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Quais os cuidados que se deve ter ao usar sex toys durante a gravidez?

Afinal, grávida pode usar vibrador? Existe algum modelo mais recomendado para gestantes? Especialistas respondem.

Por Ketlyn Araujo
13 fev 2021, 14h00

Desde que o isolamento social começou no Brasil, em março do ano passado, houve um aumento de 50% nas vendas de vibradores no país, conforme mostra uma pesquisa realizada pelo portal Mercado Erótico. Os motivos são vários: primeiro porque passar mais tempo em casa contribuiu para que as pessoas investissem mais no autocuidado, o que inclui a masturbação. Segundo porque, para os/as solteiros (as), encontros presenciais ficaram um tanto quanto limitados, o que despertou a necessidade de algumas novidades na vida sexual. E, terceiro, porque, por consequência de tudo isso, veículos de mídia e redes sociais passaram a falar expressivamente sobre sex toys, o que aguçou a curiosidade de muita gente.

A verdade é que brinquedos eróticos dos mais diferentes tipos existem há muitos anos, com ou sem pandemia, e embora ainda sejam considerados tabu para uma parcela da população, têm em seu uso tantos benefícios quanto o sexo em si – inclusive para mulheres gestantes que querem experimentá-los.

O uso de vibradores na gravidez

Conforme explica a ginecologista e obstetra Ana Paula Mondragon, usar vibradores na gravidez pode reduzir o estresse, servir como alternativa para controlar a libido quando muito elevada, melhorar a qualidade do sono e aumentar a liberação de endorfinas (o que gera sensação imediata de bem-estar). Os vibradores, ainda, não trazem risco nenhum de ISTs e, para algumas mulheres, promovem orgasmos mais intensos na gestação.

Camila Pinheiro, ginecologista e obstetra, acrescenta que a mulher grávida, ao investir nos sex toys, pode acabar descobrindo pontos de prazer antes desconhecidos, o que pode ser benéfico também para a relação com o parceiro/a. “É um momento de intimidade da mulher, que vale para conhecer o próprio corpo e o do casal. Se o parceiro/a não se sentir confortável nessa situação, por medo ou alguma outra questão, ela pode continuar tendo o prazer dela”, completa.

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Laís Lacerda, psicóloga, terapeuta sexual e pós-graduada em sexualidade humana, vê no uso dos vibradores pelas gestantes uma forma de estimular fantasias sexuais, aumentar a excitação e facilitar a descoberta de novas posições e zonas erógenas que se adaptem ao conforto da mulher – ou seja, pode-se expandir o uso do vibrador para além da zona genital, o que pode criar um novo repertório para as relações sexuais.

“Incluir o uso de vibradores junto com o parceiro (a) pode ser divertido, leve e muito excitante. O diálogo é indispensável para não pegar a outra pessoa desprevenida, pois os dois precisam estar de acordo com o uso do brinquedo. Algumas limitações de ordem emocional ou cultural podem causar desconfortos ou inseguranças da parceria pelo uso da prótese, podendo criar fantasias sobre sua substituição. Neste caso, o uso a dois não é aconselhável”, fala a profissional e completa: “Recomendo que o casal se familiarize com o vibrador antes de usá-lo pela primeira vez na relação, procurando se inteirar de suas funcionalidades para que isso não interfira no clima na hora H”.

Toda gestante pode usar vibradores?

Não. As restrições quanto ao uso de vibradores por gestantes, como explicam as médicas, são as mesmas relacionadas à atividade sexual. Ou seja, mulheres que apresentam placenta prévia, risco de parto prematuro ou trabalho de parto prematuro, sangramentos de diferentes causas, ruptura prematura de membranas e descolamento placentário não devem fazer sexo e nem recorrer à masturbação com vibradores. Antes de mais nada, o recomendado é consultar o médico do pré-natal.

“Quando existe uma chance de parto prematuro, seja por colo curto ou outra ameaça, as contrações uterinas do orgasmo podem estimular o útero a ponto dele entrar em trabalho de parto e evoluir. Já os casos de sangramento ou risco de sangramento ao ter relação sexual ou praticar a masturbação podem provocar a piora desse sangramento, com a possibilidade de que ele se torne uma hemorragia”, reforça a doutora Ana Paula.

Vibradores prejudicam o desenvolvimento do bebê?

Laís elucida que, embora alguns casais limitem um pouco a questão da sexualidade durante a gestação por medo que a penetração machuque a mãe ou o bebê, o ato sexual não prejudica a gravidez quando livre de riscos – e o uso de vibradores, inclusive aqueles feitos para penetração, também não.

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Isso porque o líquido amniótico que envolve o bebê tem função protetiva, ou seja, deixa ele seguro dentro do útero. Camila assegura que os vibradores, sejam eles internos, externos ou os projetados para o prazer anal, não causam nenhum tipo de alteração no desenvolvimento ou comportamento do bebê, e não têm relação nenhuma com a formação ou má formação da criança.

Qual o vibrador mais indicado para grávidas?

“É importante reconhecer que o vibrador ideal não existe. O mais adequado é aquele que melhor atende à resposta sexual da gestante e, sendo assim, a sensibilidade para chegar ao ápice do prazer é variável. Para que o orgasmo aconteça há apenas um fator invariável: o estado de relaxamento profundo”, diz Laís.

Ou seja, mais importante do que escolher um modelo “certo” ou “errado” de brinquedo, explica a terapeuta, é diminuir as expectativas, não se comparar a partir da experiência e de relatos de outras mulheres e encarar o sex toy como um instrumento de autoconhecimento. Em vez de focar apenas no orgasmo, vale considerar outros benefícios como autonomia e independência.

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Dito isto, o melhor a fazer é experimentar diferentes opções de vibradores em diferentes posições, sejam eles massageadores clitorianos, plugues anais, focados em penetração, com controle à distância e também o sugador de clitóris, que vem fazendo bastante sucesso nos últimos meses.

As preferências também podem variar ao longo da gravidez: brinquedos projetados para serem usados no clitóris costumam ser mais confortáveis no fim da gravidez, enquanto os de penetração podem se tornar um pouco desconfortáveis por conta do material mais rígido. Como dissemos, porém, tudo varia de pessoa para pessoa.

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“[O sugador de clitóris] costuma ser o mais usado por mulheres que se sentem incomodadas com a penetração, por motivos diversos que vão desde o desconforto físico, geralmente mais acentuado no último trimestre da gestação, até questões de cunho cultural”, complementa a psicóloga, que sugere o uso de um espelho durante a masturbação com vibradores, para que a mulher conheça melhor seus genitais e áreas de maior sensibilidade.

Cuidados básicos, mas importantes

Para maior segurança, use o vibrador junto com um lubrificante ou gel, mas ele sempre deve ser à base de água. Por ficar mais sensível durante a gestação, não é recomendado que a mulher faça uso de géis com odores e sabores na área da vulva e da vagina, o que pode ocasionar alergias no local.

Já os cuidados de higienização com o aparelho são sempre os mesmos, estando gestante ou não. Mesmo assim, mulheres grávidas são mais suscetíveis a infecções, que podem levar a um trabalho de parto prematuro. Para evitar qualquer tipo de contaminação, Ana Paula ressalta a importância de limpar os sex toys com água e sabão neutro, antes e depois do uso, bem como higienizar as mãos antes de começar a masturbação. E ao guardá-los, certifique-se de que não seja um local com muita umidade, combinado?

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