Bloco de Carnaval levantou debate sobre amamentação em público
Ação "Peito Aberto" levou mães amamentando para as ruas de São Paulo.
“Ao menos poderia se cobrir”. Se você já precisou amamentar o seu filho fora de casa, é bem provável que já tenha ouvido essa frase – no Brasil, pesquisa apontou que 47,5% das mulheres dizem já terem sofrido preconceito por alimentarem seus bebês em público. Por mais natural que seja esse ato, ainda existe muito tabu envolvendo o aleitamento materno.
O mais paradoxal – e irônico – é que a mesma sociedade que observa uma mãe dando de mamar com olhares de reprovação também exalta o corpo feminino exposto durante o Carnaval. E foi exatamente essa contradição que o bloco Não Serve Mestre, da capital paulista, levou para as ruas no percurso que fez no bairro de Pinheiros, na última segunda-feira, 12.
Desfilando pela quarta vez em São Paulo, para 2018 o bloco criou a ação #PeitoAberto e convidou as mulheres a amamentarem seus bebês no meio da folia. Durante esse momento, duas passistas com trajes típicos carnavalescos levaram uma faixa com a seguinte frase: “Seio para fora é para ser normal o ano todo. Pela amamentação livre em qualquer lugar”.
Idealizada pela co-presidente do bloco, Patricia Monteiro, a iniciativa quis conscientizar a população sobre a importância da amamentação sem censura, para que as mães deixem de ser julgadas por um ato tão instintivo e de puro afeto como o de alimentar um filho com o próprio seio – isso, sim, precisa ser naturalizado.
“Amamentar no Brasil ainda é um tabu, por incrível que pareça. Em pleno século 21, ainda temos que brigar por algo que deveria ser natural. No país do samba, onde topless é clichê e a nudez é banal, as mães que amamentam ainda são obrigadas a lidar com olhares de reprovação e moralismos”, declarou Gabriela Guedes, uma das mães participantes.
“Seguimos ocupando espaços e aproveitando cada oportunidade de naturalizar a amamentação, quem sabe a próxima geração seja mais leve com a maternagem”, afirmou Marina Biondo, outra mãe que marcou presença no desfile do Não Serve Mestre.
Afinal, o que há de vulgar na troca de carinho entre uma mãe e seu bebê? Por que há tanto pudor quando o assunto é o aleitamento materno? A verdade é que poder dar de mamar onde quer que seja é um direito da mulher e um estabelecimento que impedir que isso aconteça pode ser multado! Nenhuma mãe precisa se sentir culpada por atender a uma necessidade do filho – o que ela necessita, de fato, é respeito.