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Não há dose segura de álcool na gravidez, defende Academia Americana de Pediatria

Em estudo que será publicado na edição de novembro de 2015 do jornal científico ‘Pediatrics’, a entidade notou que a exposição precoce de bebês a bebidas alcoólicas é a principal causa de defeitos físicos e intelectuais que podem ser prevenidos.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 28 out 2016, 09h37 - Publicado em 21 out 2015, 17h02

Problemas funcionais e estruturais no cérebro, no coração, nos ossos, na coluna, nos rins, na visão e na audição são algumas das consequências que o consumo de álcool durante a gestação pode ter na formação do bebê. Déficit de atenção, hiperatividade, dificuldades de aprendizado, de memória e de raciocínio também estão nessa lista. Essas complicações fazem parte do chamado espectro de desordens fetais alcoólicas (FASD, na sigla em inglês), que reúne todos os efeitos provocados pela ingestão de bebidas etílicas ao longo da gravidez.

Em um trabalho que será publicado na edição de novembro de 2015 do jornal científico Pediatrics, a Academia Americana de Pediatria (AAP) concluiu que todos esses problemas podem ser facilmente evitados se as mulheres deixarem de tomar álcool enquanto estiverem grávidas. Até porque, segundo a entidade, não há uma quantidade segura de bebida que garanta um bebê livre de malformações.

“Embora as desordens fetais alcoólicas sejam as causas de atrasos no desenvolvimento e deficiências intelectuais mais fáceis de ser prevenidas, elas ainda não são reconhecidas como deveriam”, critica a médica Janet F. Williams, uma das autoras do estudo da AAP. “Infelizmente, a falta de critério para o diagnóstico das FASD limita os esforços dedicados a minimizar o seu impacto”, analisa a especialista.

De acordo com a AAP, filhos de mulheres que bebem no primeiro trimestre da gravidez estão 12 vezes mais propensos a desenvolver qualquer uma das desordens fetais alcoólicas em comparação com aqueles cujas mamães não tomam uma gotinha de álcool. O consumo no primeiro e no segundo trimestres eleva em 61 vezes esse risco. Considerando todo o período gestacional, o número sobe para 65.

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Apesar de os efeitos dessas desordens serem para a vida toda, o diagnóstico e o tratamento precoces são capazes de melhorar, e muito, o bem-estar dessas crianças.

SAF

Em março de 2015, a Sociedade de Pediatria de São Paulo criou a campanha #GravidezSemÁlcool, que tem como foco a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) – o tipo mais comum das FASD. A SAF pode provocar retardo mental e anomalias congênitas e hereditárias, como malformações faciais, neurológicas, cardíacas e renais. Estimativas apontam que, no mundo, a condição atinja de um a três indivíduos a cada mil nascidos vivos. Não há dados oficiais no Brasil.

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