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Alimentação infantil

Por Coluna
Dr. Hugo Ribeiro é pediatra especializado em gastroenterologia e nutrologia e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA)
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Quais são os fatores que determinam a obesidade infantil?

No Brasil e no mundo, o número de casos de crianças acima do peso só cresce. Especialista explica os motivos que contribuem para essa verdadeira epidemia.

Por Da Redação
Atualizado em 29 ago 2017, 19h06 - Publicado em 14 ago 2017, 19h44
 (Maya23K/Thinkstock/Getty Images)
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Atualmente, umas das principais preocupações dos pais relacionadas à saúde de seus filhos é, sem dúvida, a obesidade. E eles estão certos. A obesidade infantil não só pode causar danos à saúde, como também impactar negativamente na vida psicossocial da criança, incluindo ações de bullying.

Pesquisa divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que em apenas 15 anos (de 1990 a 2014), o número de casos de obesidade infantil aumentou em 10 milhões de crianças, globalmente. Hoje, a taxa é de 6,1% de toda a população na faixa etária de menos de cinco anos. Em 1990, ela era de apenas 4,8%. Na América Latina, a taxa é superior à média mundial e chega a 8%.

Segundo a Associação Brasileira de Estudos Sobre a Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), 30% das crianças e adolescentes do Brasil são obesos – o que representa 15 milhões de pessoas.

Um dos fatores mais preocupantes é que muitas soluções equivocadas têm sido adotadas e isso pode provocar problemas ainda maiores, como os distúrbios alimentares. Entre elas, destaco a adoção de dietas restritivas para crianças, nas quais são cortados alguns tipos de alimentos e ingredientes como açúcares, sal e gorduras, sem nenhuma orientação médica. Essa atitude, aplicada na fase de desenvolvimento, pode gerar sérios problemas de saúde.

Por tudo isso, é fundamental entender a grande variedade de fatores que podem causar a obesidade infantil, como a atitude dos pais na alimentação das crianças, origem genética, alimentação da mãe durante a gestação e o estilo de vida sedentário.

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Estudos comprovam que a atitude equivocada dos pais é um fator de obesidade infantil muito comum. Ao forçar seus filhos a “limpar o prato” ou “comer tudo”, eles não percebem que estão contribuindo, a médio e a longo prazo, para o ganho de peso da criança. Ao impor a ingestão de quantidade de comida que ela não deseja, os pais estão anulando o processo de autoconhecimento dos pequenos, impedindo-os de entenderem os limites e mecanismos de fome e saciedade do seu organismo. Dessa forma, as crianças crescem com o hábito de comer mais do que necessitam, desencadeando o processo de ganho de peso acima da média saudável.

Também não se pode proibir. Um estudo desenvolvido pela Center for Childhood Obesity Research at Pennsylvania State University, nos Estados Unidos, comprovou que tudo que é proibido para a criança gera mais interesse. Se algum alimento que ela deseja for cortado de sua dieta, assim que ela tiver oportunidade de comer, longe dos pais, ela comerá, e em quantidade maior. No lugar da proibição é preciso existir uma educação alimentar.

Essa educação também é fundamental ao falarmos sobre a questão genética. Estudos comprovam que os riscos de uma criança crescer obesa podem variar de acordo com a incidência de sobrepeso na família. Quando nenhum dos pais é obeso, a criança tem 10% de chances de ser. Se o pai ou a mãe é obeso, as chances aumentam para 50%. Quando os dois têm obesidade, as chances sobem para 80%. Por isso, é fundamental que a criança coma de tudo, sem restrição, porém em quantidades equilibradas e nos horários certos.

Também a alimentação da mãe, durante a gestação, interfere na programação metabólica da criança, pois os primeiros 1000 dias de vida, contados a partir da concepção, são decisivos para a saúde. Inúmeras evidências indicam ser esse o período mais importante para modelar a expressão genética do indivíduo.

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A atenção à alimentação começa no útero, pois tudo o que mãe come, bebe ou inala vai para o bebê. Até os seis meses de vida, uma das maneiras mais eficazes de evitar esse problema é dar o peito. O leite materno é tudo o que o bebê precisa para crescer saudável e com menor risco de se tornar obeso: água, proteínas, vitaminas, minerais e gorduras. Tudo na medida exata para o desenvolvimento da criança.

Por fim, destaco um dos mais graves fatores que é o sedentarismo. Não há nenhuma dúvida de que a falta de atividades físicas regulares faz com que  muitas crianças se tornem obesas. Sejam elas por meio de esportes, bicicletas ou dança, tudo vale para que os pequenos cresçam e se desenvolvam com peso adequado e boa saúde.

Dr. Hugo Ribeiro

É pediatra especializado em gastroenterologia e nutrologia, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), fellow em Nutrologia Infantil pela Universidade de Cornnel, em New York, e coordenador e pesquisador do Centro de Pesquisa Fima Lifshitz da UFBA

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