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Ciência explica o poder da mãe de acalmar o bebê

Estudo demonstra como sinais vitais maternos influenciam o filho e aponta como a depressão pós-parto precisa ser tratada para garantir essa relação.

Por Carla Leonardi
17 jul 2022, 14h00

Você já teve a impressão de que, às vezes, o colo materno é o único eficaz para fazer o bebê parar de chorar? Saiba que isso pode ser mais do que uma coincidência ou do “jeito” com que se carrega o pequeno. Um estudo desenvolvido na York University, no Canadá, e publicado no Journal of Psychopathology and Clinical Science, demonstrou cientificamente como a fisiologia sincronizada entre mãe e filho tem papel fundamental para acalmar a criança. Mais do que isso, a análise concluiu que a depressão pós-parto tem influência direta – e negativa – nesse processo.

Essa foi a primeira vez que esse “poder” foi demonstrado por dados empíricos. Para tanto, a equipe liderada por John Krzeczkowski reuniu dois grupos de mães e filhos. No primeiro, tanto as mães quanto os bebês eram saudáveis; no segundo, as genitoras tinham sido diagnosticadas com depressão dentro do período de um ano após o parto.

Metodologia colocada em prática

O experimento, então, foi dividido em três fases de interação. Na primeira, as mães foram instruídas a brincar com os filhos como elas fariam normalmente, cantando, conversando, tocando neles… Na segunda, a etapa do “rosto parado”, elas deveriam ficar com a feição neutra, não encostar nem falar com o bebê, mas manter contato olho no olho, o que faria com que as crianças ficassem agitadas e estressadas. A parte final, chamada de “reunião”, era o foco do estudo: as mães podiam voltar a interagir normalmente com os pequenos.

Durante todas as fases, tanto as crianças quanto as adultas tiveram seus sinais vitais monitorados, especificamente aqueles que podem refletir o estado emocional de uma pessoa. Na última etapa, quando o contato foi retomado, os pesquisadores notaram que a calma das mulheres tinha total influência no processo de tranquilizar os filhosera como se os sinais do bebê fossem recíprocos aos maternos, como se passassem de um para o outro, em um sistema de feedback.

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O resultado da pesquisa chama ainda mais a atenção quando diz respeito à diferença entre os dois grupos observados. Enquanto no grupo de mães saudáveis eram elas as “líderes” nas mudanças dos sinais vitais, no das mulheres com depressão essa liderança era dos bebês.

bebê no colo de mãe
(Halfpoint/Thinkstock/Getty Images)

Terapia cognitivo-comportamental para depressão pós-parto

As turmas foram testadas duas vezes. A primeira para estabelecer uma base de comparação e uma segunda, semanas depois que as mães com depressão passaram por um processo de terapia cognitivo-comportamental, visando à melhoria de seu estado emocional. No segundo experimento, os estudiosos observaram que, após o tratamento, as mães tiveram o mesmo papel que as mulheres saudáveis do primeiro teste, ou seja, assumiram a liderança na mudança dos sinais vitais ligados às emoções, ajudando a acalmar as crianças.

Para Krzeczkowski, esse resultado é um grande avanço em uma área que ainda permanecia obscura na neurociência comportamental. O líder do estudo prevê a necessidade de aprofundar a pesquisa, mas acredita que as descobertas já apontam para os benefícios que a terapia cognitivo-comportamental pode ser de extrema relevância para mulheres com depressão pós-parto.

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