A importância de praticar atividade física na gravidez

Exercícios na gestação, inclusive na reta final dos nove meses, só trazem ganhos. E é uma pena - para a mãe e para o filho - que muita gente não se dê conta disso.

Por Gabriela Cupani (colaboradora)
Atualizado em 27 out 2016, 21h53 - Publicado em 28 Maio 2015, 16h52
Anna Omelchenko/Thinkstock/Getty Images
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Ninguém ousa discutir os benefícios da atividade física, mas, quando a mulher engravida, não faltam mães, tias e avós prontas para recomendar vivamente que a futura mamãe pegue bem leve – ou que, no máximo, faça uma caminhadinha. Uma pena. As gestantes podem e devem tirar proveito dos conhecidos efeitos positivos dos exercícios. Para elas, mexer-se traz ainda outro ganho: o risco de um parto prematuro cai pela metade.

Isso é o que revelou um estudo conduzido pelo professor de educação física Marlos Domingues na Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Ele avaliou o perfil de absolutamente todas as mulheres que deram à luz na cidade gaúcha em 2004 – algo em torno de 4 mil mães. A proporção de partos antes do programado foi menor entre as que se exercitaram durante toda a gestação e, principalmente, no terceiro trimestre, justamente o período em que as grávidas costumam reduzir o ritmo.

Enquanto alguns fatores de risco para a prematuridade vêm diminuindo – caso do tabagismo -, outros aumentam assustadoramente, caso da obesidade, do diabete gestacional e da pré-eclâmpsia. “Esses fatores, junto com a obesidade, podem ser minimizados com a atividade física”, lembra Marlos Domingues para justificar o achado.

Só vantagens

Antes de mais nada, que fique bem claro: cada grávida é uma grávida e a última palavra é sempre a do obstetra. Só ele pode dizer o que a paciente tem condições de fazer. Mas, com o sinal verde, a gestante ganha, e muito, se largar o sedentarismo. Engorda menos, não sofre tanto com dores nas costas e nas pernas graças ao fortalecimento da musculatura e tem menos risco de desenvolver diabete gestacional e hipertensão. Sem contar a melhora no condicionamento e no alongamento, o que facilita por tabela o trabalho de parto. Aliás, um mito precisa ser derrubado: longe de se tornar mais frágil, a futura mãe vira uma espécie de supermulher. Ela tem mais sangue em circulação, ganha flexibilidade, alguns sentidos se aguçam. “Tanto que a gravidez é considerada uma espécie de doping no meio esportivo”, compara Marlos Domingues.

Em princípio, não há nenhuma contraindicação para os exercícios nessa etapa da vida. E isso vale até para as sedentárias inveteradas. “Para elas, por se tratar de um período de intensa adaptação do organismo, vale mais do que nunca a regra de começar aos poucos e fazer uma atividade mais leve, como natação, hidroginástica, ioga, caminhada”, lembra Nilka Donadio, ginecologista e obstetra da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Nesse caso específico, os médicos são praticamente unânimes: as mulheres sedentárias só devem dar a largada após o terceiro mês de gestação, quando o embrião já se implantou. “Aí, há menos risco de aborto”, justifica o ginecologista e obstetra Claudio Bonduki, da Universidade Federal de São Paulo.

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Quanto às grávidas que já eram assíduas de quadras e academias, elas só precisam fazer um ajuste no ritmo e na intensidade – mas em geral podem manter todas as modalidades com as quais estavam habituadas, até mesmo a corrida. “A intensidade é que deve ser inversamente proporcional ao tempo da gestação”, nota o ortopedista Ricardo Cury, da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, lembrando que no fim da gravidez o barrigão pode, sim, incomodar – e pesar inclusive sobre as articulações. O fato é que carregar de 10 a 15 kg a mais, sofrer com inchaços e insônia e ainda ter que lidar com as oscilações de humor talvez não seja nada fácil, por mais que se pregue que é esse o tal momento mágico na vida de toda mulher. “Não há uma pílula para combater os transtornos típicos do período”, diz Marlos Domingues. “Os exercícios, sim, é que podem ser um santo remédio.”

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