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Benefícios a longo prazo do uso de ferro em bebês de baixo peso

Estudo mostra que a oferta do nutriente não só reduz o risco de anemia, mas pode prevenir até problemas comportamentais.

Por Chloé Pinheiro
9 out 2017, 17h09

Pesquisadores da Universidade Umea, na Suécia, demonstraram recentemente efeitos duradouros da suplementação de ferro em recém-nascidos de baixo peso. Publicado no periódico Pediatric Research, o trabalho mostra que bebês que recebem o nutriente têm menos chance de desenvolver comportamentos negativos na infância.

Os cientistas acompanharam 285 crianças desde o momento do nascimento – tanto aquelas que vieram ao mundo no tempo certo quanto as que chegaram um pouco antes da hora (entre 34 e 36 semanas de gestação). Todas pesavam entre 2 e 2,5 quilos e parte delas recebeu suplemento de ferro entre a sexta semana e os seis meses de idade.

O grupo que tomou o ferro extra, além do menor risco de anemia nos primeiros meses, também demonstrou melhor comportamento aos três anos de vida e, depois, aos sete, menor incidência de problemas, como pensamentos desorientados, agressividade e desobediência.

Segundo os autores, o resultado indica que essas ocorrências podem estar acompanhadas de desenvolvimento cerebral inadequado. “A conclusão é interessante, pois aponta uma possível causa simples de ser corrigida para um comprometimento cognitivo e psicológico que é mais comum hoje em dia nas crianças”, destaca o nutrólogo pediátrico Delmir Rodrigues, do Hospital e Maternidade Anchieta, de Taguatinga, no Distrito Federal.

A importância do ferro

Bebês nascidos com peso abaixo de 2,5 quilos estão em maior risco de ter deficiência de ferro. E isso impacta na formação e no crescimento do cérebro. “O sistema nervoso central se desenvolve completamente no primeiro ano de vida e precisa do ferro para que isso ocorra, pois é ele que transporta o oxigênio para todos os órgãos”, explica Delmir.

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Por isso, o ideal é que dos seis meses de idade em diante todos os bebês, independente do peso ao nascer, tomem ferro. “Infelizmente, a anemia ferropriva ainda é um problema comum nas crianças brasileiras, por isso a suplementação deve ser preventiva a partir dessa idade”, orienta o médico.

Antes disso, o leite materno fornece o necessário – exceto no caso de prematuros, que tomam o suplemento desde o nascimento. As fórmulas lácteas também já vêm com o nutriente.

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