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“Fumar cotonete”: o novo desafio das redes que está preocupando os pais

Trend incentiva crianças e adolescentes a acender uma ponta da haste e inalar a fumaça pela outra. Entenda quais são os riscos e como proteger seu filho

Por Carla Leonardi
4 nov 2022, 14h55

Os desafios da internet podem ser tão conhecidos quanto perigosos, principalmente por atraírem usuários mais jovens das redes sociais, sobretudo adolescentes e crianças, que muitas vezes não avaliam os riscos que correm ao participar daquilo que acham ser apenas uma “brincadeira”. Agora, a trend que está se formando é a de “fumar cotonete” – isso mesmo: a prática consiste em acender um ponto da haste flexível e “tragar” a fumaça que sai pelo outro lado. Se isso parece inimaginável, saiba que a moda já tem adeptos no Tik Tok em países como Portugal, França e Brasil, mas vai além da rede.

Segundo a publicação francesa Le Point e a lusitana Sábado, nas cidades portuguesas de Lisboa e Cascais o hábito já se nota nas escolas. A ideia não é nova, porém – no YouTube, por exemplo, há vídeos antigos ensinando ou mostrando a prática. E se o desafio ainda não ganhou a proporção que pode tomar, essa é a hora de ter atenção ao que os filhos consomem na internet, alertando-os sobre os perigos.

“Esse é um tipo de ‘brincadeira’ que a gente vê cada vez mais por conta da curiosidade dos adolescentes ou das crianças em copiar o estilo dos adultos, então eles os veem fumando – seja cigarro [comum] ou eletrônico – e acabam procurando em casa alguma coisa que possa se aproximar disso”, pontua Caroline Peev, pediatra e coordenadora do Pronto-Socorro do Hospital Sabará Infantil.

A médica alerta ainda para as possíveis consequências da prática. “Além da intoxicação por aspirar a fumaça produzida pela queima do algodão e do plástico, pode gerar queimaduras na boca, nos dedos, nas narinas e nos pelos nasais. Ainda pode desencadear uma crise de asma ou bronquite, pois serve como um estimulador, e também crises de rinite com tosse e espirros, gerando um quadro alérgico”, explica, ressaltando a importância de desencorajar os jovens, falando sobre esses efeitos, que podem ser imediatos.

Sabendo que essa prática existe, vale ter atenção no dia a dia da criança e do adolescente, já que eles podem ir além do desafio pontual da internet – o que é ainda mais prejudicial. Brunna Santana, pneumologista do Grupo Prontobaby, reforça que o cotonete pode trazer ainda mais malefícios do que um cigarro comum, já que as substâncias tóxicas são inaladas sem qualquer controle. Em casos graves de inflamação de vias aéreas com insuficiência respiratória aguda, a médica afirma que pode levar até a óbito.

Em agosto deste ano, Archie Battersbee, garoto britânico de 13 anos, foi encontrado inconsciente após participar de um desafio que consistia em ficar o maior tempo possível sem respirar ao se estrangular. Ele acabou tendo morte cerebral e os aparelhos que o mantinham vivo no hospital foram desligados meses depois.

Certamente, esses não são os únicos desafios absurdos da internet e não serão os últimos. O importante, sempre, é conversar com os filhos e manter um canal de comunicação aberto com eles, alertando para os riscos, permanecendo atento ao comportamento deles e, na medida do possível e de acordo com cada idade, monitorando o que acessam na internet.

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