Junto com o alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre não recomendar o uso de ibuprofeno em casos de coronavírus, especialistas da área da saúde também discutiram sobre outra categoria de medicamentos que poderia vir a piorar a doença: os corticoides. Para as pais de crianças asmáticas que são tratadas com eles, a notícia foi ainda mais preocupante. Suspende o remédio ou não? O que fazer?
Para esclarecer as dúvidas mais recorrentes sobre o assunto, a Sociedade Brasileira de Pediatria, em conjunto com seus Departamentos Científicos de Alergia e Pneumologia, publicou um documento com orientações para quem cuida de crianças com asmas.
A SBP pontua que asmáticos não são mais propensos a contrair o coronavírus. Entretanto, caso sejam contaminados, as chances de desenvolver complicações são maiores. Portanto, a indicação é que as crianças continuem o tratamento para asma que já estava prescrito antes mesmo da propagação do Covid-19, inclusive para prevení-las contra a nova doença.
Entretanto, a Sociedade faz algumas ressalvas sobre a diferença entre os medicamentos inalatórios e orais. O tratamento das crianças está concentrado no uso de corticoides possíveis de inalar. “[Eles são usados] para reduzir a inflamação broncopulmonar, sintomas e exacerbações. Essas medicações não devem ser retiradas do tratamento do paciente com asma. O uso regular e correto de medicações inalatórias deve ser preconizado, independente e principalmente agora com a circulação do novo coronavírus”, afirma o documento.
É o que reafirma Thatiane Mahet, pediatra especialista em alergia, imunologia e nutrição infantil. “Os corticoides inalatórios e nasais, que muitas crianças usam, não precisam ser parados. Eles podem ser utilizados sem problema nenhum no coronavírus”.
Já o alerta da médica é sobre o uso de medicamentos orais e, sobre isso, a SBP explica que eles devem ser usados dentro do intervalo de tempo prescrito pelo médico, em casos mais graves. Inclusive porque eles podem evitar idas desnecessárias a postos de emergência, além de ajudar a conter o número excessivo de pessoas nos locais.
“Durante as exacerbações, o uso de corticosteroide oral nas doses indicadas pelo médico por 5 a 7 dias pode ser indicado para resolver a crise de asma. Seu efeito anti-inflamatório é essencial nesta situação, podendo reduzir idas a serviços de emergência”, explica o documento.
Já as crianças que precisam usar nebulizadores e outros dispositivos inalatórios, a indicação é que elas usem os que sejam em aerossol dosimetrado (forma popular da bombinha para asma) ou inalador de pó, sem nenhum tipo de compartilhamento com outras pessoas. A preferência por esses dois tipos aparelhos é clara no documento: “Reservatórios de nebulizadores são potenciais fontes de contaminação”.
Atenção aos exames também!
A SBP também alerta para que especialistas evitem a realização de exames como espirometria (conhecido como Exame do Sopro), oscilometria e outras avaliações pulmonares que utilizam equipamentos que podem reter gotículas contaminadas de coronavírus e, consequentemente, ser uma forma de transmitir a doença de uma pessoa para outra.
“Em situações especiais, onde o especialista julgue extremamente necessária a realização do exame, todos os cuidados devem ser tomados: os espirômetros (aparelhos usados para medir o volume de ar nos pulmões) precisam ter filtros descartáveis que devem ser trocados para cada paciente após a realização do exame e o médico/técnico deve analisar a necessidade de utilizar equipamentos de proteção individual, bem como a de desinfecção da sala após o exame. Os pacientes com sintomas respiratórios gripais deverão ser poupados até a melhora dos mesmos”, enfatiza o documento.
Por último, saiba que todas as crianças, adultos, e idosos asmáticos devem ser vacinados na Campanha de Vacinação Nacional contra a Gripe.