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Ao descobrir dermatite atópica do filho, mãe cria marca de roupas infantis

Sem encontrar peças com o tecido ideal para a pele de Felipe, Luciana Moura Andrade decidiu vestir o pequeno e tantas outras crianças

Por Carla Leonardi
16 abr 2023, 14h00

Foi ao saber sobre a dermatite atópica do filho, Felipe, aos cinco meses de vida, que Luciana resolveu criar sua própria marca de roupas. Sem encontrar peças produzidas com o tecido ideal para a pele do pequeno, que sofria com lesões que descamam e coçam muito, ela decidiu vestir o filho e tantas outras crianças. Em meio ao processo de desenvolvimento do negócio, a família ainda ganhou mais um garotinho, o Gabriel. Confira, a seguir, o depoimento completo da idealizadora da Passalinho!

“Me chamo Luciana Moura Andrade, tenho 35 anos, sou casada e fui publicitária por uma década. Depois de uma temporada morando em Nova Iorque, engravidei e decidi não voltar mais para o trabalho como estava acostumada. Já sabia que gostaria de ter alguma coisa minha, só não sabia exatamente o que seria.

Era março de 2020 quando nasceu Felipe, meu primeiro filho. Me dediquei completamente a ele durante os primeiros meses. Estávamos bem no início da pandemia, e foi um período de bastante solidão, medo e expectativa. Aos 5 meses, ele teve sua primeira crise de dermatite atópica e fiquei bastante preocupada. As lesões se espalhavam pelo corpo todo. São feridas avermelhadas que descamam, coçam e dão muita irritação na criança. Era como se eu tivesse esquecido ele no sol.

Muito aflita, procurei alguns especialistas e fui aprendendo como cuidar da pele dele. Entendi que essa é uma condição que Felipe terá, se não por toda a vida, talvez por boa parte dela, e tudo o que podemos fazer é aprender a lidar e a controlar as crises. Confesso que, por um período, eu me preocupava se havia algo que tivesse feito para provocar as crises, se era culpa minha. Até que finalmente entendi que a dermatite atópica é uma doença genética e que, bem controlada, permite à criança ter uma vida completamente normal.

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Criando a própria solução

Entre os cuidados que passamos a ter com a pele do Felipe estavam não só os produtos de limpeza e higiene que ele tolera melhor, mas principalmente as roupas que pode usar. Todo o enxoval até 1 ano de idade tinha sido feito no exterior, quando eu morava em Nova Iorque, e já de volta ao Brasil, tive que me desfazer de tudo o que havia comprado e substituir por peças de algodão, sem fibras sintéticas na composição. Foi nessa busca pela melhor opção de roupa para meu filho que descobri o algodão pima.

O pima cresce em pouquíssimos lugares do mundo e representa apenas 3% da produção mundial de algodão. Suas fibras são extralongas e ultramacias, o que confere ao tecido feito com essas plumas um toque muito mais macio e durável. Infelizmente no Brasil eu não encontrei roupas em algodão pima para a idade do Felipe e, por isso, decidi que faria as melhores roupas para meu filho e outras crianças poderem crescer livremente, brincar sem limitações e se desenvolverem com conforto e segurança.

Não satisfeita em trazer um algodão supermacio, decidi que queria uma matéria-prima muito pura. Após semanas de pesquisa, testes e muitas amostras, decidi importar do Peru o melhor algodão que eu já coloquei nas mãos: 100% Algodão Pima Orgânico, que não leva agrotóxicos e pesticidas no cultivo, além de ter o certificado da GOTS [Global Organic Textile Standard] de responsabilidade socioambiental na cadeia, o que garante que a mão-de-obra do campo e da indústria é justa, remunerada e não possui trabalho infantil.

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O início da Passalinho

Fechado o contrato com o fornecedor de tecido, enquanto produziam no Peru meu pedido, aqui no Brasil eu comecei a trabalhar nas demais frentes do negócio: montei sozinha meu site, contratei uma agência para desenvolver meu logo, cotei diversas gráficas para produção do material impresso, comprei caixas, testei várias fragrâncias para a marca e abri o Instagram. Nessa mesma fase, descobri estar grávida do meu segundo menino!

Em janeiro de 2021, após 5 meses do início do meu sonho, chegou a primeira importação do tecido nas cores que eu desenvolvi. Foi ali que as coisas começaram a se materializar. Com o tecido em mãos, eu precisava transformar a matéria-prima em produto final e disponibilizar para venda. Contratei então uma oficina maravilhosa, aprovei as peças piloto, desenhei a grade e começamos a produzir.

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Produto entregue, no dia 6 de abril fizemos nossa primeira venda e lançamos oficialmente a Passalinho (nome dado em homenagem ao Felipe, apelido carinhoso que dei para ele quando era bebezinho). Fazia tudo de casa – inclusive guardava o estoque no que seria a sala de TV do nosso apartamento. Quase 3 meses depois do lançamento e com as vendas aumentando rapidamente, eu estava em casa gravando alguns vídeos para o Instagram quando comecei a sentir um pouco de cólica.

Nesse mesmo dia, corremos para o hospital (com a mala mal feita, porque meu pequeno chegou um pouco antes do previsto) e poucas horas depois nasceu Gabriel, em uma noite gelada no final de julho de 2021, durante a fase emergencial da pandemia. A Passalinho ficou ‘parada’ por 3 dias, mas, assim que cheguei em casa da maternidade, já retomei as encomendas. Uma das vantagens de trabalhar para mim mesma se mostrou exatamente essa: faço minha agenda, administro meu tempo como quero e como posso.

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Os pequenos Gabriel e Felipe

A concretização do projeto

O tempo passou, a empresa foi ganhando corpo e meus meninos (com apenas 1 ano e 4 meses de diferença de idade) foram crescendo juntos. Descobrimos que Gabriel também tem dermatite atópica, em um grau muito mais leve do que Felipe, mas seguimos cuidando da pele dos dois com muita consciência de que peles sensíveis precisam de mais atenção.

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No início de 2022, já com pedidos entrando diariamente e a empresa de certa forma mais estruturada, decidi que precisava tirar a sede de dentro de casa. Foi em maio de 2022 que encontramos o primeiro escritório oficial da Passalinho, de onde escrevo hoje esse texto, me sentindo bastante realizada. A Passalinho se tornou mais do que o meu trabalho. É hoje um lugar que me permite me sentir produtiva, desafiada, me encontrar comigo mesma após ser mãe e trabalhar pensando nos meus filhos e no bem-estar de todas as crianças que temos o privilégio de vestir.

E é, de fato, um privilégio poder vestir crianças. Pensar em todos os detalhes para que elas se sintam livres, estejam confortáveis e protegidas é a nossa missão e é como honramos a infância todos os dias.”

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