Domingo desses, debaixo de muita chuva, estava levando o Heitor para jogar padel. Paramos num sinal fechado e ele comentou: “trânsito só serve pra atrasar a vida da gente”. Achei que era uma ótima oportunidade para espalhar a minha vontade de ter uma vida mais sustentável e respondi: “tem trânsito porque tem muita gente usando carros. Antigamente não era assim.”
– Antigamente não existiam carros? – ele perguntou.
– Existiam menos carros. E as pessoas faziam mais coisas caminhando. Se a gente fizesse mais coisas a pé, não teria tanto trânsito. – respondi. Ao que ele arrematou:
– Então por que a gente não está indo a pé?
Outro dia, eu estava ajudando ele a secar o cabelo depois do banho e ele perguntou se eu iria à festinha de aniversário dele na segunda-feira. Neste ano, ele teve duas festas: uma que reuniu os adultos (avós, dindos etc) e outra para a criançada, naqueles parquinhos de brinquedos que eles amam. Eu, tentando escapar da segunda festa – porque nesses parques eles nem percebem a presença dos adultos, vamos combinar -, respondi:
– Não vou, amor. A dinda já foi na festinha hoje e a próxima é para as crianças.
– Mas a minha mãe convidou. Eu perguntei e ela disse: “convidei a vó, a dinda…”.
O Heitor está numa fase de questionar tudo. Nem sempre (embora muitas vezes seja) para teimar, mas para entender o motivo mesmo. E eu me identifico, porque também fui uma criança muito questionadora. Até hoje, aliás, preciso entender os motivos para fazer as coisas. Claro que faço grande parte simplesmente porque é preciso ser feito, mas me custa muito mais fazer algo quando eu não tenho clareza da motivação.
E por aí, já chegamos à fase dos porquês? Me conta.
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