Neuroarquitetura: como o quarto influencia o comportamento do bebê

Entenda por que planejar os espaços de forma consciente e propositiva é tão importante e saiba como montar um ambiente ideal para o seu filho.

Por Carla Leonardi
Atualizado em 17 out 2022, 11h09 - Publicado em 15 out 2022, 14h00
Autismo: Análise de movimentos oculares auxilia no diagnóstico precoce
Autismo: Análise de movimentos oculares auxilia no diagnóstico precoce (Capuski/Getty Images)
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Você já ouviu falar em neuroarquitetura? O termo, que se origina da fusão entre neurociência e arquitetura, faz referência justamente à intersecção entre essas duas ciências, buscando nas diferentes áreas de conhecimento elementos para compreender a influência do espaço físico no modo como as pessoas se comportam nele.

As especialistas Gabi Sartori e Priscilla Bencke, fundadoras da Academia de Neurociência e Arquitetura, explicam, por exemplo, como é possível criar ambientes que cumpram objetivos específicos, “como promover relaxamento, foco, bem-estar, pertencimento, concentração, entre outros. Para isso, são estudadas as influências que diferentes parâmetros causam no comportamento humano: cores, iluminação, acústica, temperatura, plantas, cheiros, texturas, ângulos e curvas”, detalham.

Ainda segundo as arquitetas, a cultura de cada região também conta no desenvolvimento desses espaços, assim como faixa etária, gênero e estilo de vida.

O quartinho do bebê

Quando se pensa no projeto do quarto do bebê, algumas características principais logo vêm à mente: um tema, um personagem, uma paleta de cores… E embora essas questões sejam realmente importantes para a família, vale pensar em como tornar aquele espaço um ambiente que ajude a acalmar o pequeno.

“Pensar sobre a tranquilidade do bebê é essencial. Precisamos ter em mente que ele está, mesmo que fora do útero, em desenvolvimento, e que vai permanecer nessa condição por um longo período da vida, inclusive de desenvolvimento cerebral”, lembram as profissionais.

Como garantir um sono seguro para seu bebê: especialista dá dicas valiosas
(Arte: Victoria Daud/ Foto: PeopleImages/Getty Images)
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Escolha das cores

Como a primeira cor que os pequenos identificam é a vermelha, vale escolher cuidadosamente quais tons vão compor o quartinho dele. “Se o objetivo é a tranquilidade, com menos estímulos para não o deixar alerta, o ideal é pensar em cores neutras”, orientam Gabi e Priscilla. Porém, elas destacam que, para estimular a visão, é interessante que haja contraste em algumas partes do quarto, com cores mais vivas. “Não tem certo e errado, varia de acordo com o objetivo”, ponderam.

Ou seja, se houver espaço, vale fazer um cantinho para atividades com tons mais contrastantes. Isso não significa, necessariamente, um papel de parede ou uma tinta vibrante; almofadas e outros itens podem cumprir muito bem essa função.

Luz e som

“Como espécie humana, nós somos pautados pela iluminação – é ela que regula o nosso relógio biológico, fazendo com que nosso corpo funcione no ciclo dia e noite (sono e vigília). Para o bebê, isso também é fundamental, pois a luz está passando informações plenamente necessárias para o funcionamento do corpo dele”, lembram as arquitetas.

Por isso, é importante mimetizar ao máximo como a iluminação funciona na natureza. Assim, a criança entende quando é dia ou noite, o que é essencial para regular o sono e a alimentação, por exemplo. Por outro lado, bebês têm necessidades diferentes, então optar por boas cortinas ou persianas blackout certamente ajudará nos momentos de soneca.

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Além da luz, os sons do ambiente também contribuem para torná-lo mais ou menos tranquilizante. Um quarto que fique longe do barulho da rua, por exemplo, tende a ser mais propício ao bebê, mas recursos como músicas ou sons (como os “ruídos brancos”), podem trazer relaxamento e até ajudar a criança a compreender a rotina – sabendo que aquela é a canção de ninar, que essa é a rima do banho, entre outras.

Decoração do quarto de bebê
(zuzulicea/Thinkstock/Getty Images)

Xô, bagunça?!

Se você é a típica pessoa organizada que começa a pensar a decoração a partir das caixinhas, dos nichos e dos cestos – já visualizando todos os brinquedos muito bem guardados – é melhor ir com calma quando o assunto é o quarto dos filhos.

“A bagunça pode trazer diferentes sensações às pessoas, como angústia, estresse ou ansiedadeNo entanto, para crianças, ambientes extremamente funcionais e nominalistas podem gerar um efeito inverso, inclusive depois, na idade adulta”, alertam Gabi e Priscilla.

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A ideia é que o ambiente não seja bagunçado, mas que tenha vida, personalidade – e isso às vezes é complicado em espaços muito minimalistas ou muito organizados. “A criança precisa ter o máximo de elementos que despertem nela o pertencimento”, destacam.

Um espaço para explorar

Por fim, vale lembrar que um espaço que dê autonomia à criança pode fazer toda a diferença no desenvolvimento dela. A partir dos seis meses, já é interessante que o bebê consiga se movimentar pelo quarto sozinho – para isso, claro, é preciso que o ambiente seja seguro.

Elementos montessorianos (como a famosa caminha no chão) são ótimas opções, assim como móveis com cantos arredondados e tapetes que deixem tudo mais aconchegante. “Espelhos também são positivos, já que ajudam o bebê a criar a identidade, permitindo que se entenda como um indivíduo. É a partir daquele espaço que ele vai começar a compreender o mundo”, finalizam as arquitetas.

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