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Ingerir álcool uma vez por semana na gravidez já afeta o bebê, diz estudo

Uma pesquisa austríaca identificou alterações significativas no desenvolvimento cerebral dos fetos cujas mães consumiram a substância

Por Isabelle Aradzenka
26 nov 2022, 14h00
Mulher segurando o copo com vinho tinto
 (Klaus Vedfelt/Getty Images)
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Hoje, já há grande conscientização entre as mulheres de que, ao expor o bebê ao consumo de álcool durante a gravidez, existe a possibilidade de desenvolvimento da Síndrome Alcoólica Fetal – a qual pode gerar dificuldades de aprendizagem, problemas comportamentais ou atrasos na fala e na linguagem da criança no futuro.

Mas o que muitas mães não sabem é que esses distúrbios não estão relacionados apenas à ingestão de doses elevadas da substância no decorrer da gestação. Um novo estudo austríaco revelou que o consumo de álcool neste período, mesmo em quantidades baixíssimas, tem a mesma capacidade de alterar e atrasar o desenvolvimento cerebral do bebê.

Pois é, os pesquisadores concluíram que apenas uma taça de vinho, consumida uma vez na semana, é igualmente nociva ao feto. Os resultados do trabalho (conduzido na Universidade de Medicina de Viena, na Áustria) serão apresentados no final do mês durante a reunião anual da Sociedade Radiológica da América do Norte.

Foram 24 gestantes, entre 22 e 36 semanas de gravidez, que participaram do estudo. Entre elas, 17 ingeriam álcool com pouca frequência – algumas se expuseram a menos de um drinque por semana, outras tomaram de uma a quatro doses no período. Os cientistas foram capazes de detectar alterações cerebrais significativas até mesmo nos fetos com baixos níveis de exposição à substância.

Como o cérebro foi afetado

As análises foram feitas através de ressonâncias magnéticas. Nos bebês com exposição ao álcool (mesmo em quantidades baixas), a maturidade de desenvolvimento fetal foi significativamente menor do que a do grupo de controle na mesma faixa etária. Além disso, a parte do cérebro relacionada à cognição social e percepção da linguagem se encontrava mais rasa.

“Identificamos as maiores mudanças na região cerebral temporal e no sulco superior direito (STS, sigla em inglês). Sabemos que esta região, especificamente a formação do STS, tem grande influência no desenvolvimento da linguagem durante a infância”, relatou Gregor Kasprian, professor da Universidade de Medicina de Viena em nota.

ressonância magnética de cérebros fetais
À esquerda, cérebro de feto após exposição ao álcool entre a 25° e 29° semanas de gestação. À direita, cérebro de feto que não foi exposto ao álcool (Sociedade de Radiologia da América do Norte (RSNA)/Divulgação)

Segundo os pesquisadores, o impacto no desenvolvimento do cérebro dos bebês pode estar relacionado a um atraso no processo de mielinização, que é responsável pela transmissão de informações entre o sistema nervoso e, portanto, ligado a marcos importantes, como rolar, engatinhar e processar a linguagem.

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A formação das dobras do córtex cerebral, conhecida como girificação, também se apresentou menos distinta nos bebês expostos ao álcool. Elas permitem um aumento no desempenho cognitivo. Assim, quando a girificação é diminuída, a funcionalidade também é reduzida.

Não está claro como essas mudanças estruturais afetarão o desenvolvimento do cérebro desses bebês após o nascimento. Para avaliar isso com precisão, precisamos esperar que as crianças que foram examinadas fiquem um pouco mais velhas”, disse Patric Kienast, estudante da universidade.

Ainda assim, os cientistas entenderam que as mudanças observadas no desenvolvimento cerebral contribuem para dificuldades cognitivas e comportamentais que podem ocorrer durante a infância.

Infelizmente, muitas mulheres grávidas desconhecem a influência do álcool durante a gestação. Portanto, é nossa responsabilidade não apenas fazer a pesquisa, mas também educar ativamente o público sobre os efeitos no bebê”, conclui o professor Kasprian.

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