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Família Pessoa Tardivo: “Não queremos ser exemplo, mas inspirar os outros”

Neste Dia dos Pais, os criadores de conteúdo Tiago e Paulo falam sobre a adoção dos filhos e o trabalho nas redes sociais

Por Carla Leonardi
13 ago 2023, 07h00
Os pais e as crianças sentados e sorrindo.
 (Família Pessoa Tardivo/Arquivo Pessoal)
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Tiago Pessoa, ator e criador de conteúdo, de 42 anos, e Paulo Tardivo, de 39, que, além de ator e criador de conteúdo, como o marido, é também culinarista, fazem sucesso nas redes sociais com o perfil da Família Pessoa Tardivo (@familiapessoatardivo). Depois de sete anos juntos, o casal resolveu que era hora de trazer mais gente especial para casa. Foi assim que, há cinco anos, eles adotaram os irmãos Sara e Davi.

Aqui, em depoimento exclusivo ao BEBÊ, Tiago conta como foi o processo de adoção e como é o trabalho na internet inspirando outras famílias.

“Nós estamos juntos há quase 14 anos e sempre tivemos o sonho de sermos pais. Aos 9 anos de idade, quando me perguntavam o que eu queria ser, eu dizia que queria ser pai. O Paulo também já pensava nisso e, quando nos conhecemos, compartilhamos essa vontade.

“Nunca pensamos em nos tornarmos pais por outro meio que não fosse pela adoção.”

Com 7 anos de casamento, decidimos que aquele era o momento certo. Quando entendemos que a nossa relação já estava madura, num momento financeiro bom, que já nos compreendíamos enquanto casal, procuramos o Fórum e começamos o processo.

Sara e Davi são irmãos biológicos e chegaram na nossa vida ao mesmo tempo, conhecemos os dois no mesmo dia. Nosso processo foi tranquilo e durou em torno de dois anos, dois anos e meio. A fase de adaptação da Sara foi um pouco mais demorada, porque ela já tinha 5 anos, mas o Davi era só um bebê, tinha apenas três meses. Agora, olhando de fora, tendo distância de todos os sentimentos que vivemos na época, vejo que foi uma adaptação muito rápida e tranquila.

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Nós não ficamos muito tempo na fila, porque nosso cadastro era amplo. Nosso perfil era de zero a seis anos, sem muitas restrições e acho que, por isso, não esperamos muito.

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As emoções do processo de adoção

Nós nunca tivemos medo por ser um casal homoafetivo, por sermos dupla paternidade. Aqui em São Paulo, no Fórum em que fizemos o processo, nunca sofremos nenhum tipo de discriminação, foi muito sério e igualitário. Em nenhum momento passou pela nossa cabeça que isso poderia nos prejudicar ou atrapalhar.

“Você percorre várias emoções durante esse processo. É preciso lidar com a ansiedade, com expectativas, não se sabe o tempo de fila….”

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Desde o momento que procura o Fórum, você se sente ‘grávido’, à espera do seu filho, mas não sabe quando isso pode acontecer. É muito sentimento envolvido, mas o que a gente sempre tenta compartilhar com quem está nessa fase é tentar segurar a ansiedade e ter a certeza de que seu filho ou sua filha vai nascer para você e isso vai acontecer no momento certo.

A relação das crianças com nossa família é incrível, saudável e cheia de amor! Eles foram muito aguardados. Desde o começo, todo mundo sabia, nossos familiares e amigos, então todos viveram essa espera com a gente. Foram muito festejados quando chegaram.

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O trabalho de representatividade nas redes

Nós nunca projetamos entrar nas redes e trabalhar com isso. Foi por acaso. Era o boom do TikTok e eu fiz uma conta no meu nome para brincar com a Sara, achando que ninguém fosse ver. Não planejamos virar influencers e trabalhar com isso, muito menos envolvendo as crianças. Mas aí o terceiro vídeo viralizou e assim por diante. Começamos a receber muitas mensagens sobre adoção e vimos como representamos tanta gente, o quão sério isso é.

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“Não queremos ser exemplos, porque não somos perfeitos, mas inspirar as pessoas a acreditar em seus sonhos.”

Na adolescência, me entendendo gay, eu achava que a paternidade não seria possível, porque eu não tinha a referência de um pai como eu, de uma família como a que tenho hoje. Então, agora, somos inspiração para as pessoas, para mostrar que é possível. Nós recebemos muito amor nas redes e o saldo é muito positivo, somos muito felizes com esse trabalho!

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Também recebemos ataques, sim, mas decidimos transformar tudo isso em conteúdo de humor, informação e amor. São pessoas que não têm nem rosto na internet, estão ali só para agredir. Transformamos tudo em conteúdo e trabalho, mas não damos palco para elas. Nas ruas, pelo contrário, nunca sofremos nenhum tipo de preconceito e somos sempre abordados com muito carinho e amor.

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Nosso principal objetivo é naturalizar a nossa formação familiar. Mostrar para as pessoas que nossa família existe e é igual a sua, que está do outro lado, com os mesmos perrengues, as mesmas dificuldades e o mesmo prazer de ser família.

Desejo um feliz Dia dos Pais e muito amor a todos!”

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