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3 mitos sobre educação com respeito, por Camila Menon

Em geral, os pais desejam oferecer a melhor educação aos filhos – porém muitos se esquecem do principal: as necessidades da criança

Por Camila Menon
17 fev 2023, 10h14
mãos de dois adultos e de uma criança entrelaçadas
 (AlenaPaulus/Getty Images)
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A educação dos filhos é um assunto que sempre gera opiniões e debates porque, apesar da maioria dos pais querer dar aos seus filhos a melhor educação possível, esse tema mexe muito com as necessidades e perspectivas do adulto, que vê na criança a oportunidade de ser o que não foi, de ter o que não teve, de ser finalmente visto e amado, ou de fazer diferente/igual aprendeu, e nesse processo, sem perceber, acaba se esquecendo de enxergar o que realmente importa: as necessidades da criança.

Veja a seguir se você comete algum desses erros:

Mito #1: Se eu não fizer o que meu filho quer, ele deixará de me amar

Pais permissivos veem em cada oportunidade do dia uma razão pra serem amados. Por geralmente terem baixa autoestima, mesmo que acreditem que façam o “melhor pro filho”, cada vez que cedem a qualquer processo não é sobre as necessidades da criança, e sim sobre o que eles precisam (ser aceitos, amados, reconhecidos).

O medo desses pais é que a criança não os veja mais como sendo importantes, por isso fazem de tudo pra que ela dependa cada vez mais deles, deixando de ensiná-la a ter autonomia ou criando processos em que o filho entende que ao chorar, por exemplo, será atendido.

Sim, a ideia desses pais é de evitar o choro da criança, cedendo ao que ela quer, mas o que eles fazem, na verdade, é prolongar o uso dessa forma de comunicação ao ensiná-la que o choro é a forma de comunicação mais efetiva entre eles. Por isso, geralmente a criança de pais permissivos tem dificuldade de se autocontrolar e torna-se aquela que “chora por tudo”.

Mito #2: É importante ensinar tudo para as crianças o mais cedo possível

Muitos pais acreditam que é necessário ensinar todas as habilidades possíveis para seus filhos desde cedo. No entanto, as crianças têm ritmos de aprendizado diferentes e nem sempre é necessário aprender tudo de uma vez.

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É bom lembrar que as crianças aprendem melhor quando estão interessadas e motivadas, então o ideal é focar em habilidades que são importantes e relevantes para elas no momento.

criança de braços esticados segura um coração. Um adulto está com a mão embaixo da dela
(manusapon kasosod/Getty Images)

Na primeira infância (principalmente nos primeiros 3 anos), o importante é focar no SER da criança. Antes dela saber cores, números e letras, se preocupe se seu filho sabe se autorregular, se ele sabe dizer “por favor” e “obrigado”, se ele sabe lavar as mãos e se vestir sem ajuda, se ele sabe comer sozinho ou se sabe como fazer amigos no parque, por exemplo, porque são essas habilidades que o ajudam a formar sua personalidade ao longo do tempo e não a “atividade escolar” que ele faz.

Mito #3: Respeitar a criança significa ceder ao que ela “prefere”

Com essa história de ter que ser “gentil e respeitoso”, cada um interpretou as coisas à sua maneira. Acontece que a criança não nasce sabendo o que é certo ou errado, ou o que pode ou não fazer, ela é ensinada – e adivinha de quem é essa responsabilidade? Sua, claro, porque você gostando ou não, a menos que seu filho tenha um problema físico ou cognitivo, ele se transforma no que você o ensinou (ou não) a ser.

Sim, porque criança não nasce com personalidade formada e mesmo que os traços genéticos do temperamento existam, ainda assim, se for ensinada corretamente, ela se adequa ao meio e ao seu cuidador.

Por exemplo: na introdução alimentar do seu bebê, enquanto você não apresentar banana pra ele, ele não sabe o que é. Logo, não tem como sentir vontade de banana ou preferir banana. Já quando você apresenta a fruta, talvez ele não goste logo na primeira vez, porque pra alguns bebês, apesar de gostarem do sabor, eles não gostam muito da textura, e passam a recusar. Mas, se ao ver isso, você deduz que seu bebê não gosta de banana e “prefere” leite (porque ele nunca recusa o leite e é mais fácil pra você ofertar) e passa a não ofertar mais a banana, o que você está fazendo não é respeitar a vontade do seu bebê, que “prefere leite à banana”, e sim reforçar o comportamento de que tudo que ele cuspir você não oferta mais e substitui por leite (que é o que ele conhece e portanto prefere entre os dois alimentos). Entende como a decisão, gerada pela falta de informação, acaba ensinando a criança o oposto do que você tinha como intenção? Vale lembrar que só se considera que a criança não gosta de um alimento quando você já o serviu no mínimo 15 vezes de formas diferentes: amassado, picado, batido ou misturado em receitas com combinações variadas.

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Ofertar opções que você julga serem melhores pro seu filho escolher é respeitar a decisão da criança. Já quando você deixa que ela, tão pequena, decida se algo que precisa ser feito vai ou não acontecer, não é respeito, isso é só você transferindo a sua responsabilidade pra ela.

Seja a calma que seu filho precisa, mas não deixe de direcioná-lo, mostrando os limites do que ele pode ou não fazer.

Camila Menon (@educarepreciso) é especialista em Primeira Infância, professora e diretriz Montessori da Educar é Preciso.

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