Continua após publicidade

Quando oferecer chocolate pela primeira vez para crianças?

É importante entender o momento ideal para os pequenos conhecerem a guloseima e quanto podem comer.

Por Luísa Massa
Atualizado em 1 abr 2021, 09h53 - Publicado em 16 abr 2019, 10h00

“Dá só um pedacinho” ou “tadinho, vai passar vontade”. Muitos pais que não dão doces para os bebês costumam escutar esse tipo de julgamento implícito em falas rotineiras. Mas afinal, qual é a quantidade e o momento ideal de oferecer chocolate às crianças? Veja as dicas de um especialista sobre o assunto.

Hugo Ribeiro, pediatra especializado em gastroenterologia e nutrologia, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia e consultor do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde – OMS, ressalta que nos primeiros dois anos de vida os doces devem ficar de fora do cardápio dos pequenos. “Não faz sentido introduzir alimentos dessa natureza nesse período. Estamos falando de crianças que ainda estão sob cuidados diretos e expostas a um grupo de coleguinhas que nem busca tanto isso”, completa o médico. Apesar dessa recomendação, os pais não precisam se desesperar se, no início da vida, o filho comer um pedacinho de chocolate e não apresentar nenhum sintoma atípico.

É a partir dos dois anos que o pequeno começa a ficar mais suscetível para receber influências externas e, geralmente, acaba tendo o interesse pelo sabor açucarado. “Essa é uma questão que varia muito de acordo com os hábitos da família. As sobremesas, por exemplo, podem ser frutas, mas eventualmente conter algo adocicado. A vontade da criança vai depender da chance de exposição”, afirma o especialista. É imprescindível que tanto os pais quanto a escola trabalhem juntos nesse sentido.

Além da qualidade do alimento, outra coisa que os cuidadores precisam ter em mente é a maneira de ofertá-lo. “Às vezes, a criança belisca muito durante o dia, o que faz com que ela tenha muito açúcar no sangue. Também tem a questão do volume: as restrições de espaço, do tamanho da barriguinha”, ressalta o pediatra. É por essa razão que muitos baixinhos se empanturram de guloseimas e acabam não aceitando outras comidinhas saudáveis, pois de fato não conseguem se alimentar em grandes quantidades.

Moderação

Diferente do que muitas pessoas acreditam, os doces podem, sim, estar presentes na dieta infantil, mas com muita parcimônia. Eles devem ser oferecidos como complemento das refeições – e jamais substituí-las! “Se você comer uma sobremesa depois que almoçou, a tendência é que não coma muito. Exceto quando você subtrai a refeição para se alimentar com o doce. Mas a gente nunca pode deixar que isso aconteça com a criança e dizer ‘se você comer tudo, vai ter a sobremesa’, porque ela aprende a gostar do prêmio e a comida vira algo ruim. Ela tem que entender que o doce é parte da refeição, tem o seu papel no hábito cultural, mas é algo complementar”, orienta Ribeiro.

Continua após a publicidade

É claro que cada pai pode fazer o que considerar melhor para o seu filho, mas o médico acredita que não há benefícios em colocar os doces como vilões, especialmente em uma época como a Páscoa. “Esse é um momento na nossa atividade cultural do ano bem focada. Os ovos de chocolate não são uma tradição que só o Brasil estabeleceu e não devem ser entendidos como problema. O que nos preocupa é que isso aconteça de forma excessiva, quando a criança come muito e pode acabar tendo diarreia e vômito”, reforça o pediatra.

A OMS recomenda que a ingestão de açúcar diária não ultrapasse 25 gramas, o que representa cerca de seis colheres de chá. E normalmente as crianças comem mais do que isso, o que representa um risco para a saúde. No entanto, a quantidade de guloseimas que o pequeno irá comer pode variar muito e envolve fatores pessoais, como a idade, o peso, os hábitos familiares e até os exercícios físicos praticados. Mais uma vez, o perigo é o excesso! “Toda oportunidade, inclusive a Páscoa, serve para educar. As crianças podem comer o ovo de chocolate, mas podem dividi-lo por vários dias ou, se ele for pequeno, comê-lo inteiro. A quantidade razoável cada um vai estabelecer. O que vale é o bom senso”, ressalta o professor da UFBA. Por isso, converse sempre com o pediatra do seu filho e mantenha sempre uma alimentação equilibrada em casa.

Leia também:

Publicidade