A criança flagrou os pais fazendo sexo: e agora?
O receio de ser surpreendido em um momento de intimidade é ainda maior quando falamos de filhos. Saiba como abordá-los e como e agir nesta situação
Para muitas pessoas, ser flagrado durante o sexo é, no mínimo, embaraçoso. E, quando aquele que presencia a cena é o filho pequeno, o fato torna-se ainda mais complexo. Assim como a criança naquela hora, é normal que os adultos se sintam confusos ou indecisos sobre como tocar no assunto com o pequeno.
Para a psicóloga infantil, orientadora de pais e mestre em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) Daniele Sita, se a criança for exposta a essa situação, a forma de intervir dependerá da idade, do nível de desenvolvimento e de compreensão dela sobre o episódio – além do quanto ela já foi educada sexualmente. Pensando no ato sexual, podemos dizer os pequenos ainda não apresentam um entendimento sobre o tema, já que supostamente não têm acesso a esse tipo de informação. Então, de modo geral, a criança não conseguirá interpretar o que aconteceu ali.
O ideal, no primeiro instante, é que os pais mantenham um diálogo fundado no que o próprio filho trouxer. Perguntar o que ele viu, o que entendeu do que viu e, só a partir daí, desenvolver uma resposta que satisfaça a curiosidade da criança e que a respeite, sem introduzir conteúdos desnecessários.
“Os responsáveis devem responder às questões com naturalidade. De forma simples, direta, sem ficar floreando ou inventando contos de fadas”, orienta a especialista.
Respeite o nível de compreensão da criança
Adequar o diálogo ao nível de desenvolvimento e compreensão da criança é importante para os pais conseguirem fazer com que a conversa seja significativa para ela também. Não adianta querer explicar sobre relações sexuais para um filho que é muito pequeno, uma vez que o nível de entendimento dele não vai acompanhar o do conteúdo.
“Quanto mais nova a criança, mais simples e diretas devem ser as respostas. Conforme ela for elaborando dúvidas mais complexas, aí sim as explicações têm que seguir o novo ritmo e atender a este outro nível de curiosidade”, recomenda Daniele.
O natural é que a criança, quando vai se desenvolvendo, passe a ter interesse sobre assuntos que envolvem a sexualidade. As perguntas vão começar a surgir, e aí sim os pais precisam estar prontos para responder às questões iniciais e satisfazer a curiosidade do filho. “Os responsáveis têm que estabelecer um diálogo sempre partindo das dúvidas que a criança já tem”, aconselha a psicóloga.
A proteção à infância vem sempre em primeiro lugar!
Lidar com um fato deste tipo pode ser embaraçoso para os adultos. Contudo, a especialista ressalta que expor o filho a uma situação dessa também pode se enquadrar como uma violação do direito da criança. “É importante que os pais tenham o entendimento de que a proteção da criança vem em primeiro lugar. Eles devem pensar sempre nas estratégias para tentar não violar o direito do filho e protegê-lo”, completa.
Lembrando que isso não quer dizer que o pequeno precisa ser privado de toda demonstração de carinho e afeto entre os cuidadores – mas apenas daquelas que violem o direito dessa criança.
Algumas das orientações da especialista para que os filhos sejam preservados são que a prática do ato sexual do casal aconteça quando as crianças não estiverem em casa ou os responsáveis busquem sair do local. Além disso, a tranca na porta do quarto também pode ser uma importante aliada.
No caso de os pais perceberem que o filho teve uma mudança de comportamento ou começou a apresentar condutas mais sexualizadas após o ocorrido, é fundamental que busquem ajuda profissional para tentar, de alguma forma, dar assistência a ele.