Qual deve ser o papel do pai no parto? Especialistas respondem!
Suporte emocional é uma das principais funções do acompanhante, mas confira outras dicas práticas do que fazer para tornar o momento mais acolhedor.
Embora a gestação seja um processo vivido de forma intensa e única somente pelo corpo da mulher, isto não significa que ela precise estar sozinha em suas etapas. Sabemos bem a importância do companheiro presente – que também está vivenciando a gravidez, só que de outra maneira – e de uma rede de apoio acolhedora durante os nove meses de gestação e no puerpério. Mas também não podemos deixar de mencionar o momento do parto.
A hora mais aguardada para muitas mães envolve expectativas, inseguranças e sensações únicas e ter alguém com quem contar é crucial. Para descobrir como o parceiro pode dar suporte neste momento, buscamos especialistas que dão dicas do que fazer desde a recepção no hospital até os cuidados com a puérpera no quarto da maternidade.
Vale deixar bem claro que são recomendações práticas para o momento do parto em si, mas que as emoções da chegada do bebê são intensas tanto para a mãe quanto para o pai.
Chegando na maternidade…
Mesmo na correria, é importante que os pais se lembrem de deixar seus documentos e pertences separadinhos em casa para não terem que enfrentar nenhum inconveniente no hospital. Chegando lá, a recomendação de Rosmaria Pirollo, gerente de enfermagem da Pro Matre, é que o pai tenha em mão a documentação – como identidade e carteirinha do plano de saúde – e vá dando início aos procedimentos administrativos.
“Enquanto a mulher recebe os primeiros atendimentos, ele já vai deixar a documentação na internação para que a parte burocrática esteja encaminhada. Também indicamos que leve a roupinha do bebê para o centro cirúrgico ou para o centro de parto”, diz a enfermeira.
Depois disto, o companheiro pode acompanhar a mãe nos próximos passos e, se for do seu desejo, entrar com ela na sala de parto. Apesar de a vivência do nascimento ser um momento único, Rosmaria conta que muitos homens não se sentem seguros e preferem não entrar – até para não atrapalhar o andamento do processo.
“Às vezes gera ansiedade em excesso, o que pode afetar o núcleo familiar. Por isso, é importante respeitar os dois lados da relação e que o casal faça a reflexão. Caso seja conveniente, a mãe pode optar por outra pessoa para acompanhá-la”, indica a profissional do Pro Matre.
Durante o parto
Suporte é a palavra-chave quando falamos da postura do homem no nascimento do bebê – e ele pode ser tanto emocional quanto em termos de uma ajuda mais prática, atendendo às demandas da mulher. “Na sala de parto, independente da via de parto – cesárea ou vaginal -, o papel do pai é muito importante para a mãe. É um momento de estarem juntos, de transmitir segurança e de entender o processo de dor que ela pode estar sentindo”, explica a gerente de enfermagem.
Caso o parto seja vaginal, o pai pode ajudar também com o desconforto físico, inclusive fazendo massagens ou acompanhando as respirações – que podem ser treinadas previamente com o acompanhamento de uma doula, por exemplo. “Ensinamos massagens que podem ajudar e a própria presença e toque do parceiro podem ser muito tranquilizadores para a mulher”, diz Carla Dieguez, doula, educadora perinatal e consultora de amamentação.
Mais que dicas práticas, os encontros com a doula antes do parto orientar o casal para que saibam o que esperar e não se surpreendam com acontecimentos naturais do processo. “Temos que pensar que quando estamos preparando a mulher para o parto, estamos preparando também o pai. Ele também está envolvido, e isto pode ajudar para que ele não fique assustado e saiba o que esperar do comportamento da mulher, como desenrola o trabalho de parto e o que ela sente em cada fase”, pontua Carla.
“Saber de tudo isso pode dar uma confiança maior, porque ele também está embarcando em um mundo que não conhece”, ressalta ela.
De acordo com a doula, a mulher em trabalho de parto deve ficar mais voltada para si mesma, então o ideal é que não seja perturbada com perguntas – e aí que entra novamente o pai, que deve responder tudo o que estiver ao seu alcance, como eventuais informações médicas, sempre respeitando o limite e o espaço da mulher.
Outra atitude bacana do pai é ficar atento ao ambiente, para que a grávida se sinta o mais segura e confortável possível. “Ajude a garantir privacidade dela, opte por uma luz baixa ou penumbra, pergunte se ela quer ouvir uma música…”, aconselha a consultora de amamentação, que também pede pra evitar perguntas mirabolantes ou que incitem respostas complexas.
O que (mais) não fazer
Além de não deixar a mãe em dúvida na hora do parto, o ideal é que o pai também evite conversar com ela durante as contrações e espere os intervalos para isto. E claro: “nada de críticas ou de desvalorizar o que a mãe está sentindo”, aponta a enfermeira.
Podem haver divergências sobre alguns procedimentos no decorrer do processo, como a decisão de aceitar ou não a anestesia, mas o importante é que o pai respeite a escolha de sua parceira e confie em seu propósito ao optar por determinada via de parto.
Enfim com o bebê em mãos – e mesmo no decorrer do trabalho de parto – sabemos que a tentação de registrar e eternizar cada detalhe é grande, mas Rosmaria recomenda que o companheiro maneire nas fotos e filmagens, para não atrapalhar os profissionais de saúde e nem tirar o protagonismo do momento único que vive a mulher.
Já no quarto, é fundamental que o pai respeite o momento de descanso e recuperação da mãe e se assegure de que as visitas não estão demandando muito da puérpera. “Agora, por conta do novo coronavírus, estamos com os horários mais restritos, mas quando há livre acesso o pai pode controlar as visitas, tendo em mente o quanto é importante o descanso para que a mãe se recupere”, diz a profissional da Pro Matre.