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Unicef indica que, quanto mais rico o país, menor a taxa de amamentação

Levantamento feito pela organização mostra discrepâncias entre países e indica que ainda há muito trabalho a ser feito na promoção do aleitamento materno.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 23 Maio 2018, 09h49 - Publicado em 22 Maio 2018, 19h55
Mãe africana amamentando bebê
Mãe em Mali, país africano que amamenta 95% de suas crianças.  (Seyba Keïta/UNICEF)
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Um em cada cinco bebês de nações ricas não é amamentado, enquanto esse índice é de um para cada 25 nascidos em países subdesenvolvidos. O dado vem do mais novo relatório do UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) sobre o tema, que analisou 123 países e traz também boas notícias, como a de que, no geral, 95% dos pequenos toma leite materno durante algum período da vida.

Mesmo assim, a entidade estima que mais de 7 milhões de bebês não sejam amamentados por ano no mundo. E isso parece ser mais comum nas regiões consideradas mais desenvolvidas. Para se ter ideia, nos Estados Unidos, apenas 74% dos bebês recebe o leite da mãe e na Irlanda esse índice é ainda menor, 55%.

Já no Peru, Butão e Madagascar, a porcentagem de amamentados pelo menos uma vez na vida chega aos 99%. O relatório deste ano não avaliou o Brasil, mas há pistas de que a disparidade seja semelhante aqui. Por exemplo, na América Latina, as famílias mais pobres têm uma taxa de aleitamento duas vezes maior do que as famílias mais abastadas.

Os fatores para a diferença variam muito. Alguns países bem colocados, como Índia, Vietnã, Nova Zelândia e Sri Lanka têm políticas públicas bem estabelecidas de incentivo à amamentação, além de seus partos ocorrerem em instalações humanizadas, que estimulam o contato entre mãe e bebê e o parto natural. Por outro lado, nos Estados Unidos não há garantia legal de licença-maternidade paga.

“Essa lacuna entre os níveis socioeconômicos é um forte indicador de que os países, mesmo ricos, não estão informando e empoderando todas as mulheres para que elas amamentem seus filhos”, declarou Shahida Azfar, Diretora Executiva Adjunta do UNICEF. O relatório reforça ainda que os contextos cultural e social, incluindo suporte da família, parceiros e comunidade, têm um papel decisivo no índice de aleitamento.

Como reverter esse quadro

O documento elaborado pela entidade, que está disponível na íntegra em inglês, é complementado pela campanha Every Child ALIVE (em tradução livre, algo como Toda Criança VIVA), que pede ações imediatas dos setores público e privado para reduzir a mortalidade infantil.

Veja as estratégias sugeridas pela UNICEF para melhorar o acesso dos pequenos ao seio da mãe, algo tão importante para a saúde e o desenvolvimento deles. São elas:

– Aumentar o investimento e a conscientização sobre a importância da amamentação entre o nascimento e o segundo ano de vida.

– Colocar em prática medidas legais contundentes para regular o marketing de fórmulas infantis e outros substitutos do leite materno.

– Decretar licença-maternidade paga e políticas trabalhistas como os intervalos remunerados para amamentação.

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– Implementar os dez passos para incentivar o aleitamento em maternidades e oferecer leite materno aos recém-nascidos doentes.

– Garantir que as mães recebam conselhos profissionais sobre o assunto em instituições de saúde na primeira semana depois do parto.

– Fortalecer o elo entre hospitais e a comunidade, para que as mães continuem recebendo apoio neste sentido.

– Melhorar o sistema de monitoramento destas melhorias para que sejam de fato aplicadas na prática.

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