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A importância da camisinha para preservar a fertilidade

O médico Mauricio Chehin, do Grupo Huntington Medicina Reprodutiva, esclarece questões cruciais para auxiliá-la a realizar o sonho da maternidade.

Por Dr. Maurício Chehin (colunista)
Atualizado em 20 jan 2017, 12h46 - Publicado em 15 jul 2015, 10h46

Boa parte da população já sabe que usar preservativo é fundamental. Além de ser um método contraceptivo, a camisinha evita que as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) se disseminem. Mas o que muitos desconhecem é que essa proteção é importante também para evitar a entrada de bactérias nos sistemas reprodutivos de homens e mulheres, capazes de prejudicar a fertilidade e exigir, inclusive, um tratamento de reprodução assistida.

Dois exemplos são o gonococo e a clamídia. Nas mulheres, essas bactérias estão entre as principais causadoras da doença inflamatória pélvica (DIP), que é uma das DSTs mais comuns em todo o mundo. Ela provoca uma infecção dos órgãos reprodutores e costuma atingir jovens no início da vida sexual – especialmente se há múltiplos parceiros.

Quando infectada, a paciente percebe o surgimento de sintomas em até quatro dias. Os principais são dores pélvicas, ardência ao urinar acompanhada de febre baixa, dor durante a relação sexual e a presença de um corrimento amarelo, com odor forte. Se não tratada a tempo, a doença pode migrar para áreas como útero, tubas uterinas e cavidade abdominal, causando dores na região do abdômen, sangramentos e aumentando a exposição a outras infecções. Nestes casos, é comum a infertilidade acontecer devido à infecção.

A grande dificuldade em relação à DIP, contudo, é que nem sempre o quadro clínico é assim, tão exuberante. Não raro, mulheres infectadas pela clamídia apresentam poucos ou até nenhum sintoma. Só que, mesmo assim, a infertilidade pode ser uma consequência. Por isso, procurar um especialista ao se deparar com qualquer um desses sinais é fundamental para que o diagnóstico precoce seja feito.

Quando a paciente está infectada, o uso de antibióticos – sempre sob orientação de especialistas – é receitado. Em quadros mais graves, pode ocorrer uma internação hospitalar para tratamento com antibióticos endovenosos ou até realização de cirurgia. Nesses casos, o risco de infertilidade é ainda maior.

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Para se manter longe dessa e de outras doenças, não tem jeito: camisinha sempre. Evitar o uso compartilhado de produtos de higiene também é aconselhável.

Nos homens

Entre eles, as infecções mais frequentes ocorrem na uretra e na próstata, órgão responsável por produzir o líquido ejaculatório. Por conta de suas funções e região do corpo em que se encontram, todo problema nesses dois locais pode afetar a fertilidade, bem como transmitir as bactérias para a parceira. As enfermidades mais comuns são a uretrite e a prostatite crônica, que costumam provocar pequenas alterações no sêmen e cuja origem também está associada às DSTs – por isso, vale o reforço: usar camisinha nunca é demais.

A prostatite crônica acomete de 10% a 14% dos homens de todas as idades e raças. Mas estimativas apontam que metade dos indivíduos do sexo masculino desenvolvem sintomas dessa doença em algum momento da vida. Os mais comuns são desconforto no períneo (entre a bolsa escrotal e o ânus), testículos e região lombar; aumento da frequência da vontade de urinar; diminuição da libido; e ejaculação dolorosa. O diagnóstico é feito por exames de urina, espermograma e cultura, que revelam a presença de bactérias, leucócitos e de sangramentos microscópicos (hematúrias). O tratamento se dá, geralmente, à base antibióticos.

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