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Montessori, construtivista… Como escolher a escola do meu filho?

Conheça as vantagens de diferentes linhas pedagógicas e em qual delas sua família pode se encaixar melhor.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 20 nov 2019, 15h01 - Publicado em 15 nov 2019, 09h52
 (Caiaimage/Robert Daly/Getty Images)
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Você está pensando em trocar seu filho de escola ano que vem, mas deixou a decisão para a última hora? Ainda dá tempo de fazer a mudança, mas ela precisa ser bem pensada, especialmente se o objetivo for colocar o pequeno em uma escola que siga uma linha pedagógica diferente da que ele já está acostumado.

Para te ajudar, selecionamos alguns modelos alternativos populares e explicamos como eles funcionam na prática. Mas já adiantamos que não existe um método ideal para todas as crianças. Cada família deve escolher a abordagem com que se identificar melhor.

“Por exemplo, não adianta a criança aprender a argumentar e ter autonomia se, em casa, ela não tem esse espaço para decidir”, exemplifica Daniela Generoso, psicóloga clínica pós-graduada em neuropsicologia, do Rio de Janeiro. “Ou, se os pais querem que o filho passe em um vestibular concorrido, inscrevê-lo em uma escola que não foca na transmissão de conteúdos”, completa.

Montessori

O que propõe: criado pela italiana Maria Montessori, o método propõe que a criança dite o ritmo do próprio aprendizado, de acordo com suas fases de desenvolvimento neurológico e social. A ideia é que ela aprenda por meio de experiências sensoriais e tenha sua autonomia estimulada. Habilidades úteis para a vida, como cozinhar, cuidar da natureza, vestir-se, respeitar o espaço do próximo e arrumar os brinquedos estão também no centro desta linha.

Como funciona na prática: as turmas são divididas em faixa etária de três em três anos. Assim, a turma conta com crianças mais velhas e mais novas. “Isso permite a troca de conhecimento na prática, o que estimula também o aprendizado deles, pois uma criança ensina a outra”, comenta Sonia Maria Braga, diretora pedagógica da Meimei Escola, no Rio de Janeiro, e presidente da Organização Montessori do Brasil.

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O mobiliário das salas é acessível aos pequenos, com estantes abertas e tudo na altura deles, não há mesas e cadeiras nem livros didáticos, mas uma biblioteca fica disponível com os temas trabalhados para aquela etapa do desenvolvimento. Cada criança tem um tapetinho próprio onde conduz suas atividades, e o professor atua mais como um observador, analisando o desempenho da criança, intervindo quando necessário e preparando o terreno para as atividades.

Construtivista

O que propõe: não é bem uma linha teórica, mas um entendimento de que a criança é protagonista do aprendizado. Assim, busca instigar a curiosidade do aluno para que ele “aprenda a aprender”. Como no método Montessori, a ideia é construir o conhecimento com experiências. O planejamento das atividades leva em consideração os conhecimentos prévios da criança e a maneira como ela interage com o mundo.

“Para que a criatividade das crianças seja mesmo estimulada, todas as atividades devem ser lúdicas e significativas”, destaca Paula Lacombe, psicóloga clínica e orientadora pedagógica da Escola Sá Pereira, no Rio de Janeiro, que segue a corrente construtivista.

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Como funciona na prática: criando momentos que despertem o interesse genuíno das crianças. Por exemplo, se elas estão pesquisando em sala sobre determinado tema, como a preservação do meio ambiente, uma abordagem construtivista levará elas a um passeio na praia e, na volta, elas relatarão o que observaram e pretendem investigar mais a fundo.

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Crianças da Escola Sá Pereira em atividade na praia. (Reprodução/Divulgação)

“Ou, na matemática, eles podem produzir itens de papel e brincar de compra e venda, explorando tamanhos, quantidades e sistema monetário”, explica Paula. O professor conduz o processo, tira dúvidas e monitora o desenvolvimento da criança. As atividades envolvem muita conversa, tentativas (e erros), discussão e formulação de hipóteses.

Waldorf

O que propõe: Além do desenvolvimento intelectual, busca fortalecer a criança emocionalmente e olha individualmente para cada criança. Trata-se de uma pedagogia onde a criança aprende no brincar livre, que valoriza muito a integração da criança com a natureza, a imaginação, e tem uma metodologia bem estruturada.

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“A pedagogia é pautada na antroposofia, onde entendemos que a criança não é uma tábua rasa, mas vem de um processo de evolução espiritual e humano. Temos uma visão mais ampliada do indivíduo do que apenas passar um conteúdo, um olhar espiritual para a criança”, comenta Patricia Nora, professora do Colégio Waldorf Micael, em São Paulo.

Como funciona na prática: geralmente, em escolas Waldorf o contato com a natureza é intenso, e os alunos aprendem desde cedo a desenvolver uma boa relação com os alimentos, participando desde a colheita em hortas ao preparo em si. “As salas de aula são sempre uma representação da casa, com uma cozinha onde a criança participa da preparação do lanche, sente o cheiro de pão assando, faz chás com ervas colhidas na escola”, comenta Patricia.

As artes e a consciência corporal também estão muito presentes, assim como o uso de materiais naturais nas brincadeiras, como tintas com pigmento natural e giz com cera de abelha, e a avaliação do aluno é baseada em suas habilidades diárias. O professor costuma ficar por anos com a mesma turma — a ideia é que o vínculo e o conhecimento sobre cada um ajudem na experiência do aprendizado.

Sócio-interacionista

O que propõe: É uma vertente similar ao construtivismo, adotada por diversas escolas, que leva em conta o desenvolvimento de competências e habilidades úteis para a vida. Uma escola sócio-interacionista diminui ou limita o aprendizado por memorização e repetição, para incentivar que a criança construa seu conhecimento com análises, hipóteses e interação com o ambiente ao seu redor.

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Como funciona na prática: como o nome sugere, há muitas atividades em grupos de faixas etárias diferentes, mas a divisão de turmas segue as séries do ensino tradicional. Os ambientes são pensados para despertar a curiosidade e favorecer a autonomia da criança, com salas temáticas para artes, música, biblioteca e outros.

“As vivências são coletivas e, depois da prática, como finalização fazemos atividades nos cadernos como forma de registrar aquele momento”, comenta Andrea Paulo Mariano, diretora pedagógica do Colégio Gato Xadrez, em São Paulo.

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Atividade em grupo do Colégio Gato Xadrez (Reprodução/Divulgação)

Mas e a tradicional?

“A visão tradicional entende que existe um conhecimento e ele precisa ser acessado pelas crianças por meio de técnicas que trabalham o comportamento dela, de uma maneira mais sistemática”, explica Luciana Brites, psicopedagoga do Instituto NeuroSaber, em Londrina. O que não é, necessariamente, ruim. “Para algumas crianças, esse tipo de ensino é significativo”, comenta Luciana.

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Fora que, teoricamente, a escolinha convencional também oferece uma abordagem mais integral. Ora, o estímulo da autonomia e a construção de habilidades sociais hoje são parte da Base Nacional Comum Curricular, que é lei. “É possível permear o ensino tradicional com brincadeiras e transmitir conhecimento de maneira lúdica”, destaca Luciana.

Independentemente da sua escolha, tenha certeza de que concorda com os valores transmitidos pela escola. Para isso, vale conversar bem com a equipe pedagógica, fazer visitas, levar o filho antes para que participe de algumas atividades e se preparar para que a adaptação seja tranquila — pode demorar alguns meses até que o pequeno esteja totalmente confortável em um modelo de ensino diferente.

Veja mais dicas para escolher a escola dos filhos e para fazer a transição de maneira tranquila.

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