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Coronavírus: O que pais precisam saber sobre uso de corticoides para asma

Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou documento para alertar que pais não devem parar tratamento de asma das crianças.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 25 mar 2020, 17h35 - Publicado em 25 mar 2020, 17h08

Junto com o alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre não recomendar o uso de ibuprofeno em casos de coronavírus, especialistas da área da saúde também discutiram sobre outra categoria de medicamentos que poderia vir a piorar a doença: os corticoides. Para as pais de crianças asmáticas que são tratadas com eles, a notícia foi ainda mais preocupante. Suspende o remédio ou não? O que fazer?

Para esclarecer as dúvidas mais recorrentes sobre o assunto, a Sociedade Brasileira de Pediatria, em conjunto com seus Departamentos Científicos de Alergia e Pneumologia, publicou um documento com orientações para quem cuida de crianças com asmas.

A SBP pontua que asmáticos não são mais propensos a contrair o coronavírus. Entretanto, caso sejam contaminados, as chances de desenvolver complicações são maiores. Portanto, a indicação é que as crianças continuem o tratamento para asma que já estava prescrito antes mesmo da propagação do Covid-19, inclusive para prevení-las contra a nova doença.

Entretanto, a Sociedade faz algumas ressalvas sobre a diferença entre os medicamentos inalatórios e orais. O tratamento das crianças está concentrado no uso de corticoides possíveis de inalar. “[Eles são usados] para reduzir a inflamação broncopulmonar, sintomas e exacerbações. Essas medicações não devem ser retiradas do tratamento do paciente com asma. O uso regular e correto de medicações inalatórias deve ser preconizado, independente e principalmente agora com a circulação do novo coronavírus”, afirma o documento.

É o que reafirma Thatiane Mahet, pediatra especialista em alergia, imunologia e nutrição infantil. “Os corticoides inalatórios e nasais, que muitas crianças usam, não precisam ser parados. Eles podem ser utilizados sem problema nenhum no coronavírus”.

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Já o alerta da médica é sobre o uso de medicamentos orais e, sobre isso, a SBP explica que eles devem ser usados dentro do intervalo de tempo prescrito pelo médico, em casos mais graves. Inclusive porque eles podem evitar idas desnecessárias a postos de emergência, além de ajudar a conter o número excessivo de pessoas nos locais.

“Durante as exacerbações, o uso de corticosteroide oral nas doses indicadas pelo médico por 5 a 7 dias pode ser indicado para resolver a crise de asma. Seu efeito anti-inflamatório é essencial nesta situação, podendo reduzir idas a serviços de emergência”, explica o documento.

Já as crianças que precisam usar nebulizadores e outros dispositivos inalatórios, a indicação é que elas usem os que sejam em aerossol dosimetrado (forma popular da bombinha para asma) ou inalador de pó, sem nenhum tipo de compartilhamento com outras pessoas. A preferência por esses dois tipos aparelhos é clara no documento: “Reservatórios de nebulizadores são potenciais fontes de contaminação”.

Atenção aos exames também!

A SBP também alerta para que especialistas evitem a realização de exames como espirometria (conhecido como Exame do Sopro), oscilometria e outras avaliações pulmonares que utilizam equipamentos que podem reter gotículas contaminadas de coronavírus e, consequentemente, ser uma forma de transmitir a doença de uma pessoa para outra. 

“Em situações especiais, onde o especialista julgue extremamente necessária a realização do exame, todos os cuidados devem ser tomados: os espirômetros (aparelhos usados para medir o volume de ar nos pulmões) precisam ter filtros descartáveis que devem ser trocados para cada paciente após a realização do exame e o médico/técnico deve analisar a necessidade de utilizar equipamentos de proteção individual, bem como a de desinfecção da sala após o exame. Os pacientes com sintomas respiratórios gripais deverão ser poupados até a melhora dos mesmos”, enfatiza o documento.

Por último, saiba que todas as crianças, adultos, e idosos asmáticos devem ser vacinados na Campanha de Vacinação Nacional contra a Gripe.

(Juliana Pereira/Bebê.com.br)
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