Foto mostra mãe amamentando filho mais velho durante o trabalho de parto
Obstetra esclarece as dúvidas sobre manter o aleitamento durante a gestação e no momento do nascimento do bebê. Entenda!
Tem coisa mais emocionante do que conhecer o seu bebê depois de nove meses de espera? O nascimento realmente é um marco na vida dos pais e, em alguns casos, eles escolhem dividir esse momento com o primogênito. A fotógrafa Maegan Dougherty, dos Estados Unidos, teve a oportunidade de fazer um registro especial: ela foi responsável por clicar uma mãe amamentando a filha mais velha, de 2 anos, enquanto estava em trabalho de parto.
Apesar de ter sido tirada em dezembro de 2016, a imagem voltou a fazer sucesso na internet recentemente. Na época, Maegan compartilhou o ensaio nas redes sociais e contou que a pequena estava muito feliz por poder encontrar a sua mãe. Ela revelou, ainda, que o ato de amamentar tornou as contrações mais longas e intensas. Muitos seguidores se emocionaram com a foto e elogiaram o trabalho da profissional, mas outros questionaram se a prática é recomendada.
Pode amamentar durante a gravidez?
Essa dúvida surge durante a gestação e muitas mães se perguntam se é seguro continuar o aleitamento materno. Mas antes de nos aprofundarmos nisso, precisamos entender algumas coisas. “Amamentar eleva a prolactina, hormônio que ajuda a estimular a produção de leite e que, muitas vezes, pode dificultar a ovulação, fazendo com que a mulher não menstrue regularmente. Então, ela pode ter dificuldades para engravidar – principalmente quando falamos de amamentação exclusiva nos primeiros seis meses”, explica Wagner Rodrigues Hernandez, mestre em obstetrícia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Quando falamos de gerar outra criança e amamentar, também precisamos destacar outro fator: a alimentação. “Amamentar é um processo que envolve uma demanda nutricional muito grande e a mãe precisa comer bem. Quando ela está grávida, ela também precisa manter um bom aporte nutricional”, comenta o médico. Ao unir essas duas coisas, é fundamental dar ainda maior atenção à dieta, porque será necessário transmitir os nutrientes para o bebê que está dentro da barriga e para produzir leite para o filho mais velho.
É o que também aponta um consenso norte-americano de especialistas sobre o tema publicado no UpToDate, site que reúne informações e estudos de médicos do mundo todo. No texto, os autores afirmam que a gravidez não é uma contraindicação para o aleitamento materno, mas destacam que a ingestão de líquidos e calorias precisa ser substancialmente aumentada para proporcionar ganho de peso gestacional adequado e nutrição para a criança amamentada. “Durante a gravidez, o suprimento de leite é reduzido ligeiramente e a composição do leite materno muda (há um aumento de sódio e proteína, além de uma diminuição de potássio, glicose e lactose)”, informa a publicação.
Ainda de acordo com o artigo atualizado em agosto de 2017, as mamadas também estimulam as contrações uterinas. Segundo o obstetra, isso pode ocorrer especialmente conforme a gestação avança, quando o útero fica maior, possibilitando a chance de ocorrer um parto prematuro. “O ideal é que a mulher não engravide amamentando – pelo menos quando falamos do aleitamento exclusivo. Agora, amamentando duas ou três vezes por dia, vemos que isso não deve influenciar”, ressalta Hernandez.
“Dada a falta de dados sobre os efeitos do aleitamento materno durante uma gravidez com complicações, as gestantes com alto risco de parto prematuro ou com insuficiência uteroplacentária – a exemplo da pré-eclâmpsia e da restrição do crescimento fetal – devem suspender a amamentação por volta de 24 semanas de gestação”, recomenda a publicação do UpToDate, com autoria do professor Richard Schanler, da Hofstra Northwell Escola de Medicina, nos Estados Unidos.
Amamentar durante o trabalho de parto
Mas e quando falamos de oferecer leite materno para o primogênito enquanto a mãe passa pelo processo de dar à luz? Será que a prática pode ajudar ou atrapalhar? “A sucção do mamilo faz com que a mulher tenha contrações. Então, nesse aspecto, seria até positivo que ela conseguisse ter mais contrações durante o trabalho de parto, mas não é algo que vemos diariamente. Também acreditamos que a questão dos nutrientes (mencionada acima) não tenha um impacto tão grande nesse momento”, ressalta o obstetra.
O especialista acrescenta mais uma curiosidade: antigamente, quando os médicos precisavam que a paciente tivesse contrações ao fazer o exame de cardiotocografia – para medir a frequência cardíaca do bebê -, uma das medidas adotadas era justamente estimular o mamilo da gestante. Apesar disso, é importante deixar claro que todas essas questões devem ser discutidas com o obstetra que acompanha a gravidez para que ele dê as orientações corretas nesse momento tão importante na vida da mulher e da família.
Veja a sequência de fotos compartilhadas por Maegan Dougherty: