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Febre maculosa: sintomas, transmissão e tratamento

Tudo que você precisa saber para proteger sua criança da doença transmitida pelo carrapato-estrela, que fez vítimas no interior paulista

Por Carla Leonardi
Atualizado em 15 jun 2023, 16h19 - Publicado em 15 jun 2023, 11h00
Inseto pequeno no braço de um menino de pele branca e camiseta azul clara.
 (rbkomar/Getty Images)
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Transmitida principalmente pelo carrapato-estrela infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii, a febre maculosa tem chamado a atenção nos últimos dias no estado de São Paulo, onde quatro mortes em decorrência da doença foram confirmadas até agora pelo Instituto Adolfo Lutz.

As quatro vítimas participaram de uma festa na zona rural de Campinas, na Fazenda Santa Margarida. São elas Evelyn Karoline Santos, de 28 anos, o casal Douglas Costa, de 42 anos, e Mariana Giordano, de 36, e a adolescente Erissa Nicole Santana, de 16. Em razão da situação, a Prefeitura de Campinas passou a tratar a ocorrência como um surto de febre maculosa localizado.

Sintomas da febre maculosa

A infectologista Andrea Almeida, do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe), elenca os principais sintomas iniciais da doença: “Febre, cefaleia (dor de cabeça) e mialgia (dor no corpo). Por isso, é tão difícil diferenciar de quadros virais mais benignos”, ressalta.

Os casos podem ser assintomáticos, leves ou evoluir com sintomas, como o surgimento de manchas vermelhas pelo corpo entre o terceiro e o quinto dia, sobretudo em mãos e pés – embora isso não seja obrigatório, o que tende a dificultar ainda mais o diagnóstico. Após o sexto dia, a febre maculosa pode avançar de forma ainda mais grave e até fatal, com insuficiência renal, edema pulmonar e outros problemas.

Nas crianças, os sintomas também são esses, o que torna a diferenciação de outras doenças algo igualmente complicado. É por esse motivo que observar todo o contexto é tão importante. “Precisamos sempre estar atentos à epidemiologia de contato com animais silvestres e domésticos, presença de carrapatos ou locais com a suspeita de presença”, alerta Andrea.

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Segundo a médica, a evolução muito rápida do quadro clínico é um alerta significativo que, associado a um histórico recente que chama a atenção, pode levar ao diagnóstico correto mais facilmente. “Devemos sempre perguntar sobre viagens e entrada em áreas de risco”, explica.

Vale destacar que essa é uma doença de alta letalidade (em 2022, foi perto de 75% no estado de São Paulo, de acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação), motivo pelo qual o tratamento feito com antibióticos precisa ser iniciado pela equipe médica o quanto antes. O tempo de incubação da doença é de 2 a 15 dias e, o tempo médio entre os primeiros sintomas e o possível óbito, de 6.

Pessoa medindo a febre com termômetro

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Transmissão da febre maculosa

O carrapato-estrela pode ser encontrado em animais de grande porte, como cavalos e bois, mas também em coelhos, cães que frequentam áreas rurais, gambás e, especialmente, capivaras. É, porém, apenas pela picada do carrapato que a transmissão da febre maculosa acontece – ela não se dá a partir dos animais (domésticos ou silvestres) nem entre pessoas.

Além disso, é preciso que o carrapato sugue o sangue por, pelo menos, quatro horas. Para evitar o parasita, é importante usar calças, camisetas de mangas compridas, botas e boné ao entrar em uma área de risco. Peças de roupa claras ajudam a identificar o carrapato, que é escuro. Fazer uma inspeção corporal de tempos em tempos também é recomendado, assim como tomar banho com bucha.

“Na dúvida, informe a zoonose para fazer uma avaliação do local”, recomenda a infectologista.

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O que fazer ao encontrar um carrapato no corpo

A orientação do Departamento de Vigilância em Saúde (DEVISA) de Campinas é a remoção do carrapato-estrela com o uso de uma pinça. Não se pode usar os dedos, nem esmagar o parasita depois de removido, para que não haja contaminação. Colocá-lo em um recipiente com álcool para matá-lo de forma segura é uma boa opção.

Vale lembrar que nem todos os carrapatos estão contaminados, pelo contrário: a frequência em condições naturais é de 1%. Isso significa que não necessariamente o contato deles com a pele transmitiu a febre maculosa, até porque, como já destacado, é preciso que ele permaneça ao menos cerca de 4 horas se alimentando do sangue do hospedeiro.

Outro ponto importante é que a transmissão pode acontecer em qualquer fase da vida do parasita, inclusive quando ele é extremamente pequeno, como é o caso dos micuins, difíceis de serem vistos.

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