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Entenda o que é diástase abdominal no pós-parto e quando é caso cirúrgico

Para além de questões estéticas, a complicação na recuperação do organismo materno pode causar dores intensas, como na lombar.

Por Alice Arnoldi
4 dez 2020, 17h42

O pós-parto é conhecido como um período de transformações profundas emocionais e também físicas, como o retorno ou não da barriga para um estado próximo ao que era antes da gravidez. Entretanto, este percurso natural pode ser interrompido por complicações do organismo materno, como aconteceu com Giovanna Ewbank, que deu à luz Zyan, hoje com quatro meses. A apresentadora publicou uma sequência de stories, no Instagram, explicando que precisou buscar por ajuda médica para um problema chamado diástase abdominal.

“O músculo reto abdominal tem dois ramos, um do lado direito e outro do esquerdo, unidos por um tendão chamado fáscia. Quando ele se rasga, esses ramos se afastam um do outro e forma-se um vazio que ganha o nome de diástase”, esclarece Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra dos hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein.

O que causa a diástase abdominal no pós-parto?

Após o nascimento do bebê, este afastamento dos ramos do músculo abdominal tende a acontecer pela influência de algumas condições durante os nove meses de gravidez.

A primeira delas é a gestação de um bebê grande, que faz com que o útero e, consequentemente, a barriga cresçam em larga escala, gerando uma pressão abdominal maior, como pontua a ginecologista e obstetra Rebeca Garaude, especialista em gravidez de alto risco. O mesmo vale para mães que carregam gêmeos.

O segundo fator apontado pela especialista é o esforço abdominal com a postura incorreta. Ela enfatiza que este tipo de comportamento corporal é ruim em qualquer caso, mas na gestação é ainda pior porque reforça a pressão abdominal que já é grande pelo crescimento do útero.

Pupo também cita a falta de exercícios físicos, que ajudam a fortalecer a musculatura do abdômen e evitam a diástase. Além de condições genéticas que podem ou não favorecerem o desenvolvimento do quadro – como ter uma pele com menos colágeno, o que aumenta as chances da condição.

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A diástase abdominal pode provocar dores

Ainda na postagem de Gioh, ela sinalizou que a busca por ajuda médica aconteceu pela diástase abdominal causar dores em seu corpo, especialmente na lombar, potencializadas pela dedicação ao aleitamento materno.

O motivo deste incômodo acontecer é porque as duas áreas corporais estão ligadas. “Os músculos transversais do abdômen são extremamente funcionais e responsáveis pela sustentação da coluna. Portanto, se existe uma diástase e uma fragilidade dos retos abdominais, há por consequência uma vulnerabilidade da sustentação da coluna e, a partir disso, aparecem as dores lombares. Em casos mais graves, pode-se desenvolver até hérnia de disco”, esclarece Rebeca.

Além do desequilíbrio postural, a cirurgiã plástica Letícia Odo, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, explica que a diástase abdominal também pode causar problemas intestinais e urinários. Isso porque a musculatura dos retos abdominais também tem a função de proteger todos os órgãos internos e, quando ela está fragilizada, eles acabam tendo suas posições modificadas dentro do organismo.

Quando o caso é cirúrgico?

Para analisar se a gestação resultou em uma diástase abdominal, Rebeca explica que é possível fazer uma primeira avaliação nas primeiras 48 horas após o parto. É um exame clínico, em que o médico apalpa o abdômen da mãe na linha média, onde os retos abdominais se unem, e consegue saber se houve o afastamento entre eles e de quantos centímetros.

Entretanto, Pupo e Letícia explicam que é ao longo de seis meses após o nascimento do bebê que os especialistas acompanharão a mulher para entender se este espaço em seu abdômen reduzirá naturalmente, principalmente com exercícios físicos e fisioterapia a partir da liberação do obstetra. Ou se será necessário uma cirurgia para repará-lo.

O tamanho do espaçamento que é visto como caso cirúrgico varia entre os especialistas. Letícia pontua que, se após seis meses, a paciente ainda apresentar três centímetros de distanciamento, é indicado que ela consulte um profissional para que eles discutam a possibilidade da intervenção cirúrgica. Já Pupo enxerga como um quadro que necessita de operação aquele que o afastamento tem de quatro centímetros para mais.

Assim, em caso de suspeita de diástase abdominal, é essencial que a mulher entre em contato com um médico de confiança para que ele possa conduzir o tratamento do seu caso de forma correta e segura.

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