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Enjoo na gravidez: estudo afirma que um único hormônio causa o problema

A descoberta, publicada na revista Nature, pode levar ao desenvolvimento de novos tratamentos para a condição

Por Ligia Moraes
Atualizado em 14 dez 2023, 16h33 - Publicado em 14 dez 2023, 16h15
 (gilaxia/Getty Images)
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Sintomas comuns durante a gravidez, cerca de 70% das mulheres gestantes têm náuseas e vômitos, segundo um estudo publicado pela revista Nature. Aproximadamente 0,3 a 2%  delas são acometidas pela hiperêmese gravídica (HG), caracterizada pela forma mais grave desse quadro, com enjoos e vômitos intratáveis, com frequência e intensidade excessivas. O transtorno pode, inclusive, levar à perda de peso, à desidratação e à hospitalização.

No entanto, um estudo – liderado pela Unidade de Doenças Metabólicas do Conselho de Pesquisa Médica (MRC) na Universidade de Cambridge -, e publicado na última quarta-feira (13/12) na revista já citada, apresentou resultados promissores em relação à causa desses sintomas e a uma possível forma de tratamento. 

O cientistas do Reino Unido, da Escócia, dos EUA e do Sri Lanka que conduziram o trabalho apontaram que o hormônio GDF15, produzido pelo feto, é o responsável por esse tipo de mal-estar durante a gravidez.

Descobertas do estudo

Segundo os especialistas, de forma geral, as mulheres que têm naturalmente baixos níveis de GDF15 antes da gravidez tendem a ser mais sensíveis ao aumento desse hormônio no primeiro trimestre. Afinal, o bebê crescendo no útero está produzindo essa substância num volume ao qual a mãe não está acostumada. Dessa forma, quanto mais sensível ela é ao GDF15, mais os sintomas surgirão.

Esse hormônio é produzido em pequenas quantidades fora da gravidez. Entretanto, mulheres com algum tipo de mutação no gene que codifica o GDF15 – ou que possuem determinadas doenças metabólicas ou cardiovasculares – apresentam níveis incomumente baixos quando não estão grávidas. 

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O estudo constatou que esse público têm um maior risco de desenvolver hiperêmese gravídica quando há a exposição repentina a altos níveis de GDF15. Ou seja, a maior probabilidade de receber o diagnóstico está ligada a mães muito sensíveis a esse hormônio ou que não foram anteriormente expostas a ele em uma quantidade significativa. 

Gravidez: Entenda a conexão dos hormônios com o enjoo matinal
(nd3000/Getty Images)

A lógica inversa também funciona. Ao analisar dados genéticos de mais de 18.000 indivíduos, os pesquisadores descobriram que níveis mais altos de GDF15 em pessoas não gestantes reduziram o risco de desenvolver hiperêmese gravídica em caso de gestação. Isso sugere que as mulheres reagem menos ao hormônio durante a gravidez se tiverem níveis mais altos da substância anteriormente.

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Da mesma forma, pacientes com Talassemia Beta (β-talassemia) – uma doença sanguínea hereditária que causa níveis cronicamente elevados de GDF15 – estariam protegidos contra enjoos na gravidez. Segundo os dados coletados durante a pesquisa, apenas 5% das grávidas com essa condição apresentaram enjoos

Próximos passos da pesquisa 

Embora existam algumas terapias parcialmente eficazes para as náuseas na gravidez, a falta de compreensão científica, aliada ao medo de usar medicamentos na gestação, fazem com que muitas mulheres sejam tratadas inadequadamente. Porém os cientistas acreditam que o estudo pode ser chave para o desenvolvimento de tratamentos eficazes. 

Marlena Fejzo, pesquisadora da Universidade do Sul da Califórnia que participou do estudo, afirmou à Univerisdade de Cambridge que a equipe se sente esperançosa. Agora que entenderam a causa da hiperêmese gravídica, acreditam estar próximos de desenvolverem uma “cura” para ela. 

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Tendo em mente os futuros desdobramentos do estudo, os especialistas acreditam que aumentar a tolerância ao hormônio antes da gravidez pode ser a solução para prevenir tais enjoos. Por isso, os cientistas querem entender se tratar com GDF15 as mulheres que têm histórico de hiperêmese, antes de uma nova gravidez, pode reduzir náuseas e vômitos ou até mesmo impedir que os sintomas se manifestem. Uma outra abordagem seria ainda diminuir o hormônio ou bloquear sua ação para mitigar esse quadro. 

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