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Grupo de pediatras se une em defesa do retorno das aulas presenciais

Até o momento, médicos defendem que os estudos científicos mostram que as crianças são as menos afetadas pelo coronavírus fisicamente.

Por Alice Arnoldi
23 nov 2020, 18h26

A discussão sobre o retorno das aulas presenciais tem dividido opiniões entre os especialistas, como mostra um documento liberado por um grupo de pediatras de São Paulo. Ao divulgá-lo em suas redes sociais, os profissionais alertam sobre as consequências negativas de atrelar o aumento de casos do coronavírus no país à reabertura das instituições de ensino infantil.

Nas postagens, os pediatras reuniram resultados de estudos científicos sobre o desenvolvimento menos agressivo da infecção respiratória no público infantil. Por exemplo, sustenta-se a justificativa que os menores se infectam de duas a cinco vezes menos do que adultos, e que as complicações são mais raras nesta faixa etária – eles compõem apenas 0, 6% dos óbitos causados pela doença.

Outra defesa levantada por este médicos é que, diferente do que se pontuou no início da pandemia, “as crianças não são super-spreaders (espalhadores)”, completa o documento. Para explicar essa afirmação, pontua-se que a maioria dos pequenos são assintomáticos ou apresentam apenas sintomas leves, levando-os a transmitir a doença em menor grau.

Os dois outros argumentos que também ganham espaço são de que crianças estão em risco mais elevado quando expostas ao vírus da influenza do que do coronavírus, e que os testes de vacinação contra doença estão acontecendo principalmente a partir de adolescentes – exceto os de Oxford e AstraZeneca que estão abrangendo uma faixa etária de cinco a 12 anos.

A defesa pela escola

Com a sequência de descobertas científicas, o documento pontua: “As escolas, seguindo os cuidados indicados, não são locais de infecção maior. A experiência europeia provou enfaticamente isso”.

Ainda com o foco nas medidas de prevenção, assegura-se que a escola é um ambiente propício tanto para crianças quanto para professores e funcionários. E que, até o momento, as comprovações são de que o processo de contaminação tende a ser ao contrário: o pequeno acaba sendo infectado por ter familiares positivos para a doença em vez de levá-la para eles.

Junto com as preocupações voltadas à saúde física, os pediatras discutem também sobre os impactos emocionais da pandemia. “A falta de convivência com os colegas e a restrição física ao ambiente domiciliar trazem consequências imediatas à saúde mental. O aumento da ansiedade, obesidade infantil e depressão são alarmantes”, descreveram os médicos.

Assim, cada um deixou uma mensagem de conclusão. A pediatra Stephanie Galassi, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, escreveu em seu perfil no Instagram: “O tema é urgente e nos pede conscientização para lutarmos juntos pelo melhor para nossas crianças”.

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Já no Facebook, a pediatra geral Mariana Granato declarou: “O tempo da pandemia já é e seguirá longo. Agora temos que refletir sobre seus impactos a curto, médio e longo prazo. Sejamos justos com a infância e comprometidos com o futuro de todos”.

Entramos em contato com a Sociedade Brasileira de Pediatra (SBP), e até o fechamento desta matéria, não tivemos retorno sobre o posicionamento da entidade a respeito do movimento deste grupo de médicos.

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