“20 meses após adotar um filho de usuários de crack: o que mudou”
Mãe solo, Annie Baracat conta como tem sido sua vida depois da maternidade.
No dia 5 de agosto de 2016, a fotógrafa Annie Baracat se tornou mãe. Aos 38 anos, Lilo chegou para mudar a sua vida. Fruto de uma adoção, o pequeno foi gerado por uma usuária de crack e conheceu sua nova família quando tinha seis meses de vida. No ano passado, Annie contou em um Confessionário como tinha sido a sua trajetória na fila da adoção e como ela se sentia sendo mãe pela primeira vez. Hoje, o pequeno está com dois anos e um mês e Annie volta para contar o que mudou nesse período.
“Lilo chegou à minha vida através da adoção no dia em que completei 38 anos e estamos juntos há exatos 20 meses. Foi maravilhoso me tornar mãe. Foi muito melhor do que eu imaginava. De lá para cá, minha vida mudou muito, minha prioridade é ele, meus horários giram em torno dele. Nossa relação é de muito afeto, amor e cumplicidade. Ouvi-lo me chamar de mãe, saber que procura meu colo e meu olhar para se sentir seguro, para se sentir amado, me traz um sentimento maravilhoso de empoderamento. É mágico me sentir tão amada.
Quando chegou, ele estava com 6 meses e, hoje, prestes a completar 26 meses, é um garotinho lindo. Tem crescido forte, amoroso e esperto. A escola nos ajuda muito no desenvolvimento e aprendizado de atividades importantes para a idade dele. Nasceu com Hepatite C e, quando completou 1 ano, fizemos um exame de sangue e descobrimos que era apenas o vírus circulante da genitora que estava no corpinho dele. No dia em que estávamos no consultório do pediatra e soubemos deste resultado fizemos festa! Além disso, observo o crescimento dele e, graças a Deus, mesmo tendo vindo de um forninho onde provavelmente não houve nutrição suficiente e tendo tido contato no ventre com drogas, ele cresce saudável.
Logo que resolvi optar pela adoção solo recebi críticas de todo tipo. Das pessoas que palpitavam sobre a origem do meu filho, das que achavam absurdo adotar solteira, que eu não seria capaz de fazer tudo sozinha… Desde que meu filho chegou, o comportamento mudou muito. As pessoas em geral me acham uma pessoa iluminada, generosa por ter optado pela adoção. Raras entendem que a presenteada sou eu. É difícil, sim, ser mãe sozinha, mas isso nada em a ver com a adoção. Adoção é banhada em amor, é a escolha em ser mãe e pai, é aguardar ansiosamente essa chegada. Muitas vezes é uma espera angustiante. Mas é sem dúvidas um amor avassalador!
Desde a chegada do meu filho enfrentei duas demissões, e uma delas está sendo vivenciada neste momento. Por ter mudado minha forma de pensar, de consumir, estamos vivendo uma vida mais simples, mas sobrevivendo neste momento de desemprego.
Olhando o dia da chegada do meu amor até hoje, março de 2018, vejo que não sei mais como era minha vida antes dele. Minha rotina é bem cansativa, por muitos e muitos dias me sinto exausta, física e emocionalmente, mas quando ele me chama (sim, ele já fala e já está passando pelo desfralde) os problemas ficam menores. Lilo uniu a família, conquistou todos ao nosso redor e ainda me presenteou com duas irmãs amigas, que moram perto, são minhas amigas de infância, nos falamos diariamente e é maravilhoso ver meu filho crescer com as filhas delas.
Por essas e tantas outras que eu digo que a presenteada fui eu. Ele me trouxe amor e união.”
Confira, a seguir, o texto “Carta para uma futura mãe do coração”, que Annie compartilhou em sua conta no Instagram: