Janeiro trouxe a boa notícia da aprovação da vacinação infantil contra Covid-19, com previsão de que ela comece ainda este mês. No entanto, a tendência é que ela seja iniciada por uma das faixas etárias menos afetadas pela doença pandêmica, 11 anos, o que deixaria por último na fila a idade que realmente teve mais vítimas pediátricas em 2020 e 2021, ou seja, crianças de cinco anos.
É o que mostra o levantamento realizado pelos Cartórios de Registro Civil brasileiros, com administração dos dados pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), analisando as mortes infantis entre março de 2020 até a primeira semana deste ano. De acordo com os registros, 324 crianças de cinco anos a 11 anos faleceram em decorrência do coronavírus, mostrando a relevância da vacina para a faixa etária.
Só que a recomendação do Ministério da Saúde é que a imunização comece em ordem decrescente – dos mais velhos para os mais novos – e os dados mostram que, na verdade, no público infantil, foram os mais jovens que foram mais afetados pelo vírus. Enquanto que 65 crianças de cinco anos morreram por causa da doença pandêmica, este número cai para 46 ao falarmos de vítimas com 11 anos.
Veja a tabela completa:
Portanto, tais dados questionam a orientação do órgão federal voltado à saúde pública sobre como a vacinação infantil deveria ser conduzida. Vale apenas lembrar que há a possibilidade desta diretriz mudar, já que foi dado o direito a cada município de decidir a ordem de prioridade da imunização em sua cidade.
Crianças de São Paulo foram as mais afetadas
Além do levantamento por idade, a Arpen-BR também conseguiu mostrar quais foram os estados com mais mortes infantis em decorrência da Covid-19. Quem lidera o ranking é São Paulo, onde se concentra 22,8% dos falecimentos do público de cinco a 11 anos dentro do intervalo de tempo analisado.
Em seguida, está a Bahia com 9,3%, Ceará com 6,8%, Minas Gerais com 6,5%, Rio de Janeiro com 5,9% e Rio Grande do Sul com 4%. Já em relação aos estados que possuem os menores índices de óbitos dentro da faixa etária, estão Amapá, Mato Grosso e Tocantins.
“Os números compilados mostram que, embora reduzidos, os óbitos de crianças fazem parte deste triste momento que estamos vivendo, e que a vacinação é o melhor caminho para que vidas sejam salvas e para que a doença, propagada pelas novas variantes, seja menos fatal a quem já estiver imunizado”, refletiu Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen-Brasil, em nota divulgada para a imprensa.