10 dicas para lidar com crianças seletivas para comer
Especialista elenca alguns passos que podem ajudar os pais na hora da educação alimentar dos pequenos.
Se seu filho se recusa a comer outra comida além de um determinado alimento, como a batata frita, ou se seu bebê prefere “brincar” do que comer qualquer coisa – enfim, se a alimentação das crianças é um obstáculo em casa, fique tranquilo, pois você não está sozinho! Esse é um problema universal, muito comum e potencialmente transitório entre os pequenos.
Até que as preferências se estabeleçam, estas 10 dicas podem colaborar para prevenir as “batalhas” durante as refeições e ajudar a criar hábitos alimentares saudáveis:
1. Respeite o apetite da criança – ou a falta dele
Se a criança está sem fome, NÃO force uma refeição ou um lanche. Da mesma forma, não a suborne ou pressione a comer determinadas comidas – ou a “limpar o prato” – quando ela disser “estou cheia” ou “estou satisfeita”. Isso poderá apenas desencadear (ou reforçar) uma luta pelo poder sobre o prato.
Respeite igualmente o “estou com fome” e evite o exagero da precisão dos horários: às vezes, dependendo da alimentação anterior, seu filho deseja comer um pouco antes da hora. Futuramente, ele poderá associar a hora das refeições com ansiedade e frustração ou se tornar menos sensível aos seus parâmetros de fome e saciedade. Procure servir pequenas porções para evitar inibi-lo na hora da alimentação e dar a oportunidade de, por livre e espontânea vontade, pedir mais.
Lembre-se de que as crianças podem alternar dias de muito apetite com dias de pouco volume – isso é normal e depende de vários fatores. O importante é assegurar que estejam crescendo normalmente. Não espere um padrão homogêneo!
2. Mantenha a rotina
Sirva as refeições e lanches por volta dos mesmos horários todos os dias. Você poderá dar leite ou suco de fruta natural nos lanches, mas ofereça água entre eles. Permitir que o seu pequeno se “encha” de sucos, leite ou lanches ao longo do dia poderá reduzir seu apetite para a comida, além de trazer importantes repercussões nutricionais. Os sucos estão permitidos para bebês acima dos seis meses, desde que em pequenos volumes (100 a 120 ml) e nos horários dos lanches. Vale lembrar que, embora eles não sejam proibidos a partir dessa faixa etária, o ideal, na verdade, seria esperar até o primeiro aniversário da criança, conforme as recomendações mais recentes da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Academia Americana de Pediatria (AAP).
3. Seja paciente com novos alimentos
Crianças pequenas habitualmente tocam ou cheiram novas comidas e podem até colocar pequenos pedaços na boca e retirar novamente. É normal que ela necessite de repetidas exposições ao novo até que decida morder um pedaço – a rejeição é esperada. Por isso, incentive seu filho conversando sobre cor, forma, aroma e textura – e não se o alimento tem ou não um bom sabor. Sirva a novidade junto daquelas opções já conhecidas por ele. Mantenha a oferta das escolhas saudáveis até que se tornem familiares e preferidas também.
4. Não seja um cozinheiro quebra-galho
Preparar uma refeição alternativa para seu filho quando ele rejeita a original poderá promover e reforçar o padrão seletivo. Encoraje-o a permanecer na mesa mesmo que ele não coma – um novo alimento será oferecido na próxima vez.
5. Torne a refeição agradável
Sirva brócolis e outros vegetais com um molho favorito. Corte os alimentos em vários formatos (estrelas, bolas, bichos etc), com variedade de cores vivas e ofereça aqueles do café da manhã no jantar.
6. Peça ajuda ao seu filho
No supermercado, nas feiras ou na padaria, peça que ele o ajude a selecionar frutas, vegetais e outras iguarias saudáveis. NÃO compre nada que você não queira que seu filho coma. Em casa, encoraje-o a lavar os vegetais, mexer molhos ou preparar a mesa.
7. Dê o bom exemplo
Se você come alimentos saudáveis variados, a probabilidade de seu filho seguir seu exemplo é maior. Contudo, se você for tiver restrições a alguns alimentos, aproveite a oportunidade e a boa causa para mudar seus hábitos – você estará fazendo um grande investimento para a consolidação de hábitos saudáveis, além de ajudar a prevenir doenças da vida adulta.
8. Seja criativo
Adicione brócolis picado, pimentão verde ou outro vegetal ao molho do espaguete; coloque fatias de frutas em cima dos cereais; misture abobrinha e cenoura raladas nos ensopados e sopas.
9. Minimize distrações
Desligue a TV, celulares e outros jogos eletrônicos durante as refeições. Isso ajudará a criança a focar na comida. Tenha em mente que as propagandas na TV podem também estimular desejo por outros alimentos menos nutritivos.
10. NÃO ofereça sobremesas como recompensas ou prêmios
Barganhar a sobremesa pode transmitir a mensagem equivocada de que as sobremesas são os melhores alimentos, o que aumentará o desejo das crianças por doces. Ao invés de proibir, você poderá selecionar uma ou duas noites na semana como “noites da sobremesa” ou definir, posteriormente, quando mais velhas, pequenas porções de sobremesas ao final das refeições, passando os conceitos de complementaridade e moderação. Ou poderá redefinir a sobremesa nos demais dias da semana com frutas, iogurte ou outras escolhas menos convencionais.
É pediatra especializado em gastroenterologia e nutrologia, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), fellow em Nutrologia Infantil pela Universidade de Cornnel, em New York, e coordenador e pesquisador do Centro de Pesquisa Fima Lifshitz da UFBA