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Alimentação e fertilidade masculina: o que dizem os estudos mais recentes

Muito açúcar pode prejudicar o esperma, enquanto vegetais têm efeito contrário. Já os suplementos de antioxidantes parecem não aumentar a fertilidade.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 16 mar 2020, 12h06 - Publicado em 16 mar 2020, 12h06
 (Good_Stock/Getty Images)
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Fatores relacionados ao estilo de vida, como sedentarismo, estresse, tabagismo e má alimentação podem afetar a fertilidade masculina. Manter uma alimentação saudável e reduzir o consumo de açúcar, por outro lado, parece atuar rapidamente para melhorar a saúde dos espermatozoides. 

É o que mostra um estudo conduzido pela Universidade de Linköping, na Suécia. O trabalho envolveu 15 homens sem problemas de saúde reprodutiva, submetidos a duas semanas de dieta. A primeira era baseada nas recomendações gerais de uma alimentação saudável – com mais frutas, vegetais, grãos integrais e boas gorduras. 

Já a segunda semana incluiu uma dose considerável de açúcar todos os dias, em média 375g, o equivalente a 3,5L de refrigerante ou 450g de doces. A ideia era avaliar se o exagero poderia alterar em pouco tempo o esperma, que foi colhido antes, durante e depois da intervenção. Outras medidas de saúde, como peso e amostras de sangue, foram avaliadas. 

Durante a semana de alimentação saudável, todos os homens viram a motilidade do esperma (medida que avalia a capacidade dos espermatozoides de se moverem até o óvulo) melhorar. No início do trabalho, cerca de um terço deles tinha esta mobilidade reduzida, uma porcentagem semelhante à da população em geral. 

Quando o açúcar entrou em cena, a motilidade se manteve estável, mas os pesquisadores notaram mudanças negativas no material genético dos espermatozoides. Os achados foram publicados em dezembro de 2019 no periódico Plos Biology. 

Mudanças genéticas para a próxima geração 

Além da função em si, o estudo investigou o material genético dos espermatozoides, e encontrou alterações na expressão dos genes (chamada tecnicamente de RNA). A expressão genética é importante porque determina como o gene irá se comportar – se será mais ou menos ativo. 

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O excesso de açúcar pareceu desregular pequenos fragmentos de RNA que, mais tarde, estarão envolvidos no metabolismo do filho. Os pesquisadores já observaram esse efeito em moscas, que tiveram filhotes com sobrepeso quando comiam muito açúcar antes de acasalar. 

Embora seja cedo para estender esse raciocínio aos humanos, as alterações notadas neste novo estudo indicam que pode, sim, haver uma influência da dieta do pai na saúde da próxima geração. 

Deficiências nutricionais e fertilidade 

“A deficiência de nutrientes importantes para a manutenção das funções reprodutoras, seja ele superior ou inferior às recomendações diárias, pode ter relação com a má qualidade, a baixa concentração, a alteração da forma e a produção de espermatozoides”, comenta Arnaldo Cambiaghi, ginecologista e obstetra do Centro de Reprodução Humana do IPGO.

Isso não quer dizer, contudo, que vale suplementar vitaminas e minerais que influenciam na saúde reprodutiva por conta própria. Na verdade, as cápsulas parecem não fazer diferença nas chances de engravidar. 

É o que sugere um outro estudo, conduzido pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, publicado recentemente no periódico Fertility and Sterility, da Associação Americana de Medicina Reprodutiva. 

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O trabalho avaliou um suplemento que combinava vitaminas C, E e D, selênio, l-cartinina, zinco, ácido fólico e licopeno. Combinações semelhantes são encontradas em vários produtos à venda na farmácia, que prometem atuar a favor da fertilidade do homem. 

Mais de 170 casais participaram da investigação, divididos em dois grupos. Um tomava as cápsulas com nutrientes de verdade, o outro um placebo. Depois de seis meses de tentativas de gravidez e análises de sêmen, os pesquisadores não encontraram nenhuma diferença significativa na qualidade dos espermatozoides. 

As taxas de nascimento foram até levemente maiores entre os casais que receberam o placebo, 24% contra 15%. Mas, como o número de participantes era pequeno, mais pesquisas serão necessárias para entender se eles são, de fato, ineficazes. 

Por enquanto, fica a recomendação de só tomar suplementos quando há a deficiência comprovada de algum nutriente e orientação médica. Já o cardápio rico em frutas, legumes e verduras está oficialmente recomendado em nome da saúde reprodutiva do homem (e da mulher). 

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