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Tratamentos para infertilidade devem ser adiados para depois da pandemia?

Especialistas explicam quais têm sido as exceções da orientação geral de adiar a gestação para após o surto do novo coronavírus.

Por Alice Arnoldi
1 jul 2020, 10h54

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Guttmacher, nos Estados Unidos, ganhou destaque ao mostrar que a pandemia do novo coronavírus também transformou a concepção das mulheres sobre engravidar. Entre as 2.009 participantes, de 18 a 49 anos, 34% afirmaram que o Covid-19 fez com que elas desejassem gestar mais tarde ou ter menos filhos em decorrência da doença.

Entretanto, o cenário muda quando falamos de casais e mulheres que sofrem de infertilidade e precisam lutar contra o tempo para carregarem um bebê. Neste caso, a pergunta que surge é: tudo bem se os tratamentos forem adiados para após a pandemia?

Como em muitos assuntos que envolvem o universo materno, a resposta desta pergunta é depende. Inicialmente, a orientação médica é que as mulheres adiem a gravidez, como pontua o obstetra Alfonso Massaguer, diretor clínico da MAE, clínica especializada em reprodução assistida.

Só que existem casos de infertilidade em que cada mês de espera faz diferença na efetividade do tratamento, o que pede uma análise cautelosa do casal sobre dar continuidade ao processo de gerar um bebê ou não durante uma pandemia.

“Por exemplo, para uma mulher que já está tentando engravidar há um tempo, e esteja próxima ou tenha passado dos 40 anos, aguardar pode ser mais prejudicial para ela. Portanto, será preciso pesar os prós, os riscos e os benefícios deste tratamento no momento”, exemplifica Alfonso.

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Além de mulheres com idade mais avançada e que têm pouca quantidade de óvulos, outros casos citado pelo obstetra Geraldo Cadeira, da Clínica Pro Mulher e membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), são os que envolvem a saúde da mulher e que tenham caráter prioritário.

É o que acontece com as pacientes que lutam contra um câncer, por exemplo, em que quanto mais cedo a intervenção médica, melhor. “Caso a mulher precise fazer radioterapia ou quimioterapia, precisaremos correr para deixar os óvulos congelados. Isso porque provavelmente, após os tratamentos, ela não conseguirá tê-los”.

Teste para a segurança de todos

Ao decidir por dar continuidade ao tratamento de infertilidade, uma das medidas de segurança das duas clínicas tem sido a de realizar o exame PCR, que mostra alterações quando a pessoa foi infectada pelo novo coronavírus e ainda está na fase aguda da doença.

“Todos os casais que vão coletar óvulos ou espermatozódes realizam o teste dois dias antes do procedimento”, explica Alfonso. Vale lembrar que realizar o exame mesmo em casos em que o casal não apresenta sintomas é importante já que o contágio pode ter acontecido, mas a pessoa está assintomática e sendo via de transmissão para outros.

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Além da testagem nos pacientes, Geraldo também pontua que os funcionários da clínica são submetidos a exames frequentemente para que tanto os profissionais da saúde quanto os pacientes sejam mantidos em segurança na hora dos procedimentos.

E assim como pediatras e outros médicos estão fazendo, os atendimentos das clínicas estão tendo um intervalo maior entre um e outro para que se mantenha o distanciamento social e o ambiente possa ser esterilizado corretamente.

E se o exame der positivo?

Se ao conferir a taxa do PCR, o casal for diagnosticado com Covid-19, é preciso esperar em torno de 14 dias para ser testado novamente, pois é preciso que seja confirmado que o vírus saiu do organismo dos dois.

Se o homem testar positivo e a mulher negativo, por exemplo, os óvulos dela são colhidos, congelados e aguarda-se até o momento em que o parceiro poderá passar pela coleta do espermatozoide e, posteriormente, ocorra a fecundação dos gametas. O mesmo vale para caso aconteça ao contrário. 

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Uma alternativa é…

Após a coleta dos materiais genéticos para a formação do embrião, os especialistas explicam que o casal pode optar por deixá-lo congelado para implantar num momento mais propício. Essa decisão pode ser uma forma de viver a gestação quando a pandemia estiver mais controlada.

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