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8 DSTs comuns e seus efeitos na gravidez

Nem todas são perigosas, mas algumas merecem atenção redobrada! Conheça quais e saiba como minimizar riscos para você e seu bebê.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 9 dez 2017, 11h00 - Publicado em 9 dez 2017, 11h00
 (jarun011/Thinkstock/Getty Images)
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Casada, solteira, namorando… Não tem jeito: basta fazer sexo sem proteção para correr o risco de pegar uma doença sexualmente transmissível. E as grávidas, é claro, estão incluídas neste grupo. Pensando nisso, elaboramos uma lista com algumas das DSTs mais comuns e aquelas que, embora mais raras, ameaçam a saúde do bebê e o andamento da gestação. Confira:

HPV

A infecção pelo papilomavírus humano é uma das DSTs mais comuns do mundo. Para se ter ideia, um estudo recente revelou que mais da metade da população jovem brasileira pode estar infectada com algum dos tipos do vírus.

Ele pode ser transmitido ainda no útero e não ameaça a vida do bebê, mas pode resultar em verrugas genitais ainda na infância, se a mãe for portadora dos tipos associados às verrugas, ou ao câncer de colo de útero na vida adulta, se o HPV for um dos relacionados aos tumores.

Para garantir, o médico faz um papanicolau só na região externa do colo do útero no começo da gestação caso o exame não esteja em dia. Se houver alguma lesão que indique a presença deste inimigo, ela deve ser removida e investigada.

Sífilis

Ela é causada por uma bactéria que consegue ultrapassar a barreira da placenta e atingir o bebê que, na maioria das vezes, terá sequelas dessa contaminação e corre até risco de vida. Por isso mesmo, o exame para detectar a doença é obrigatório em vários momentos da gestação.

Ela é, aliás, uma das que mais preocupa os médicos, especialmente porque sua incidência só cresceu nos últimos dez anos. Para se ter ideia, foram 5.904 casos de sífilis congênita em 2006 contra 20.474 em 2016 segundo o Ministério da Saúde. Trata-se de um aumento de mais de 340%.

Clamídia

Eis uma DST silenciosa de prevalência quase desconhecida no Brasil, uma vez que não entra na lista de doenças de notificação obrigatória do Ministério da Saúde. Mas se sabe que é bem comum – a OMS (Organização Mundial de Saúde) estima 131 milhões de novos casos ao ano no planeta.

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A clamídia dá mais trabalho na verdade antes da gravidez: obstrui a tuba uterina e está ligada à infertilidade feminina. Mas as gestantes também devem ficar atentas com o problema, pois ele pode provocar o parto prematuro e ser transmitido ao bebê durante o parto. Daí, há o risco de conjuntivite, pneumonia e outras complicações.

A infeção, provocada por uma bactéria, às vezes nem tem sintomas ou eles são muito discretos. Pode haver uma secreção fluida sem muita cor ou cheiro, aumento da produção de xixi e dores na região pélvica. O tratamento é feito com antibióticos liberados para uso durante a gestação e deve incluir o parceiro, regra que, aliás, vale para quase todas as DSTs. Afinal, pouco adianta curar a infecção para recebê-la de novo.

Gonorreia

A bactéria por trás dessa doença passa facilmente de um hospedeiro para o outro e se instala no canal da urina, a uretra. Ali, provoca uma infecção com sinais mais evidentes. Há uma secreção amarela e purulenta, além de dor para fazer xixi. Seu tratamento envolve o uso de antibióticos e não deve ser menosprezado, pois a bactéria pode atingir outros locais do corpo, além do incômodo que causa na própria região pélvica.

A transmissão para o bebê ainda no útero é rara. O problema maior está no parto, quando o micro-organismo causador do quadro pode provocar conjuntivite e até cegueira. É por isso que os médicos pingam gotinhas de nitrato de prata nos olhos dos pequenos no nascimento.

Herpes

O tipo 1 do vírus, que pode causar feridas na boca, é muito comum na população e não costuma oferecer riscos ao bebê ainda barriga. Embora seja perigoso para os recém-nascidos, vale dizer, o risco real está nas lesões genitais, provocadas quase sempre pelo tipo 2.

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Há uma chance pequena de transmissão dentro do útero, por isso o tratamento deve ser feito à risca com medicamentos antivirais. Se as feridas estiverem presentes no final da gestação, é preciso considerar o parto cesárea, pois o vírus oferece riscos sérios ao bebê, que ainda não tem defesas suficientes contra ele.

Tem um detalhe: os membros dessa família nunca deixam o corpo. Eles seguem escondidos e se aproveitam de baixas na imunidade para voltar a provocar feridas. Então o parceiro pode transmitir o micro-organismo para a mulher mesmo que nunca tenha manifestado a doença. Por isso, é importante usar camisinha ou se certificar de que ambos não estejam contaminados – regra que, mais uma vez, vale para as outras DSTs.

Candidíase

A cândida, fungo por trás da candidíase, que provoca coceira, corrimentos esbranquiçados e dor, é inofensiva ao bebê. Que, aliás, também carregará esse micro-organismo como parte de si, assim como quase toda a população. Por isso, a candidíase não pode nem ser chamada de DST, uma vez que aparece espontaneamente por conta de outros fatores que desequilibram a flora vaginal.

Mesmo assim, vale procurar o médico para verificar as causas da proliferação. E tratar os sintomas, que costumam ser bem incômodos. O combate é feito com pomadas ou medicamentos antifúngicos, dependendo da gravidade da situação.

Hepatite B

Hoje as crianças são vacinadas logo após o nascimento, mas antigamente não era assim. Todos os que chegaram ao mundo antes de 1998, quando o imunizante foi incorporado no Sistema Único de Saúde, e que não tomaram a vacina depois disso podem contrair a doença pelo contato sexual.

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Assim, os médicos costumam pedir o exame como parte do pré-natal e, caso dê positivo, pode-se optar por tratamentos antivirais. Depois do parto, o bebê toma uma injeção de imunoglobulina humana junto com a vacina para eliminar o perigo.

HIV

Há uma tendência de aumento nos casos entre as gestantes, mas, segundo o Ministério da Saúde, isso se deve por conta do aumento na realização de testes rápidos. Em 2012, foram cerca de 365 mil exames distribuídos na rede pública para as futuras mamães, número que saltou para mais de 3,3 milhões só entre janeiro e outubro de 2017. O que é ótimo pois, quanto mais cedo o HIV é detectado, menor a chance de ele causar estragos.

Os medicamentos de hoje em dia têm menos efeitos colaterais e conseguem controlar bem a carga do HIV em circulação, mantendo a doença em si longe. Por isso mesmo, as soropositivas podem engravidar e ter bebês saudáveis, desde que com acompanhamento e uso de medicações para mãe e filho. Já se a mulher descobre durante a gravidez que tem o vírus, precisa começar o tratamento para manter a carga viral baixa até o parto. O controle é importante pois basta um descuido para que ele volte a se multiplicar e derrubar as defesas do organismo.

Evitando os problemas

Muito melhor do que tratar todas essas doenças ou ter que pensar se elas atingirão o bebê é se prevenir. E esse, infelizmente, é um campo onde temos falhado, segundo os especialistas. Mais do que não abrir mão do preservativo, a prevenção passa também por conversas francas com o parceiro, os médicos e derrubar tabus, como o teste do HIV.

Fontes consultadas

Paulo Nowak, ginecologista e obstetra da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo.

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Helio Sato, ginecologista da Universidade Federal de São Paulo.

 

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