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Tomar pílula anticoncepcional evita a perda de óvulos todo mês?

Entenda se os métodos contraceptivos que inibem a ovulação podem preservar a reserva ovariana da mulher

Por Isabelle Aradzenka
2 jun 2023, 16h40

Você já ouviu falar sobre reserva ovariana? Quando o assunto é gestação, é impossível deixar o termo de lado. Ela é basicamente um marcador da fertilidade da mulher. “Corresponde ao estoque de óvulos que a paciente tem”, explica Simone Mattiello, ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana pela clínica de Reprodução Assistida Nilo Frantz Medicina Reprodutiva.

O auge da reserva ocorre ainda na vida intrauterina, por volta de 20ª semana de gestação. “Estima-se que a bebê tenha em torno de 6 a 7 milhões de óvulos”, diz Simone. Depois do nascimento, o valor é reduzido para 2 milhões e, quando a menina começa a menstruar, ou seja, entra no seu período reprodutivo, o estoque encontra-se em torno de 500 mil. A partir daí, nos próximos 30 ou 40 anos de idade fértil, cerca de 500 deles serão ovulados até que se chegue ao fim da vida reprodutiva feminina.

Anticoncepcional preserva os óvulos?

Na verdade, estamos sempre perdendo óvulos, independentemente de estarmos ovulando ou não. Assim, mesmo que os contraceptivos hormonais inibam a ovulação, reprimindo a ação dos hormônios FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante), isso não interfere na perda ou na preservação da reserva.

“Apesar de a pílula anticoncepcional impedir o desenvolvimento dos folículos, impossibilitando a ovulação, existe um processo chamado de atresia folicular”, destaca Vinícius Carruego, ginecologista e diretor médico da Clínica Elsimar Coutinho. Isto é, ao longo do ciclo, ocorre a morte e a degeneração dos óvulos, que independe da ação de hormônios. “A cada mês, vários folículos vão morrer por atresia. Então, a pílula não poupa, não interfere no estoque de óvulos femininos e nem preserva a fertilidade”, diz.

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espermatozoides e óvulo
(Carol Yepes/Getty Images)

Quando o estoque de óvulos acaba?

Em média, a reserva ovariana irá se esgotar por volta dos 50 anos de idade, quando as mulheres entram na menopausa. “Ela é a manifestação clínica da falência ovariana por esgotamento do número de óvulos”, pontua Simone.

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A importância de avaliar o seu estoque de óvulos

É importante que as mulheres tenham consciência da sua limitação de óvulos para que possam promover um planejamento familiar. “Recomenda-se uma avaliação da reserva ovariana entre os 25 e 30 anos”, conta a especialista.

O exame considerado mais preciso para isso é a análise de dosagem do Hormônio anti-mulleriano (HAM). “Cada óvulo potencial produz um pouco deste hormônio. Então, quanto mais óvulos a paciente tem, mais HAM apresenta, e vice-versa. Por isso, é considerada uma medida relativamente certeira do estoque”, explica. Há uma média de valor do hormônio esperado para cada idade, mas, de uma forma geral, valores de HAM inferiores a 1ng/mL são considerados como baixa reserva de óvulos.

“É importante salientar que existem duas perdas que sofremos em relação aos gametas. Uma delas é a perda do número, a outra é a perda da qualidade. Isso está diretamente relacionado ao avanço da idade”, afirma Simone. Assim, a única forma de preservar os gametas é através das técnicas de Reprodução Assistida.

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