26% das mulheres brasileiras sofrem com a depressão pós-parto

É o que aponta o primeiro estudo que mapeou o problema no país.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 28 out 2016, 14h48 - Publicado em 12 Maio 2016, 17h13
mulher com semblante triste sentada no chão de madeira
 (Katarzyna Bialasiewicz/Thinkstock/Getty Images)
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Depressão pós-parto (DPP) é coisa séria. Além de desânimo, baixa autoestima, falta de prazer e alterações no sono e no apetite, a nova mamãe também apresenta desinteresse pelos cuidados com a criança. Para ela, estar com o filho recém-nascido e dar a atenção que ele necessita pode ser algo extremamente difícil e nada prazeroso. E pasme: os índices de um problema tão grave como esse ainda não haviam sido mapeados no Brasil. Mas agora, graças a um estudo publicado em abril de 2016 na revista científica Journal of Affective Disorders, foi possível saber que essa tristeza profunda que surge no puerpério é mais comum do que muita gente imagina – uma em cada quatro mulheres sofre com a DPP por aqui.

Para esse trabalho, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) passaram por 200 municípios (incluindo todas as capitais estaduais) entrevistando, ainda na maternidade, mulheres que tiveram filhos. Elas responderam a questões sobre temas como gestação, saúde reprodutiva, atendimento médico e parto. No total, participaram do levantamento 23 894 voluntárias, representantes de todas as classes sociais. Três meses depois do nascimento das crianças, os estudiosos entraram em contato por telefone com essas mães para saber como elas e seus bebês estavam. E seis meses após terem dado à luz, as participantes receberam outra ligação – dessa vez, o objetivo era investigar se ainda havia sinais de depressão pós-parto.

O distúrbio estava presente em 26,3% das entrevistadas. Aquelas que apresentavam histórico de depressão antes de ter filho se mostraram as mais propensas a desenvolver a DPP. Mas outros fatores também podem contribuir para que o problema apareça, de acordo com a pesquisa: baixa renda, consumo de bebidas alcoólicas, gravidez não planejada e falta de apoio durante a gestação e o parto são alguns deles.

Já intervenções obstétricas e complicações gestacionais e na hora do nascimento não foram associadas à DPP na investigação. “Ainda não há evidências consistentes na literatura científica de que os procedimentos e tudo o que envolve o trabalho de parto possam levar ao desenvolvimento da depressão”, conta a pesquisadora que coordenou o estudo, Mariza Theme, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), ligada à Fiocruz.

Cuidando da mãe com DPP

Ao contrário do baby blues, aquele estado de melancolia que domina a mulher nos primeiros dias do bebê em casa, a depressão pós-parto costuma dar as caras um mês após o nascimento da criança. “Ela tem um início mais lento e vai progredindo. Se não for identificada, pode durar bastante tempo“, revela Mariza. Daí a importância de a nova mãe contar com o apoio do parceiro, da família e de um profissional de saúde. Todos aqueles que estão ao lado dessa mulher precisam estar atentos ao seu comportamento e, se notarem que ela está depressiva por mais do que alguns dias, devem buscar ajuda.

Durante a gravidez, também é fundamental que a futura mamãe conte com pessoas nas quais ela possa confiar e tirar todas as suas dúvidas. “Se você não estabelece vínculos, todas as angústias vão se acumulando e podem ser um gatilho para um quadro de depressão pós-parto”, adverte a pesquisadora da ENSP. 

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