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A importância da presença dos avós durante a infância

Conhecer a própria história, conviver com os mais velhos e receber carinho sem fim. Entenda a relevância deles na vida das crianças.

Por Carla Leonardi
26 jul 2022, 12h01

Você tinha regras à mesa, nunca podia comer um docinho fora de hora e ai de quem deixasse um brinquedo no tapete após brincar! Eis que, décadas depois, seus filhos fazem tudo isso (e muito mais) na casa deles: os seus pais. Sim, eles mesmos, que receberam o título de “avós” e imediatamente se esqueceram de quase todos os famosos “nãos de que as crianças precisam”. O mundo gira, não é mesmo?

E ainda bem. Que sorte a das crianças que podem crescer contando com a presença dos avós. Os “pais com açúcar” que, agora, se veem com menos responsabilidade e muito mais diversão.

Conhecer o passado para elaborar o presente

Além do afeto que transborda, os pequenos que têm essa oportunidade conhecem a história da família e, como consequência, sua própria história. Se você tem filho pequeno ou se lembra bem dos primeiros anos dele, deve ter reparado como a criança, ainda novinha, acha que todo o mundo gira em torno de si.

Com o tempo, conforme ela cresce, vai entendendo que a mãe é irmã de alguém, que o pai não é apenas pai, mas também filho, e assim por diante. Por isso, os pequenos que têm contato com os avós aprendem logo que existe um passado para além deles e uma família da qual fazem parte.

“As crianças conseguem ver os pais não só como os adultos que são, mas também como filhos de alguém, e isso ajuda a construir o senso de pertencimento que é tão importante para nós”, diz a psicóloga clínica e psicopedagoga Jéssica Ferreira de Aguiar Bueno, certificada em Educação Parental pela Positive Discipline Association. “Nós, humanos, buscamos pertencer a algo e esse contato próximo com os avós auxilia na compreensão de ‘quem eu sou e de onde eu vim’”, acrescenta.

Isso, segundo a especialista, vai impactar não apenas a infância, mas também a vida adulta, que é quando o indivíduo “decide quais valores familiares ele quer levar adiante e com quais ciclos ele quer romper para que não se repitam nas próximas gerações”, explica Jéssica.

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bebê e mão do avô

Empatia e respeito pelo envelhecimento

Conviver com os avós de forma saudável ajuda, ainda, no desenvolvimento da empatia em relação aos mais velhos. Ter pessoas idosas por perto é uma oportunidade e tanto para que os pequenos – com a ajuda dos adultos – observem que existem diferenças geracionais e também aquelas ligadas à idade, e para que eles saibam lidar com essas questões de maneira natural.

“A criança vai percebendo o lugar dos avós na dinâmica familiar e na sociedade. Ela consegue ir desenvolvendo paciência e respeito em relação às limitações que as pessoas mais idosas têm, e é importante que aprenda de fato, para que leve isso para o resto da vida. É essencial que ela note o envelhecimento como algo natural, que acontece com todos”, destaca a psicopedagoga.

Neta abraçada com o avô - Dia dos Avós
  (LightFieldStudios/Thinkstock/Getty Images)

“Pais com açúcar”: afeto para dar e vender

Não há dúvidas de que ter os avós por perto e poder receber todo o carinho deles é um privilégio, afinal, trata-se de uma relação diferente da que se tem com os pais. “Não é maior nem melhor”, diz Jéssica, que ressalta: “Os pais são tão afetuosos quanto, mas eles têm uma carga muito maior de responsabilidades. Já os avós estão ali para oferecer apoio a seus filhos, mas carinho aos netos, e isso é muito importante, pois sabemos que as relações afetivas desenvolvem a inteligência emocional”. Afeto, portanto, nunca é demais na primeira infância.

Mas e quando os zelo com os netos extrapola as regras estabelecidas pelos pais? Aí é uma questão de manter o canal de comunicação aberto com os avós, para que não haja desautorização, afinal, “eles já cumpriram seu dever quando foram protagonistas na educação e na formação de suas crianças e não devem assumir esse papel com os netos”, alerta a psicóloga. É importante que haja respeito mútuo e que os avós confiem na habilidade de seus filhos em educar. 

Então quer dizer que aquele docinho a mais está fora de questão? Também não é para tanto. O essencial, de acordo com Jéssica, é que os pais estejam muito bem alinhados com seu propósito de vida e educação com os filhos. “Assim, os mimos não vão ser suficientes para desestabilizar a rotina da família”, finaliza.

Ou seja: vovós e vovôs, fiquem tranquilos! A bagunça e a comilança – de vez em quando – estão liberadas! E os abraços e beijinhos? Bom, esses não precisam ter limites nunca! ❤️

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