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Endometriose: em que momento a cirurgia é necessária?

Saiba quando a doença, que afeta uma em cada dez brasileiras (de acordo com a SBE), exige intervenção cirúrgica para melhora da qualidade de vida da mulher

Por Isabelle Aradzenka
Atualizado em 14 jul 2022, 12h26 - Publicado em 13 jul 2022, 18h13
Endometriose: em que momento a cirurgia é necessária?
 (Carol Yepes/Getty Images)
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“Precisamos falar sobre endometriose. Esta foi a frase escolhida por Anitta para trazer à tona uma discussão em seu perfil no Twitter. A cantora narrou através de uma publicação, feita na última quinta-feira, 7, sua longa jornada para conseguir um diagnóstico adequado da doença, que será tratada com intervenção cirúrgica.

Há mais de nove anos, a condição causava dores intensas após o contato sexual. No entanto, o quadro de Anitta era geralmente associado pela equipe médica a uma infecção bacteriana. Foi apenas após o pedido (tardio) da realização de uma ressonância magnética que a endometriose foi descoberta.

“Pesquisem. A endometriose é muito comum entre as mulheres. Tem vários efeitos colaterais e em cada corpo de um jeito. Podem se estender até a bexiga e causar dores terríveis ao urinar. Existem vários tratamentos e o meu terá que ser cirurgia”, publicou a celebridade.

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Quando a cirurgia para endometriose é indicada?

Assim como acontece no caso de Anitta, a doença é causadora de dores crônicas em 57% das pacientes, de acordo com a Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE). Isto porque é marcada pela presença do endométrio (tecido interno do útero) em locais inadequados – como os ovários, a parte traseira ou dianteira do órgão feminino, a bexiga, entre outros.

Como a endometriose tem relação direta com o tecido do endométrio, que sofre descamação durante o fluxo menstrual, o tratamento básico para a endometriose é geralmente suspender a menstruação, mas há situações específicas em que a cirurgia é o caminho mais adequado para lidar com a condição.

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O indicado é que toda mulher com endometriose não deva menstruar – a não ser quando for tentar engravidar. Portanto, o tratamento convencional é feito com diferentes contraceptivos. A indicação para uma cirurgia será dada apenas para a paciente que, mesmo tendo tentado o uso dos medicamentos por pelo menos 6 a 12 meses, não teve melhora no quadro e continua sofrendo com muitas dores, sintomas e piora da qualidade de vida”, explica Igor Padovesi, ginecologista pela Universidade de São Paulo e Hospital Albert Einstein e especialista em cirurgia de endometriose.

Além dos casos acompanhados por dores nas relações sexuais, na pelve e cólicas menstruais intensas (que não melhoram com o tratamento clínico), a cirurgia também pode ser a melhor opção quando o tecido do endométrio está infiltrando locais não usuais, por exemplo, a via urinária e pontos específicos do intestino.

“Há estes quadros específicos que o procedimento pode ser realizado – mesmo naquela mulher que não tenha dor -, mas o desconforto é realmente o principal indicativo”, completa o ginecologista.

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Como é feita a cirurgia de endometriose

Hoje em dia, o mais comum é que a intervenção cirúrgica para endometriose seja feita de maneira minimamente invasiva, através de laparoscopia. “A cirurgia desta doença é necessariamente laparoscópica, ou seja, utilizamos uma câmera para orientação [que entra através umbigo], e a operação é feita com pequenas incisões. Assim, a recuperação da paciente será muito melhor e conseguiremos acessar os locais onde o tecido da endometriose se agarra”, explica Igor.

Na maioria dos casos, o tratamento cirúrgico busca retirar toda a doença e as aderências do tecido do endométrio. No entanto, segundo a SBE, quando a condição já reincidiu várias vezes – e não há desejo de gestação por parte da paciente – também é possível haver a retirada do útero e dos ovários, a fim de preservar a qualidade de vida da mulher.

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A importância do exame de imagem

Apesar de tudo, o caso de Anitta não é incomum. A cantora passou mais de nove anos por diversos profissionais da saúde que não suspeitaram da presença da doença e sequer solicitaram um exame de imagem, o fator mais relevante para se ter o diagnóstico da endometriose.

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Por isso mesmo, Igor salienta que o ideal é que a cirurgia e o tratamento para a doença sejam bem indicados e principalmente realizados por especialistas experientes na condição.

“É importante destacar que mulheres com suspeita de endometriose percebam os sintomas e busquem profissionais especializados em endometriose, que saibam fazer o diagnóstico correto da doença e encaminhar para o tratamento adequado”, finaliza.

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