Ovos de Páscoa: as crianças podem ou não consumir?
Esse é um dos dilemas que os pais enfrentam nessa época do ano. Saiba o que defende o nosso colunista, especialista em nutrologia infantil.
A tradição dos ovos de Páscoa remonta à Antiguidade, atravessando a Idade Média. Em culturas orientais, as pessoas costumavam presentear umas às outras com ovos – de galinha, pintados e coloridos – no início da primavera.
Na tradição cristã, o costume assumiu um significado especial, representando a nova vida e a ressurreição e, ainda, o fim do jejum recomendado pela religião.
Os ovos de chocolate surgiram apenas no século 18, na França, e desde então se tornaram um símbolo da celebração da Páscoa. Trata-se de um perfeito exemplo de como a culinária – em especial a dos doces – permeia as mais variadas expressões de uma cultura.
A legítima preocupação dos pais quanto à alimentação saudável muitas vezes é, equivocadamente, transformada em uma cruzada contra certos ingredientes, em particular o açúcar. E a partir disso muitos acreditam que o consumo de ovos de Páscoa deva ser proibido para as crianças. No entanto, isso despreza a importância do consumo esporádico de alguns alimentos, em especial por ocasião de celebrações e festividades.
A Páscoa, como outras datas comemorativas, pode ser uma excelente oportunidade para introduzir ou reforçar o conceito de eventualidade em relação a algumas comidas oferecidas para as crianças. O chocolate, por exemplo, está associado a inúmeros benefícios à saúde e não precisa ser cortado totalmente do cardápio – deve, apenas, ser consumido com moderação, dado o seu alto valor calórico.
Desta forma, os pequenos podem desfrutar destas ocasiões especiais (e culturais) sem que seus pais se sintam culpados – desde que, é claro, eles se assegurem que os filhos não cometam excessos e que as refeições principais sejam respeitadas.
Afinal, não há motivos para restrições ou proibições. Os alimentos são elementos essenciais às culturas de todos os povos e é saudável comer de tudo, aproveitando os momentos felizes e de confraternização – basta estar sempre atento ao equilíbrio!
É pediatra especializado em gastroenterologia e nutrologia, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), fellow em Nutrologia Infantil pela Universidade de Cornnel, em New York, e coordenador e pesquisador do Centro de Pesquisa Fima Lifshitz da UFBA