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Como acabar com piolhos?

Em épocas de crise de pediculose na escola, alguns cuidados devem ser tomados. Saiba como prevenir, que sinais identificar e como cuidar da criança

Por Flávia Antunes
Atualizado em 27 dez 2023, 10h37 - Publicado em 25 out 2019, 11h34

Quando chega um aviso da colégio alertando para a presença de piolhos na turma, bate um desespero. Ai, e agora? O susto é normal e a condição, apesar de aflitiva, é mais comum do que parece. Ninguém está imune aos temidos bichinhos que causam coceira, mas sabemos que crianças em idade escolar acabam sendo o principal foco das infestações. Isso porque elas têm um contato físico maior entre si e costumam compartilhar bonés, escovas, tiaras e outros acessórios.

Em épocas de infestação de pediculose (termo médico para a infestação de seres parasitários que se reproduzem na superfície da pele e dos pelos) alguns cuidados devem ser tomados. A seguir, montamos um pequeno guia com tudo o que você precisa saber sobre esse probleminha tão chato: como prevenir, formas de identificar e o que fazer quando o seu filho for atingido pelos piolhos.

Como identificar a presença de piolhos?

Geralmente, o primeiro passo é observar o comportamento do pequeno, especialmente se ele mexe com frequência na cabeça. “O principal sintoma que as crianças costumam a apresentar é o prurido, que é a coceira, e acaba acontecendo mais no período noturno”, diz a dermatologista Eduarda Porello.

“Geralmente, depois de alguns dias que ela começa, a criança pode aparecer com descamação do couro cabeludo, escoriação – uma feridinha decorrente do próprio ato de coçar – e vermelhidão. A região que costuma ser mais atingida por esses sintomas é a nuca, mas pode também acontecer em outras áreas da cabeça, no pescoço e na parte posterior da orelha”, completa a doutora.

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O problema é que os bichinhos são muito pequenos e, às vezes, nem causam reações na pessoa infectada. “Em alguns casos, não tão raros, a pediculose é totalmente assintomática. Assim, acabamos descobrindo só no exame físico da criança”, conta ela.

Mesmo com a suspeita dos pais ou cuidadores, a avaliação clínica não deve ser deixada de lado. “O diagnóstico acontece a partir do exame físico, da inspeção do couro cabeludo da criança. Na maioria das vezes, visualizamos as lêndeas, que são os ovinhos do piolho. Elas costumam ficar na parte posterior da cabeça e aparecem como bolinhas, nodulações bem pequenas e amareladas grudadas nos fios de cabelo”, explica Eduarda.

É piolho! E agora?

O ideal é notificar os lugares que o pequeno frequenta. “A escola deve ser avisada o quanto antes, assim como locais de outras atividades que a criança participa em grupo (natação, cursos, amigos do prédio…). Porque a pediculose costuma ser uma infestação coletiva e, se apenas um paciente for tratado, pode ocorrer uma reincidência”, conta a especialista.

O tratamento

Na hora de cuidar da criança, alguns procedimentos caseiros fazem toda a diferença. “Para curar, existem os tratamentos medicamentosos e os cuidados gerais, que são condutas que devem ser feitas em casa. É importante lavar bem a cabeça da criança e passar o pente fino diariamente. Essa retirada mecânica dos piolhos e das lêndeas evita a proliferação. Se só usar o medicamento e não colocar em prática essas outras medidas, o tratamento acaba não sendo tão efetivo”, ressalta a médica.

“Para os cuidados caseiros, também recomendamos o uso de uma solução com água morna e vinagre em proporções iguais. Na sequência da aplicação, os pais devem utilizar o pente fino para remover os ovos”, acrescenta ela. A retirada com pente fino em cabelos molhados também é indicada pelo Ministério da Saúde e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia.

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A doutora sinaliza que abrir mão dessas ações não é uma boa opção. “O tratamento é sempre uma combinação. O shampoo mata o parasita vivo e não terá ação sobre a lêndea. Já a solução com vinagre, seguida do pente fino, irá eliminar o ovinho. Por isso, se o pai fizer só a primeira etapa, as lêndeas irão eclodir e perpetuar a infestação”.

imagem fechada no rosto de uma menina que está com o cabelo cheio de espuma. Ela olha para a frente e sorri enquanto faz um bico
(danez/Getty Images)

Porém, enquanto a remoção mecânica é uma medida recomendada para todos, os remédios envolvem algumas restrições. “Os tratamentos medicamentosos vão variar em relação à idade e ao peso da criança. As menores de 5 anos ou de 15 kg, por exemplo, não podem usar o tratamento via oral, mas o shampoo está liberado. Essa loção contém permetrina – uma substância que elimina o parasita – e não pode ser utilizada em crianças muito pequenas, menores de 2 meses”, explica Eduarda.

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E não precisa se espantar com o nome difícil, não. Segundo a dermatologista, “a permetrina é o ativo presente na maioria dos shampoos antipiolhos que encontramos na farmácia. Portanto, ela é bem segura”.

Para os maiorzinhos, com idade acima de 5 anos, mais um passo está incluso no tratamento. “A medicação por via oral, que possui ivermectina, um composto antiparasita, é geralmente recomendada”, diz a doutora.

A prevenção é possível, sim!

A transmissão dos piolhos é via contato direto. Por isso, o ideal é evitar o encontro com outras pessoas infectadas – o que não é uma tarefa fácil, já que “a criança pode não saber que está com piolho ou os pais não avisaram a escola”, afirma a médica.

Outro cuidado a ser tomado é com o compartilhamento de utensílios. “Evitar o uso de presilha, tiara ou pente de pessoas infestadas. Depois de usar acessórios desse tipo, é sempre importante desinfectar com álcool”, diz ela e completa: “Sempre orientamos os pais a manterem os filhos – principalmente as com fios mais longos – de cabelo preso. Principalmente na hora de mandar para escola, festas ou outros lugares com aglomerado de crianças”. A Sociedade Brasileira de Dermatologia, no entanto, acalma os pais que querem correr pro salão: “Raramente é necessário o corte de cabelos de crianças acometidas”. 

Se o alerta foi dado pelos pais de algum amiguinho ou pela escola, não tem como fugir: chegando em casa, dê uma conferida no couro cabeludo do filhote. “Sempre que receber a informação de que tem outra criança no ambiente com pediculose, tem que fazer o exame diário, uma inspeção bem detalhada – quando a criança estiver calma ou dormindo – e olhar tudo”, finaliza a dermatologista.

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