O fim de semana trouxe boas notícias sobre a vacinação contra covid-19. Em coletiva de imprensa no domingo (11), o governador de São Paulo, João Dória, anunciou que crianças e adolescentes de 12 a 17 anos começam a ser imunizadas a partir do dia 23 de agosto.
“Para que se tenha uma ideia da importância e significado disso é um público de 3,2 milhões de adolescentes em São Paulo”, reforçou o governador. Regiane de Paula, coordenadora geral do Programa Estadual de Imunização, explicou que a vacinação começará com jovens dentro desta faixa etária que possuam deficiência, comorbidades e que sejam gestantes, até chegar em crianças e adolescentes em geral. Assim, o calendário vacinal será dividido da seguinte forma:
- 23 de agosto a 05 de setembro: adolescentes de 12 a 17 anos com deficiência, comorbidades ou que sejam gestantes;
- 06 de setembro a 19 de setembro: adolescentes de 15 a 17 anos sem comorbidades;
- 20 de setembro a 30 de setembro: crianças de 12 a 14 anos sem comorbidades.
Até o momento, a vacina liberada para esta faixa etária é a Pfizer/BioNTech, em que o próprio fabricante alterou a bula, permitindo a sua aplicação em crianças a partir de 12 anos após apresentar estudos que comprovam sua segurança e resposta imunológica infantil diante do coronavírus.
Vacinação de crianças a partir dos três anos
Ainda na coletiva de imprensa, João Dória também foi questionado sobre a possibilidade da vacinação de crianças a partir dos três anos com a CoronaVac, visto o levantamento chinês produzido pela Sinovac Life Sciences e Sinovac Biotech, publicado no The Lancet – Infectious Diseases.
Jean Gorinchteyn, secretário da Saúde do Estado de São Paulo, explicou que a programação para esta faixa etária demanda de trabalhos científicos em que o Programa Nacional de Imunização (PNI) e o Programa Estadual de Imunização possam se debruçar para, então, buscar pela liberação da Anvisa e o estabelecimento de um cronograma vacinal pediátrico.
Já a partir da perspectiva médica, a resposta também foi dada por Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Imunização da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). “É muito importante compreendermos que, quando se licencia uma vacina, é natural que os estudos caminhem de adultos, para adolescentes e então para crianças, desde que demonstrem segurança, capacidade de desenvolver uma boa resposta imune e, se possível, até mesmo eficácia”, pontuou o médico.
Ele ainda retomou que o estudo relacionado a CoronaVac, em que aproximadamente 600 crianças e adolescentes entre três a 17 anos participaram, foi voltado à segurança e resposta imune e não à eficácia do imunizante. “O que os pesquisadores fizeram foi dosar o nível de anticorpos que duas doses de CoronaVac oferecem a essas crianças e adolescentes e a boa notícia é que a vacina não foi só segura, mas também induziu uma resposta de anticorpos que foi inclusive superior a observada em adultos”, enfatizou Marco Aurélio.
O médico ainda defendeu que este pode ser um caminho positivo para conseguir incluir os menores dentro do calendário vacinal contra covid-19. “Na minha opinião, isso antecipa que esta é uma vacina que oferece uma perspectiva muito interessante para ser utilizada em crianças, porque ela é segura à luz das evidências atuais e tem um perfil de resposta imune muito positivo. Acho que devemos caminhar em relação a esse objetivo que é expandir a vacinação com esta plataforma da CoronaVac, ou seja, de vírus inativados para crianças também”, pontuou o especialista.