Nada como a sensação do vento batendo no rosto enquanto você pedala em um parque ou na rua, para quem mora em locais mais tranquilos. Mas até chegar a esse ponto… Podem ser precisos muitos tombos, arranhões e muita frustração. Tudo isso faz parte do processo de aprender a andar de bicicleta. Vale a pena encarar o desafio porque, uma vez que seu filho consegue se equilibrar, ele nunca mais esquece – nem como pedalar e nem de quem o ensinou, viu?
De acordo com Pedro Trava, pediatra do Hospital São Luiz (SP) e membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), a brincadeira traz várias vantagens à saúde, ao desenvolvimento e também à aquisição de importantes habilidades emocionais, como segurança e autoestima.
“Andar de bicicleta envolve equilíbrio, perseverança, conquista, apoio no quesito socioemocional e tudo isso traz para a criança diversos benefícios no desenvolvimento”, afirma. “É um aprendizado que pode potencializar a forma como essa criança vai lidar com as conquistas e com os medos”, diz ele. E os pequenos vão levar isso, não apenas para a atividade física, mas para outras áreas da vida, inclusive da fase adulta, no longo prazo.
Há outro fator importante, sobretudo para a geração atual: por ser uma prática ao ar livre, com todas as vantagens que isso já traz na infância, é uma ótima oportunidade de diminuir a exposição dos pequenos às telas – assim como outras brincadeiras fora de casa: andar de patins, patinete, jogar bola, fazer um piquenique… “É um antídoto”, aponta Trava.
Autonomia e vínculo sobre rodas
Além de ser um esporte que mexe com a parte física de maneira regular, andar de bicicleta tem outros benefícios. “A principal questão é a autonomia que a criança vai ter no meio de locomoção”, diz o médico. E isso vai além. O ciclismo é uma forma limpa e saudável de mobilidade. Quem sabe seu filho não adota esse meio de transporte lá na frente?
Trava lembra ainda que a atividade traz conexão. “A criança vai criar vínculo com outras crianças que andam de bicicleta no bairro, no clube, no parque ou no condomínio, onde quer que ela vá”, destaca. Além disso, a relação emocional desenvolvida com a pessoa que a ensinou é especial. “Quem ensina alguém a andar de bicicleta vai ficar marcado para sempre na memória”, ressalta.
Idade ideal para a criança aprender a andar de bicicleta
Em termos de desenvolvimento neuropsicomotor, a criança adquire condições de ter o equilíbrio mais adequado para andar de bicicleta sem apoio com cerca de 6 ou 7 anos. “Mas a partir dos 4 já dá para estimular na versão com uso de rodinhas”, indica o pediatra. Atualmente, há também os modelos sem pedal, que funcionam para treinar o equilíbrio. Nesse caso, o pequeno vai brincando e andando com os pés no chão mesmo.
Não force!
Apesar de ser muito vantajoso, cuidado para não se animar demais e acabar forçando a criança! Além disso, é preciso prestar atenção enquanto ela aprende, porque é um exercício que envolve erros, quedas e frustrações, até chegar ao equilíbrio.
De acordo com a educadora parental Priscilla Montes, que também é especialista em neurociência e desenvolvimento infantil, é importante controlar os anseios dos pais. “Quando o adulto vai ensinar algo à criança, já cria aquela expectativa muito grande de que aquilo vai dar certo, de que a criança vai entender de primeira e de que vai sair pedalando logo na tentativa inicial”, diz ela. E não é bem assim. “Precisamos ajustar as expectativas, para que nossa frustração não passe para a criança”, orienta. Quando isso acontece, em vez de ser um momento prazeroso, o processo pode acabar se transformando em um trauma e gerando desconexão.
É preciso ainda auxiliar o pequeno com a frustração dele. Aprender uma habilidade é complicado para qualquer um. Quando falamos de alguém que ainda tem um cérebro imaturo, pode ser ainda mais difícil, fora o fato de ser uma novidade. Então, é normal a criança se desapontar. É essencial que o adulto encoraje o processo (o trabalho, o esforço…), e não o resultado, recomenda a especialista. Lembre-a de que cair e ficar chateado de vez em quando é normal – e que isso aconteceu também na sua infância.
“Quando ela fica frustrada, não adianta dizer coisas como: ‘Ah, isso é bobagem. Não precisa ficar assim’. Neurologicamente, a criança necessita de acolhimento. Valide o sentimento dela”, orienta Priscila.
Olho na segurança!
O pediatra Pedro Trava lembra que a segurança também é fundamental e não pode faltar. As quedas são comuns, mas a proteção correta ajuda a prevenir machucados graves. “Use sempre capacete, cotoveleira e joelheira. Escolha uma bicicleta com o aro da roda do tamanho ideal para a altura do seu filho”, sugere. Opte ainda por um local tranquilo e seguro para a atividade.
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