alérgenas. Ela recebe pequenas doses do que causa a alergia para que o corpo “se acostume” e pare de reagir de maneira exagerada a esse contato. “Hoje, nos casos de rinite, há comprovação científica de eficiência na imunoterapia para ácaros e pólens”, diz o médico. O tratamento, porém, requer paciência, e deve ser feito por, pelo menos, 3 anos. 

Além disso, há outros potenciais tratamentos em desenvolvimento pelo mundo. Há novas associações de medicamentos, novas formas de administração de imunoterapia e outros medicamentos, chamados imunobiológicos, que agem especificamente em alguns pontos e são altamente eficazes para o controle dos sintomas. Porém, além de terem custos elevadíssimos, essas opções ainda não foram aprovadas pelas instituições competentes para o uso em casos de rinite alérgica”, aponta o especialista. Vai ser preciso esperar um pouco mais.

bebê de blusa azul coçando o nariz com uma das mãos
(AntonioGuillem/Thinkstock/Getty Images)

Algumas crianças são mais propensas do que outras a ter rinite alérgica?

Sim, existem fatores de risco para o desenvolvimento da doença. Um deles é o risco genético, ou seja, se você tem rinite ou outras alergias, as chances de seu filho também ter são maiores.

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Para Matsumoto, o ambiente em que a criança cresce – desde o útero, viu? – também pode impactar no desenvolvimento de alegrias. “O tipo de parto faz diferença, já que o natural confere maior proteção, o aleitamento materno ou não, a exposição a cigarro e outros poluentes, além de uso precoce de antibióticos são alguns dos pontos que podem influenciar no surgimento não só da rinite, como de outras alergias”, explica. 

Dá para prevenir a rinite alérgica?

A melhor forma de prevenção das crises é evitar o contato com os alérgenos responsáveis pelos sintomas, o que depende de cada criança. As que são alérgicas às células animais, como o gato e cachorro, devem evitar ter esses pets ou ficar perto deles.

Quem tem alergia a ácaros – os casos mais frequentes – deve evitar elementos que juntem pó, usar capas antialérgicas, dispensar ursos de pelúcia, carpetes, tapetes, cortinas e manter a higiene da casa e das roupas.

Antes disso, porém, vale evitar, ainda na gravidez, o contato com a fumaça de cigarro e poluentes, preferir o parto natural e, depois, priorizar o aleitamento materno. Também é importante manter em dia as consultas periódicas com o pediatra, para que ele possa ajudar a identificar o problema precocemente e orientar individualmente a família sobre os melhores tratamentos e cuidados.

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