Quando o obstetra vira pai

Por Coluna
Dr. Rodrigo da Rosa Filho é ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana, diretor e sócio-fundador da clínica Mater Prime, de São Paulo
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A importância do planejamento e a descoberta da gravidez

Especialista em reprodução humana, obstetra conta como ele e a esposa se prepararam para engravidar do primeiro filho e a emoção de receber o teste positivo

Por Da Redação
Atualizado em 23 Maio 2023, 18h12 - Publicado em 27 fev 2018, 18h19

Sempre quis ser pai, mas a profissão de médico sempre me fez adiar os planos. Sou obstetra e, até o momento, já fiz quase 1500 partos. Por ser também especialista em reprodução humana, ajudo diariamente os casais a realizarem o sonho da gestação. Enfim, chegou o dia que o desejo de participar de forma mais ativa do ciclo da vida tomou conta de mim. Quando eu e minha esposa, Renata, decidimos ter um bebê, houve um preparo físico e emocional para que tudo estivesse dentro do planejado.

Sempre considerei o preparo da gestação fundamental. A gestação deve ser desejada e planejada! Fizemos um check-up da fertilidade e nos preparamos para ter o máximo de chance de ter uma gestação tranquila e saudável.

Ela começou a se alimentar melhor, evitando doces em excesso, massas e pães, com controle adequado do peso. Passou a evitar alimentos que diminuem a fertilidade, como aqueles que contém cafeína e açúcar. Também passou a ingerir suplemento vitamínico contendo ácido fólico, vitamina B3, vitamina B6, Vitamina C e E, além da vitamina D. Fez exames hormonais, exame preventivo de câncer do colo do útero, além de ultrassom para avaliar os órgãos pélvicos.

Como quem engravida é o casal, também me preparei. Fiz um espermograma para avaliar o potencial fértil e diagnosticar eventuais alterações no sêmen. Também passei a me alimentar melhor, a praticar atividades físicas regularmente e a fazer reposição de vitaminas que estavam em déficit no meu organismo, como vitamina C e vitamina E, ambas fundamentais para a função do espermatozoide.

Para engravidar mais rápido, ter o conhecimento do ciclo menstrual e período fértil é fundamental. Sabemos que se o ciclo da mulher for regular de 28 dias, ela ovula no 14º dia do ciclo. Mas como sou especialista, fui além: monitoramos com exames de ultrassom para ter certeza qual seria o dia da ovulação. No primeiro mês de tentativa, mesmo com todos exames normais e com relação no dia fértil, não engravidamos.

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A chance de gestação na idade dela (32 anos) por cada mês de tentativa é de 18%. E não é que a ansiedade já começa a aparecer? Tentei deixá-la mais calma, explicando sobre as estatísticas de gravidez em cada faixa etária. Até os 35 anos, 85% dos casais engravidam em até 12 meses de tentativas.

No segundo mês, tentamos novamente no dia fértil. E com atraso menstrual de 2 dias, ela fez o exame: positivo! Mesmo eu que acompanho pacientes recebendo testes de gravidez diariamente, tão acostumado a ver esse momento, estava esperando pelo teste já prevendo seu resultado e fiquei “com cara de bobo” quando ela me acordou com a barriga escrita com batom “você será papai”. Que emoção, que felicidade!

Dr. Rodrigo da Rosa e a esposa Renata
(Kátia Rocha/Divulgação)

Vocês acham que estar gestante e ser esposa de obstetra é fácil? A Renata sabia que estava sendo bem cuidada, mas também tinha o ônus de ser vigiada 24h ao dia. Nada de excessos para controle do peso, atividade física mais leve nessa fase inicial, entre outros cuidados eram mandatórios.

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E vocês conhecem o ditado “casa de ferreiro, espeto de pau”? Isso aconteceu conosco. Eu que controlei a hiperêmese gravídica de tantas pacientes não estava conseguindo controlar a da minha esposa. A hiperêmese é um aumento das náuseas e vômitos no primeiro trimestre da gestação e está relacionada aos hormônios da gestação. Aparece nas primeiras semanas e desaparece por volta de 14 semanas de gestação (quando acaba o primeiro trimestre). Tentamos de tudo: suco de limão, gengibre, abacaxi e medicamentos. Mas ela continuou com mal-estar diário apesar dos meus esforços. Então, a mim cabia deixar o lado obstetra de lado e ser apenas o marido, dando colo e conforto.

Na próxima, conto como foi a emoção de saber o sexo do bebê e de fazer os primeiros exames de ultrassom.

Dr. Rodrigo da Rosa Filho

É graduado em medicina pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp/EPM), membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) e da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo (SOGESP), co-autor/colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da SBRH e autor do livro ”Ginecologia e Obstetrícia – Casos clínicos” (2013). É diretor clínico e sócio-fundador da clínica de reprodução humana Mater Prime, de São Paulo. ​

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