Com a descoberta e a liberação dos hormônios da gravidez, é muito comum a futura mãe sentir insegurança, ansiedade e alterações de humor. O segundo trimestre é a fase da gestação na qual a euforia inicial diminui e, muitas vezes, há um quadro depressivo associado às incertezas em relação ao futuro com o novo ser que chegará e o medo de as coisas boas da antiga vida – antes da maternidade ou da paternidade – não voltarem mais.
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E não é apenas a mãe que sofre com essa confusão de sentimentos. O pai que parece ficar “jogado de escanteio” nessa fase da gestação e também pode apresentar aumento da ansiedade. Para o pai, enquanto no primeiro trimestre “ainda não caiu a ficha”, já no segundo começa a sentir a responsabilidade que vem pela frente. É a época de fazer o enxoval e arrumar o quarto do futuro bebê. O que parecia distante vai se materializando.
Além das mudanças no corpo mês a mês, a minha esposa Renata tem a sensação real do bebê cada vez mais presente. Para mim, por incrível que pareça, tudo é novo. Sentir minha pequena Giovanna mexendo todos os dias é incrível. Enquanto antes parecia que ela era exclusiva da mãe, agora eu a sinto mais perto de mim e tenho certeza de que muitos desses chutes é uma forma dela dizer “Papai, estou aqui te ouvindo”.
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Tocar mais vezes na barriga da mãe e tratar o bebê como um ser distinto também ajuda na formação da autoestima e personalidade da criança. Para nós, é como se já pudéssemos ver a pequena Giovanna brincando com a gente, sorrindo, feliz. Fantasiamos como ela será – se parecida comigo ou com a Renata, se será morena, branquinha, cabeluda, careca, tranquila ou chorona… Esta maravilha de gerar uma nova vida aproxima os parceiros e intensifica o vínculo entre os pais e a criança.
O segundo trimestre parece não ter a mesma magia dos demais por ter passado a novidade e ainda estar distante do parto, mas devemos aproveitar essa fase para aumentar ainda mais os laços entre o casal. A mãe deve estar sempre confiante de que tem um parceiro para todas as horas e esse é o melhor momento para ela perceber essa cumplicidade.
É graduado em medicina pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp/EPM), membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) e da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo (SOGESP), coautor/colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da SBRH e autor do livro ”Ginecologia e Obstetrícia – Casos clínicos” (2013). É diretor clínico e sócio-fundador da clínica de reprodução humana Mater Prime, de São Paulo.