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Suplementação de vitaminas na infância: o que você precisa saber?

As ofertas nas prateleiras são muitas, mas não é sempre que você precisa apelar às doses extras de nutrientes para reforçar a saúde do filho. Entenda!

Por Chloé Pinheiro
16 mar 2018, 12h35
Suplementação de vitaminas na infância
 (Ritter75/)
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Algumas mães chegaram a tomar na própria infância uma série de complementos famosos: óleo de fígado de bacalhau, pílulas multivitamínicas com sabor de balinha e por aí vai. Mas a suplementação deve ser feita sempre com cautela e orientação médica, segundo os especialistas.

“Há muitos suplementos à venda, mas a necessidade real é pequena”, aponta Thiago Gara, pediatra e gastroenterologista do Hospital e Maternidade São Luiz Anália Franco e São Caetano. A exceção fica por conta da vitamina D, como explicaremos abaixo, que é utilizada há anos para favorecer o desenvolvimento dos ossos e o fechamento da moleira.

De resto, vale ponderar alguns pontos antes de recorrer à elas. “O uso no pediatra acaba sendo muito mais pautado pela crença dos pais de que a vitamina faz bem do que pelo benefício”, explica Ary Lopes Cardoso, nutrólogo chefe do Departamento de Nutrologia do Instituto da Criança da Universidade de São Paulo (USP).

Vitamina D

A Sociedade Brasileira de Pediatria, assim como sociedades médicas de outros países, orienta que, além dos banhos de sol, os bebês tomem 400 UI de vitamina D diariamente – da primeira semana de vida ao primeiro aniversário. Depois, são 600 UI diárias até o segundo ano.

Depois dessa idade, não está claro qual seria a quantidade ideal e os efeitos da suplementação do corpo. Para garantir aporte adequado do nutriente a partir daí, invista nos banhos de sol por pelo menos dez minutos ao dia ou três vezes na semana — conduta que, aliás, deve ser seguida também com os bebês.

As doses preconizadas hoje são seguras e necessárias, mas devem ser seguidas à risca, uma vez que o excesso de vitamina D está ligado à problemas nos rins e outros. “Hoje a suplementação inadequada virou um problema, pois estamos vendo casos de crianças com depósito de cálcio por excesso de vitamina D, que pode provocar problemas nos rins e outros”, alerta Cardoso.

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Outras fontes de vitamina D, em menor proporção, são alguns alimentos. O salmão e outras carnes e derivados são as principais delas, mas alguns leites e outros produtos são fortificados com a substâncias. As fórmulas lácteas que substituem o leite materno são incrementadas com o nutriente, então vale consultar o pediatra para saber quando o bebê está recebendo dele.

Vitamina A

Ela não é obrigatória para todas as crianças, mas as apresentações da vitamina D geralmente comercializadas para bebês já costumam conter o nutriente, que é bem-vindo. “Ela também é importante para o desenvolvimento dos ossos, pele e visão”, aponta Marun David Cury, pediatra da Associação Paulista de Medicina (APM).

Depois do segundo ano de vida não há a indicação de continuar suplementando, mas sim investir nos alimentos que são fontes do nutriente. A vitamina A está na gema do ovo, fígado do boi, leite e em vegetais amarelos, laranja e verde-escuros: mamão, manga e espinafre são ótimos exemplos aqui.

Ferro

O sulfato ferroso é indicado para prematuros, mas não deve ser usado em crianças nascidas à termo e, especialmente, que mamem corretamente. “O ferro do leite materno é muito bem absorvido, e as fórmulas lácteas também são fortificadas com ele”, aponta Cardoso.

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Já crianças que tomam leite de vaca no primeiro ano de vida, o que não é o ideal, devem sim tomar o complemento de ferro. “Infelizmente, esse é um aspecto no qual o Brasil ainda peca, as estatísticas mostram que 70% das crianças que não são amamentadas recebem o leite de vaca”, destaca Cardoso.

Há ainda uma outra situação que pode exigir o suplemento no começo da vida. “Ocorre que, por estar em um período de adaptação de suas hemoglobinas, as crianças passam por uma espécie de anemia fisiológica por volta dos dois meses de vida, mas o quadro regride sozinho”, observa Cury. Caso isso não ocorra e a palidez persista, aí sim é o caso de perguntar ao pediatra sobre o reforço.

Depois disso, se estiver tudo bem, não há razão para suplementar. “Se comer feijão todo dia a criança não terá deficiência de ferro”, atesta Cardoso.

Outras vitaminas

Diversos nutrientes são necessários para o desenvolvimento infantil, mas a maioria deles é obtida com a amamentação exclusiva até os seis meses e a introdução de uma alimentação completa e balanceada. “O leite da mãe é a melhor fonte neste sentido, e, depois dos seis meses, se o bebê está comendo bem e não tem deficiências, não é preciso dar polivitamínico nenhum”, aponta Cardoso.

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Para saber se seu bebê precisa de suplemento, os especialistas recomendam confiar mais nos sintomas do que na dosagem de vitamina por meio de exames de sangue. As deficiências são raras, mas, quando ocorrem, os sinais são claros: crescimento comprometido, atrasos no desenvolvimento e no fechamento da moleira, baixa estatura e por aí vai.

Já comer mal em si não é indicação. “Muitas crianças acabam com uma dieta inadequada, com excesso de gordura e açúcar, mas a solução para isso é melhorar a alimentação antes de pensar em suplementar”, concorda Cury.

Vale lembrar que, além das vitaminas mais famosas, outras centenas de substâncias importantes para a saúde estão na comida de verdade, os micronutrientes: compostos fenólicos, minerais e outras moléculas que estão nos alimentos naturais, não em cápsulas isoladas.

“Sem contar que esses suplementos têm açúcar, que ajudam a engordar, e podem transmitir à criança a ideia de que ela precisa sempre tomar algo para se sentir bem ter saúde”, encerra Gara.

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