8 fatos sobre a moleira (ou fontanela) do bebê
A parte de cima da cabeça de recém-nascidos, diferente da dos adultos, é molinha, pois o crânio não está completamente fechado. Saiba mais sobre o assunto
Como se um recém-nascido, por si só, não parecesse frágil o suficiente, ele ainda vem com alguns “itens extras” que costumam deixar os pais, sobretudo os de primeira viagem, mais tensos nas semanas iniciais de vida fora da barriga. Um deles é a moleira ou fontanela. Conversamos com especialistas que deram mais detalhes sobre o assunto, falaram sobre a relação com o nascimento e o desenvolvimento infantil, sobre os cuidados adequados e sobre como reconhecer os sinais de que algo não vai bem.
O que é a moleira ou fontanela?
O nome correto do que chamamos de moleira é fontanela. Bebês nascem com regiões da cabeça molinhas (seis, especificamente), como já diz a palavra pela qual é popularmente conhecida. O crânio deles não é completamente fechado e, como você vai entender adiante, há razões importantes para isso. Veja oito fatos importantes sobre o tema!
1. Não é só uma única moleira
O recém-nascido não chega ao mundo com somente uma abertura no crânio e, sim, seis – sendo duas superiores e quatro laterais. As superiores, que ficam na parte de cima da cabeça, podem ser percebidas mais facilmente. “As fontanelas são espaços macios e membranosos. Os ossos da cabeça do bebê estão separados por linhas, chamadas suturas, e têm duas aberturas no alto, que são a fontanela anterior e a posterior”, explica a pediatra neonatologista Maria da Glória Neiva, diretora de pediatria do Hospital Vitória, da rede Americanas (RJ). Com o tempo, conforme a criança cresce e se desenvolve, essas aberturas vão se fechando e o crânio passa a envolver completamente a cabeça.
2. Há uma razão para a existência dela
O bebê não nasce com parte da cabeça “desprotegida” apenas para dar um susto nos pais. “As principais funções das suturas e das fontanelas são facilitar a passagem do bebê na hora do parto e, posteriormente, permitir o crescimento adequado do cérebro”, diz a neonatologista. A “moleira” permite que os ossos do crânio se movimentem, ajustando o tamanho da cabeça ao canal vaginal, no momento do nascimento. Além disso, se não existissem essas aberturas, o cérebro da criança não teria espaço para crescer na velocidade e na dimensão com que isso ocorre nos primeiros meses de vida.
3. Cada uma tem seu tempo
O recém-nascido tem duas fontanelas principais – e cada uma tem um momento esperado para fechar. De acordo com Maria da Glória, o fechamento da posterior se dá até o segundo mês de vida. Já o da anterior, entre 9 e 18 meses. “Durante o período em que o cérebro cresce com mais velocidade, é comum que a fontanela permaneça grande. Conforme essa velocidade de crescimento diminui, a fontanela vai se fechando aos poucos”, afirma a médica.
“Fontanelas muito pequenas, que fecham muito precocemente, ou muito amplas, que demoram a fechar, podem estar relacionadas com diversas doenças e devem ser avaliadas por um pediatra e/ou neurologista”, aponta a pediatra Paula de Camargo Traldi, supervisora da Emergência Pediátrica do Hospital Glória D’Or e presidente do Departamento de Emergência da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ).
4. Situações que podem indicar problemas
Segundo Paula, uma fontanela grande ou que demora para fechar pode estar relacionada à prematuridade ou a uma série de doenças, como hidrocefalia, hemorragias, hipotireoidismo, infecções congênitas e diversas síndromes. “Já o fechamento precoce das suturas (fusão dos ossos) e da fontanela pode gerar alterações estéticas no formato do crânio, sem outras implicações – uma condição conhecida como craniossinostose. É possível que isso indique ainda doenças como microcefalia, hipertireoidismo e algumas síndromes”, explica a pediatra.
“O reconhecimento precoce da fusão das suturas e do fechamento da moleira aumenta a chance de sucesso do tratamento, que varia de acordo com a causa e o tipo de fechamento”, acrescenta. Por isso, o acompanhamento médico regular é fundamental.
5. O volume importa
Além do momento em que as fontanelas se fecham ou deixam de fechar, outro ponto importante para se prestar atenção é o volume. “A fontanela é uma membrana composta, em grande parte, por líquido e, portanto, se está mais baixa que o habitual ou abaulada (mais alta, com uma protuberância) e acompanhada de outros sintomas, como vômitos, febre ou sonolência, é importante procurar a avaliação do pediatra”, recomenda a médica Maria da Glória. Assim, o profissional avalia o que está causando esse aumento ou diminuição de volume, que pode indicar pressão intracraniana ou desidratação, por exemplo.
6. Sim, a “moleira” pode pulsar
Diante de um choro intenso, causado por algum desconforto, é normal que a fontanela apresente pulsação, afirma a pediatra. “Entretanto, caso o aspecto persista, mesmo com a criança tranquila, ou se houver sintomas associados, como febre, sim, é preciso buscar orientação do pediatra”, recomenda.
7. Cuidado, frágil!
Ter uma parte da cabeça visivelmente desprotegida pelos ossos gera angústia e medo, pois parece que o bebê é ainda mais frágil – e é mesmo! “Traumas de crânio em crianças menores de 2 anos sempre devem ser avaliados por um médico”, afirma a pediatra Paula. “Quanto menor a idade, maior a chance de fraturas e sangramentos. Por isso, é tão importante a prevenção de acidentes. Então, não deixe bebês dormindo em camas sem proteção ou grades, não use carrinhos ou bebê confortos sem cintos de segurança. Quedas da cama, trocador e carrinhos são as mais frequentes causas de lesões não intencionais em crianças com menos 2 anos”, reforça. Atenção!
8. Avaliação mensal é essencial
O principal cuidado com a moleira, além de evitar quedas e batidas, é levar a sério as visitas frequentes ao pediatra. No primeiro ano de vida, as consultas são mensais e, em todas elas, o médico deve avaliar as fontanelas – se estão fechando conforme previsto, se o crescimento está adequado, medindo o perímetro cefálico.
Diante de qualquer sinal diferente, ele provavelmente pedirá uma avaliação mais aprofundada, como uma tomografia, para verificar se há necessidade de intervenção médica.